Esperança

Pelotas terá recrutamento para teste de vacina contra a dengue

Instituto Butantan anunciou a terceira fase de testes e incluiu o Centro de Pesquisas do Hospital

Divulgação -

O Instituto Butantan vai realizar mais uma fase da pesquisa de uma vacina contra a dengue, processo iniciado em 2016 e paralisado durante a pandemia. O anúncio é feito quando o Brasil chega à marca mais de 542 mil casos da doença, com 160 mortes confirmadas. A novidade é que, desta vez, o Centro de Pesquisas do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) foi requisitado para fazer parte do subestudo, juntamente com o Centro de Pesquisas do Hospital São Lucas da PUCRS. O recrutamento de cerca de 700 voluntários deve ocorrer em breve e os testes se iniciam em junho.

De acordo com o Butantan, a escolha do Estado para uma nova etapa da pesquisa, que irá avaliar a resposta imune de três diferentes lotes de produção da vacina da dengue, está ligada à possibilidade de baixo contato de pessoas com o vírus, embora os números no RS estejam em uma linha crescente, com mais de 16 mil casos e 15 mortes. Para o diretor médico do Instituto, Wellington Briques, o trabalho vai avaliar se os diferentes lotes das doses são equivalentes entre si e, em conjunto com os dados do estudo principal, demonstrará se o imunizante impede a pessoa de ter uma dengue sintomática.

Referência
A notícia da realização do ensaio técnico e da escolha do HE-UFPel é recente. A unidade do hospital aguarda pela documentação do Butantan, processo que irá determinar como se dará a dinâmica dos testes em Pelotas. O professor da UFPel e gerente de Ensino e Pesquisa do HE, Tiago Collares, explica que o Centro é novo, criado há dois anos, em meio à pandemia, e já realizou importantes estudos, como o da vacina da Coronavac, da Influenza, bem como estudos em oncologia e de enfrentamento da Covid-19 através de testes de diagnóstico realizados também durante a crise sanitária. Para ele, o desempenho dessas pesquisas qualificou a equipe da unidade, colocando-a em evidência no cenário científico. A aproximação do HE com os pesquisadores da universidade foi outro ponto fundamental para habilitar o Centro a este trabalho.
Collares destaca ainda que para os estudos a serem iniciados todos os trâmites relacionados a cada liberação de novos ensaios devem seguir processos e fluxos necessários para o início das pesquisas. “O Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Escola da UFPel/ Ebserh está em franca expansão e não estamos medindo esforços para contribuir com a sociedade a partir da ciência”, lembrou. No entanto, para que se tenha resultados eficazes, é preciso que cada fase do trabalho tenha seu tempo de realização e avaliação. A estimativa do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital São Lucas, da PURCS, é que a vacina possa ficar pronta em 2024.

Como vai funcionar
Segundo o Butantan, a pesquisa faz parte do ensaio clínico de fase 3, estudo principal do imunizante, em andamento há seis anos. Os voluntários, homens e mulheres, devem ser sadios ou com doença clinicamente controlada, com idade entre 18 e 59 anos completos, e devem concordar com contatos periódicos por telefone, meios eletrônicos e visitas presenciais nos centros de pesquisas, ou, se necessário, visitas domiciliares em um período de 52 semanas.

Os participantes receberão uma dose do imunizante de um dos três lotes da vacina, ou de placebo, e serão acompanhados até a visita da semana 52 do protocolo. Os pesquisadores farão a avaliação da consistência da vacina, comparando os títulos de anticorpos neutralizantes aferidos no 28º dia após a aplicação. Conforme o Instituto Butantan, o imunizante usa a técnica de vírus atenuado contra a dengue, utilizando vírus enfraquecidos que induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. A vacina será tetravalente e vai proteger a população dos quatro tipos de dengue.

Não poderão participar do subestudo mulheres gestantes e lactantes ou que desejam engravidar nos próximos três meses a partir da data de entrada da participante, pessoas com doenças crônicas sem o devido controle ou que usem medicamentos que comprometam o sistema imunológico, e pessoas que já participam de outro estudo clínico.

Infestação em 89% dos municípios
Com o aumento de casos, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) já decretou alerta máximo contra a doença. Até o momento, 443 municípios gaúchos (89,2%) foram considerados infestados pelo mosquito Aedes aegypti, o maior percentual da série histórica do monitoramento, iniciada no ano 2000.

Em Pelotas, até esta sexta-feira (6), havia quatro casos da doença confirmados. O Departamento de Vigilância Ambiental do município contabilizou, ainda, 248 focos do mosquito, o que leva as equipes da prefeitura a desenvolverem mutirões de combate junto à população. Ainda no mês passado, agentes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estiveram circulando pelo bairro Simões Lopes, realizando atividades em possíveis ambientes propícios para a proliferação das larvas.

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