Emergência

Pelotas decreta emergência devido à estiagem

Prejuízo na agricultura já ultrapassa R$ 73 milhões, enquanto barragem registra 1,5 metro abaixo do vertedouro

Divulgação -

Os baixos índices de chuvas acumulados nos últimos meses e as perdas na agricultura levaram Pelotas a declarar situação de emergência na tarde desta quarta-feira (9). Um levantamento realizado pelo escritório municipal da Emater aponta que o prejuízo no setor agropecuário já ultrapassa R$ 73 milhões na cidade, sendo o milho a cultura com maior perda registrada. A barragem Santa Bárbara, responsável pelo abastecimento de 60% do município, ultrapassou 1,5 metro abaixo do nível do vertedouro.

A partir do decreto 6.533/2022, Pelotas passa a ser a 15ª cidade da Zona Sul a declarar situação de emergência, devido à escassez de chuvas. Embora as precipitações dos últimos dias, os registros abaixo da média histórica notados desde o mês de outubro de 2021, somados ao alto índice de evapotranspiração - perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração -, além das chuvas mal distribuídas no território foram pontos importantes para a decisão do Executivo. "Por exemplo, nos últimos dias foram registradas chuvas em um bairro, podemos supor o Fragata, e na região central não. Na maior parte choveu na cidade e na zona rural não caiu uma gota", explica o chefe do escritório municipal da Emater/Ascar, Francisco Arruda.

No levantamento enviado à prefeitura, dados da Estação Agroclimatológica da Embrapa, localizada no Capão do Leão, apontam que a média histórica de precipitação registrada no mês de outubro é de 100,7 milímetros (mm), entretanto foram registrados apenas 67,9mm de chuva. O número seguiu em queda, com média prevista de 99,5mm em novembro e precipitações de 47,1mm e, em dezembro, mês com menor registro de chuva, foram 39,6mm, dos 103,1mm previstos. Já no mês de janeiro foi notado aumento, com 94,2 mm dos 119,1mm. O documento ainda deixa claro que, caso não ocorram precipitações, a situação tende a se agravar, uma vez que o déficit hídrico apresentado entre os meses é de 173,6mm.

No mês de fevereiro, até ontem, 34,1mm de chuva haviam sido registrados, mesmo assim a situação da barragem Santa Bárbara segue com seu nível em queda. De acordo com o Sanep, o local está 1,64 metro abaixo do nível do vertedouro. Apesar do índice negativo, o abastecimento pela Estação de Tratamento de Água (ETA) permanece sem intercorrências.

Foco na agricultura

Principal motivação apontada pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) no lançamento do decreto, a agricultura já possui perdas significativas e a previsão quanto à impossibilidade de normalização pluviométrica nos próximos 30 dias foi destacada. "Decidimos decretar emergência por conta das perdas na agricultura que se verificam no município. Com as chuvas muito incertas, que ocorrem em regiões, mas não em todas, Defesa Civil, Secretaria de Desenvolvimento Rural e Emater comprovaram perdas significativas, que justificam esse decreto, especialmente para dar um amparo aos produtores atingidos, que passam a adquirir algumas vantagens, como a possibilidade de rever financiamentos, prazos, juros", esclarece.

A falta de chuvas consideráveis já prejudica os rebanhos de corte, leite e cria, bem como culturas agrícolas, como frutas, legumes, soja, milho de grão e silagem e tabaco. O último possui prejuízo que ultrapassa R$ 22 milhões. O cenário torna-se mais preocupante devido às condições dos arroios, rios, lagos, sangas e córregos do interior, que estão secos ou com o nível mínimo de água, impossibilitando a captação para utilização em culturas, outros abastecimentos e consumo de água potável. De acordo com Francisco Arruda, pelo menos 35 famílias de cada distrito da cidade já recebem água através de caminhão-pipa.

A partir da publicação do documento, todos os órgãos municipais estão autorizados a atuar nas ações de resposta ao desastre, reabilitação do cenário e reconstrução, sob coordenação da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil. Voluntários também poderão ser convocados para reforçar o trabalho, que inclui campanhas de arrecadação de recursos, junto à comunidade, para assistência à população atingida.

Rio Grande à espera de recursos

Com situação de emergência decretada desde o início de janeiro, Rio Grande também lida com os efeitos da estiagem. Conforme a Defesa Civil do município, 210 famílias têm sido auxiliadas, com abastecimento de água ou fornecimento de cestas básicas. Os últimos relatórios da Emater/Ascar apontam para perdas de R$ 106 milhões na produção primária, sendo a pecuária o setor mais atingido. Conforme o agrônomo do escritório municipal, Aldair Galiardo, o impacto econômico da estiagem não foi amenizado com as chuvas do final de janeiro, limitando-se a estabilização de perdas.

Atualmente, equipes da Secretaria de Pesca, Agricultura e Cooperativismo, Defesa Civil, Emater e Exército Brasileiro estão realizando a abertura de poços nas localidades da Palma e Domingos Petrolini, Quinta e Arraial, nas Ilhas, e Povo Novo e Capão Seco.

As ações de assistência às famílias da zona rural deverão ser ampliadas nos próximos dias, conforme a previsão de repasse de recursos do governo do Estado aos 400 municípios que decretaram estado de emergência. O convênio com as cidades, entre elas Rio Grande, prevê a destinação de R$ 66 milhões que serão distribuídos para viabilizar a escavação de mais de seis mil microaçudes. Está prevista também a contratação emergencial para perfuração de 750 poços, instalação de caixas d'água e implantação de 500 conjuntos de cisternas nas áreas mais atingidas.

Conforme o ordenador da Defesa Civil, Rudimar Machado, a prefeitura do Rio Grande aguarda pela conclusão do processo de análise do seu pedido de recursos. Também foi solicitada ao governo estadual a ajuda financeira para aquisição de caixas d'água, tanques-pipa para transporte de água e cestas básicas.

Prejuízos estimados aos agricultores de Pelotas 

Cultura/Criação            Perda em %           Prejuízo (R$)

Pecuária de leite                 20%                       303.192,38
Milho grão                          25%                  13.256.685,00
Milho selagem                    25%                      5.100.00,00
Tabaco                                23%                   22.176.000,00
Soja                                       5%                   10.650.000,00
Olerícolas                            20%                     9.000.000,00
Fruticultura                          20%                   12.096.000,00
Pecuária de corte                  10%                       487.500,00

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