Problema

Pediatras da UTI neonatal do Hospital Universitário consideram pedir demissão

Profissionais, através de carta, reclamam de problemas nas escalas e falta de reposição salarial

Foto: Divulgação - DP - Equipe estaria enfrentando um desafio para garantir a continuidade e a qualidade dos cuidados

Um grupo de pediatras do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), através do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), publicou carta criticando escalas e questões salariais. O tema foi motivo de reunião na sede da delegacia do sindicato. Com apenas seis pediatras na escala, a equipe estaria enfrentando um desafio para garantir a continuidade e a qualidade dos cuidados. A escassez de profissionais habilitados em intensivismo neonatal no mercado agravaria ainda mais a situação, tornando difícil a reposição de pessoal. Além disso, a categoria reivindica reajuste salarial. O hospital, por sua vez, diz que aguarda negociação com parte da categoria, formada por contratados via CLT.

Conforme o Simers, o quadro demanda uma análise cuidadosa e uma ação imediata para evitar um possível colapso no atendimento pediátrico, especialmente nas UTIs neonatal e pediátrica da instituição. De acordo com a assessoria de comunicação do sindicato, ao diretor da Região Sul do Simers, Marcelo Sclowitz, teria sido relatado que a insatisfação dos pediatras se dá diante da falta de reajustes salariais, especialmente para aqueles que trabalham nas UTIs. Os profissionais relatam que enquanto os colegas que trabalham como pessoa jurídica (PJ) teriam tido uma reposição de 11% em seus honorários, os contratados como CLT, responsáveis pelas UTIs, não teriam sido contemplados com qualquer majoração em seus vencimentos.

"Esse desequilíbrio salarial é ainda mais frustrante para os pediatras com vínculo CLT, que recebem a menor remuneração entre aqueles médicos da instituição que prestam plantão presencial. É preciso considerar também que estes são os profissionais na área da pediatria que desempenham os cuidados de maior complexidade: o tratamento de recém nascidos e crianças nas UTIs neonatal e pediátrica", explica Sclowitz.
Ameaça de demissão
Diante da situação, alguns profissionais estariam considerando até mesmo a demissão. Já o Simers avalia que neste momento, uma redução do quadro de profissionais inviabilizaria o funcionamento das UTIs. Isso porque haveria grande dificuldade para organização da escala diante de eventuais afastamentos ou férias.

Uma eventual falta de suporte das UTIs afetaria não apenas o atendimento aos pacientes, mas também o cuidado prestado às gestantes de alto risco na maternidade da instituição, referência para mais de 20 municípios da região e a maior fora da capital gaúcha, de acordo com a avaliação da entidade.

Hospital se posiciona

O Hospital Universitário São Francisco de Paula emitiu uma nota no início da noite de ontem. Confira:

"Os serviços de pediatria do Hospital Universitário São Francisco de Paula são formados por pessoa jurídica (maior parte) e contratados CLT.

Existem negociações de valores destas equipes desde outubro de 2023, e continuam.

Os serviços de Pessoa Jurídica tiveram acordo de negociação.

Os contratos CLTs aguardam a finalização do acordo sindical entre Simers e Sindiberf (representa os hospitais), que estão prestes a finalizar. Provavelmente a convenção trará reajuste de 4% retroativo a novembro de 23, e em maio, outro reajuste de 5%."

Confira na íntegra a carta redigida pelos pediatras e disponibilizada pelo Simers:

"Há alguns anos, o Serviço de Pediatria do Hospital São Francisco de Paula enfrenta uma enorme defasagem salarial entre seus médicos. Apesar das negociações em curso, observa-se pouca ação concreta por parte dos gestores hospitalares. Apelos por melhores salários têm sido frequentes, porém, até o momento, as respostas da direção do hospital têm sido evasivas. É importante ressaltar que este serviço abrange desde os cuidados básicos em pediatria, como atendimento em salas de parto e enfermarias, até serviços especializados como UTI Semi-Intensiva, UTI Neonatal e UTI Pediátrica. Estes últimos exigem profissionais altamente especializados para o atendimento de crianças e recém-nascidos em estado grave, não apenas de Pelotas, mas de toda a região sul. Esta questão tem se arrastado por muitos anos, com diversas tentativas de diálogo entre a direção e os médicos. Isso resulta em uma escala de plantão defasada, o que leva muitos médicos a migrarem para serviços com melhor remuneração. Em comparação com outros serviços do hospital no mesmo nível, recebemos em média 50% a menos. Oferecemos sempre o nosso melhor atendimento aos pacientes, mas gostaríamos de fazê-lo sem a preocupação com quem fará o próximo plantão ou com quem cobrirá um colega doente. Estamos profundamente insatisfeitos com a maneira como a direção tem tratado nossa equipe, desvalorizando nosso trabalho a cada dia e nos forçando a considerar novas oportunidades de emprego onde sejamos devidamente remunerados conforme nosso mérito."

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