Luto

Pelotas perde Seu Delamar

Comerciante do Porto era querido pelo público que frequentava sua mercearia em busca de histórias e submarinos

Foto: Jerônimo Gonzalez - Especial - DP - Delamar faleceu aos 75 anos

Atualizado às 18h19min

Por Lucas Kurz* 
[email protected] 

(*Colaborou Leandro Lopes)


Pelotas perdeu na manhã desta quarta-feira uma figura histórica. Delamar da Silva Trzeciak, ou simplesmente “Seu Delamar”, conquistou gerações de amigos em sua mercearia. Por lá se acha de tudo - de sabão em pó a submarinos. Sim, submarinos. Talvez o carro-chefe da venda que por décadas inspirou amizades, com regras de conduta e promessas de boas conversas. Ele foi vítima de um câncer e seu sepultamento ocorreu durante a tarde.

A famosa bebida coloca um shot de steinhäger em um copo de cerveja. Delamar tinha uma personalidade forte, marcada pelas histórias e pela sua postura de sempre declarar que não era um bar, mas sim uma mercearia, o comércio localizado na rua Gonçalves Chaves, depois de anos na Almirante Tamandaré, o que, até hoje, dava nome ao local.

Nas redes sociais, a partida causou lamentos, especialmente do público universitário, de várias gerações que frequentavam o local. Embora um de seus "bordões" fosse pedir para não haver demonstrações de afeto, foram muitas. "Seu Delamar foi o rabugento mais legal do Porto de Pelotas!", disse uma tuiteira, postando foto com ele. "Não é nenhum exagero dizer que morre com ele um tanto de boas histórias da cidade", lamenta outra postagem. A filha, Andreia, em publicação no Facebook, confirmou a partida.


Amigos relembram Delamar

Frequentador assíduo do local, Paulo Azambuja lamenta a perda do amigo. “Delamar era mais que o bar. Ele era a companhia, presente o tempo inteiro e que nos contava as histórias dele.” Ele diz que projetos fotográficos, conversas com amigos e trocas de ideias que surgiram no local, sempre na presença dele. “Era a alma atrás do balcão. Delamar vai nos deixar muita saudade (...) era um bar simples, de pessoas simples e sempre alegres. Nunca vi ninguém triste lá”, recorda.

Já Tomás Passos, relembra que o espaço, apesar de apertado e pequeno, acomodava todo mundo. Ele reforça que, apesar de ter se tornado um local onde os jovens faziam o “aquece” antes das festas, sempre houve uma clientela fixa, que sentava no balcão. “Ali tu podia interagir com ele. Era aquele misto de pessoa rabugenta, até de certa forma um pouco dura, mas ao mesmo tempo uma figura extremamente carinhosa e atenciosa. Aquele contraste. Ele era uma figura.”

Ele lembra os diálogos com Delamar com pessoas de fora e os causos. “Ele perguntava para todo mundo, queria saber de que cidade era e, pode ter certeza, podia ser a cidade que fosse, ele conhecia alguém dessa cidade e perguntava se tu não era parente dessa pessoa”, recorda. Reforçando que o espaço era também um armazém, busca da memória as imagens de Delamar subindo na escadinha para pegar os produtos na parte de cima das prateleiras. “Era um misto de rabugice com queridice.”

Primo de segundo grau, o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB) lamentou nas redes sociais a perda do familiar. Ao DP, ele destacou a relação com os filhos de Delamar, e celebrou a história dele e de sua mercearia em Pelotas, seu comportamento e as tantas gerações que passaram no local. “É um momento triste, mas também a gente aproveita para refletir e saber de tantas pessoas que admiravam e gostavam de ir lá simplesmente para ouvir alguma história do seu ‘Dela’, para tomar um submarino…”


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