Cenário

Pelotas tem mais de 13 mil pessoas vivendo em área de risco

Defesa Civil aponta 3,5 mil residências situadas em locais propensos a inundações em todos os bairros

Arte: Suélen Lulhier - DP - Áreas de alertas estão espalhados pelo mapa do município

Faltando quatro dias para começar o inverno, chuvas intensas atingiram parte do Estado e diversos municípios já registraram alagamentos. Se no litoral norte gaúcho o cenário é preocupante, em Pelotas o quadro também exige monitoramento constante. Particularidades geográficas como o território plano e a proximidade de habitações a corpos de águas colocam 13,4 mil pessoas em áreas consideradas de risco de inundações.

Conforme detalhamento da Defesa Civil, o Município é dividido em oito áreas de risco, o que abrange todos os bairros. Ao total, nestes setores há 3.550 residências em risco. A localização da cidade, cercada pela Lagoa dos Patos, Arroio Pelotas e Canal São Gonçalo propicia frequentes alagamentos, ocorrência que para muitos moradores já faz parte do cronograma anual e requer planejamento estratégico. A preocupação com grandes volumes de chuva é ainda maior para quem reside muito próximo a algum desses corpos d'água.

"Normalmente em meia hora de chuva já está tudo cheio aqui na frente", relata a comerciante Pamela Oliveira. Moradora da rua Bento Martins, no Porto, há 28 anos, basta caminhar alguns metros para avistar o São Gonçalo. Ela conta que quando as chuvas se tornam mais frequentes, quem vive na região já espera, no melhor dos cenários, que as ruas fiquem cheias d'água. No entanto, todos sabem que as chances da água invadir também as casas também são altas. "A gente já espera por isso porque sempre foi assim", afirma.

O problema é confirmado pelo pedreiro Michel da Fonseca, residente da mesma área. Ele conta que na última vez em que houve enchente mais intensa, a água atingiu mais de 60 centímetros de altura dentro de sua casa. "No pátio, ficou acima do tanque de lavar roupa", relembra. Como medida de prevenção, foi necessário realizar obras de elevação no nível do terreno, intervenção que até o momento tem funcionado. Nas últimas chuvas fortes, a água atingiu apenas o pátio, o que não diminui a preocupação. "A taipa [na rua] também foi criada para conter a água do arroio, mesmo assim entra por baixo."

Risco social e ambiental

Para o professor de Arquitetura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), André Carrasco, as comunidades dos arredores do Canal São Gonçalo estão constantemente sujeitas a inundações. "O lençol freático é muito alto, é muito plano, então estão sujeitos aos efeitos da chuva de uma forma muito direta", explica. Aliado aos fatores geográficos, também estão questões sociais e de infraestrutura que acentuam os perigos no local, como a falta de drenagem adequada e a situação de vulnerabilidade das famílias.

Carrasco aponta ainda que o risco ao qual as pessoas estão expostas ao residir perto dos canais é consequência de medidas de planejamento urbano equivocadas. "As comunidades habitam essas regiões porque a sociedade pelotense não apresentou alternativas consistentes de atendimento habitacional à população de mais baixa renda." Ele explica que o cenário de risco em Pelotas é típico de muitas cidades brasileiras, marcadas por uma urbanização desigual em que a população mais pobre se vê diante da necessidade de ocupar áreas desprovidas de infraestrutura.

Apesar disso, a Defesa Civil de Pelotas diz não haver um monitoramento em tempo real das áreas de risco, mas um plano de contingência de 2022 que prevê ações imediatas em casos de enchentes, alagamentos e inundações. O planejamento envolve todas as secretarias, sobretudo as de Serviços Urbanos, de Obras, de Assistência Social e de Saúde, além do Sanep.

Ações de prevenção

De acordo com a Prefeitura, entre as medidas de prevenção às inundações, são realizadas limpeza nos canais de drenagem, reforço no dique da barra e retirada das moradias de cima do dique da Estrada do Engenho. Além disso, na última segunda-feira (12), foi assinado contrato com a Caixa Econômica Federal para a construção de uma nova estação de bombeamento na região da Vila Farroupilha.

Conforme o governo municipal, a estrutura deverá beneficiar 1,3 mil famílias e aproximadamente 35 mil pelotenses da zona oeste da cidade, com mais segurança no manejo das águas pluviais e redução do risco de inundações.

Serviço Geológico aponta áreas de alerta

De acordo com mapa atualizado em janeiro deste ano pelo Serviço Geológico do Brasil, vinculado ao Ministério de Minas e Energia, para prevenção de desastres, as áreas de risco em Pelotas (confira no mapa) são classificadas como de alto perigo para inundações.

Já a Defesa Civil indica, nestas áreas, oito locais de risco para inundação, divididos em setores:

Setor 1 - Centro e Fragata
Setor 2 - São Gonçalo e Areal
Setor 3 - Laranjal
Setor 4 - Praia do Laranjal
Setor 5 - Colônia Z3
Setor 6 - Três Vendas / Vila Princesa
Setor 7 - Três Vendas / Sítio Floresta
Setor 8 - Areal, Sanga Funda e Getúlio Vargas

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