Mobilização
Pelotas vira cenário a ato unificado dos servidores estaduais em greve
Manifesto se transformou em marcha pelas ruas centrais e incluiu abraço simbólico à escola Ondina Cunha
Carlos Queiroz -
Trabalhadores de diferentes pontos do Rio Grande do Sul uniram-se em Pelotas, na tarde desta terça-feira (3), em grande ato contra o pacote de medidas apresentado pelo governo do Estado. Em três horas e meia de manifesto, os servidores reforçaram um mesmo recado: É greve. É greve. É greve. É greve até a vitória. Uma vitória que se consolidaria com a derrubada dos projetos que tramitam na Assembleia Legislativa e mexem tanto no plano de carreira do funcionalismo gaúcho quanto provocam reflexos no bolso dos aposentados. Para o Executivo seria uma das possibilidades de reduzir gastos com a folha de pagamento e atacar a crise financeira.
Para suportar o calor e reforçar a mobilização que uniu diferentes categorias - inclusive de servidores federais e municipais -, a sombra de árvores e prédios, no largo Edmar Fetter, foi disputada. Bandeiras, bonés, guarda-chuvas e cartazes também viraram artifícios para espantar o sol intenso. O adolescente Everton Ruritzki, 15, foi um dos que decidiu engrossar o movimento. Saiu de Santa Rosa, viajou cerca de nove horas e 560 quilômetros e, através da decoração do guarda-chuva, espalhava uma mensagem: por trás de todas as profissões haverá sempre um professor. "Tô aqui pelo futuro. Que a gente lute agora pra não ter que passar por esse tipo de situação depois", ensinava o estudante de 1º Ano do Ensino Médio do curso Normal.
Cornetas, apitos, narizes de palhaço, sinetas e fantasias. Os trabalhadores, que têm precisado exercitar a criatividade para suportar cinco anos sem reajuste e quatro anos de salários atrasados, nesta terça, esbanjaram imaginação para dizer não ao pacote. Em discursos entusiasmados endureceram o tom, principalmente, em Pelotas; a terra do governador e ex-prefeito Eduardo Leite (PSDB). "Nós vamos parar este país. Cada dia, a cada momento, vamos estar mais fortalecidos. Nós, dos povos indígenas, apoiamos esta luta. Estamos lutando há quase 520 anos e vamos sempre continuar sendo resistência", reiterou a professora de origem Kaingang, Ângela, moradora da cidade de Água Santa, na região nordeste do Estado.
Marcha, fita amarela e sensibilização da comunidade
Às 16h, o ato se transformou em caminhada pelas ruas centrais de Pelotas. Foi mais uma oportunidade para ampliar o chamamento à comunidade. Trabalhador tem que apoiar. Esta luta é pro teu filho estudar. Fitas amarelas também passaram a ser distribuídas e devem virar símbolo de apoio à greve de professores e funcionários de escola em todo o Rio Grande do Sul.
Servidores das áreas da Saúde, Agricultura, Planejamento e Cultura integram as categorias que têm se juntado à interrupção das atividades por tempo indeterminado.
Escola Ondina Cunha ganha abraço simbólico
A caminhada partiu em direção à Escola Ondina Cunha, na rua Gonçalves Chaves. Às 16h30min, de mãos, organizados em várias fileiras, os trabalhadores fizeram a volta no quarteirão e deram abraço simbólico à instituição, com 198 alunos. "Não vamos nos entregar pra nenhum governo. Esta é uma luta pela escola pública e a Ondina Cunha não vai fechar", sustentou a presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schürer. Nos últimos meses, a informação de que a instituição correria o risco de fechamento chegou a circular pelas redes sociais e levou preocupação à equipe, a pais e a alunos.
O que diz a 5ª CRE
A titular da 5ª Coordenadora Regional de Educação (5ª CRE), Alice Szezepanski, garantiu não existir qualquer possibilidade de a escola fechar. A Ondina Cunha apenas mudará de endereço em função de problemas estruturais, que representam riscos e não permitiriam a continuidade das atividades. Além disso, o proprietário também teria solicitado o prédio. O novo local, nas proximidades, foi escolhido pela direção e aceito pelo governo - reitera. Uma reunião nesta quarta-feira (4), às 15h, deve inclusive colocar tratativas da mudança na pauta. A fase é de vistoria e análise de documentação, para confirmar o contrato de aluguel.
"Voltar a este assunto é trazer de novo algo que não existe. É bom que isso fique bem esclarecido. Isto está servindo a outros desejos, que não os de apaziguar e arrumar a melhor solução possível aos alunos", enfatiza. "Nunca se falou em fechar. E tudo está decidido há cerca de um mês. Toda esta celeuma não tem mais razão de ser".
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário