Muito mais que comemoração
Pelo direito de fazer a própria escolha
No Dia da Mulher, manifestantes cobram respeito e lembram os casos de violência
Fotos: Flávio Neves
Uma manifestação promovida em frente à prefeitura de Pelotas por vários coletivos da cidade marcou a programação em homenagem ao Dia da Mulher no município. A ação, intitulada Levante pela Vida das Mulheres, relembrou as origens da data associada à luta pelo direito das mulheres, muito mais do que as comemorações. Para isso, o grupo formado por aproximadamente 120 mulheres e homens relembrou episódios de violência, sem contar as dificuldades enfrentadas pelas representantes do gênero no dia a dia. Com gritos de “o corpo é nosso, é nossa escolha, é pela vida das mulheres”, as manifestantes também defenderem a legalização do aborto, pedindo respeito às decisões das mulheres. Além disso, um ato de incentivo à amamentação foi realizado.
O ato foi aprovado pela aposentada Marilene Rubira Santos, 64, que passava pelo local na hora do protesto. Segundo ela, há alguns anos não ocorriam expressões do tipo na cidade, o que demonstra uma evolução na forma como a mulher se percebe no mundo. O marido dela, o funcionário público Cláudio Santos, 60, aproveitou para parabenizar a iniciativa. “É isso que faz as coisas mudarem. Já é difícil protestando, imagina se ninguém fizer nada?” De acordo com uma das organizadoras da ação, a estudante e membro do coletivo Juntos, Agnes Cunha, 24, o objetivo era lembrar a data como um marco na luta pela igualdade de gênero, desconstruindo o aspecto comercial adotado nos últimos anos.
Além do protesto em frente ao prédio do Executivo, os militantes percorreram o centro de Pelotas ao som de tambores, parando em pontos considerados chave para o movimento. Um deles foi o local onde a jovem Caroline dos Santos Ramires, 21, foi assassinada pelo ex-marido em dezembro do ano passado. A esquina entre as ruas Marechal Deodoro e Floriano Peixoto foi palco de homenagem a Caroline, uma das muitas vítimas de feminicídio em 2015. “Temos o direito de andar na rua sozinhas, de usar uma roupa mais curta. Temos o direito de dizer não e não morrer por isso. Estamos cansadas de ser desrespeitadas. Chega”, afirmou Agnes.
Espaço para a amamentação
O Dia da Mulher em Pelotas também foi marcado por ação de incentivo à amamentação. A prefeitura, em parceria com o grupo Nascer Sorrindo, realizou o mamaço e, apesar da pouca adesão, ajudou a divulgar a importância do ato para o desenvolvimento dos bebês. O evento ressaltou ainda os desafios enfrentados pelas mães ao dar de mamar em público. Nos últimos meses, as denúncias relacionadas a constrangimentos vividos por mães ao terem de amamentar na rua geraram uma série de discussões sobre o tema.
Para a empregada doméstica Enilda Siefert, 34, amamentar o filho Gustavo, de dez meses, é uma forma de protegê-lo de doenças no futuro, assim como fez com o mais velho, a quem amamentou até os 18 meses. Segundo ela, “crianças têm fome quando têm fome” e não seria certo deixar de alimentá-las para não ferir os pudores das pessoas. “Quando ele quer mamar, escolho um lugar calmo e me sento, independentemente de onde seja. É um direito que meu filho tem.”
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