Iniciar um relacionamento pela internet está cada vez mais fácil e comum. Hoje, com o grande número de aplicativos (apps) disponíveis para conhecer pessoas, é possível "a fila andar" mais rapidamente. Os adeptos garantem a eficácia e vários casais - que vão celebrar neste domingo o Dia dos Namorados - se formam com frequência a partir do contato virtual. De fácil instalação e manejo, os apps substituem para os jovens as antigas salas de bate-papo, que ainda existem e também proporcionam interação, assim como as redes sociais de uma maneira geral.

A pesquisadora do Mídia-RS, grupo de pesquisa em mídia, discurso e análise de redes sociais, Gabriela Zago, comenta sobre a existência de uma série de aplicativos para paquera e namoro. Segundo ela, talvez os dois principais sejam o Tinder e o Happn. O primeiro é mais famoso e focado em encontros amorosos. O Happn tem um foco mais casual, de conhecer pessoas que também estejam no app e tenham passado por uma localização próxima à do usuário.

Há variações específicas, como o Grindr, site de relacionamento para encontrar contatos do mesmo sexo. Existe uma série de apps com propósitos semelhantes, mas nada impede de utilizar outras redes sociais para conhecer pessoas ou até mesmo manter relacionamentos, comenta Gabriela, ao destacar que, como as redes sociais se baseiam em diferentes redes (cada um tem um grupo de amigos diferentes), é possível conhecer pessoas que são amigas de nossos amigos.

"O próprio Facebook sugere pessoas que o usuário talvez conheça com base em detalhes do perfil, incluindo amigos em comum. O campo status de relacionamento geralmente está presente nas redes sociais e no Facebook é possível, por exemplo, fazer uma busca por homens solteiros de uma determinada faixa etária numa determinada localização", observa. Gabriela ressalta ainda que também dá para ser apresentado a outras pessoas através de amigos em comum.

Em um caminho um pouco diferente, mas ainda dentro da questão de relacionamentos, o Snapchat tem tido um uso bastante forte, principalmente entre adolescentes. Em síntese, é possível sim usar aplicativos ou redes sociais para iniciar um relacionamento, mas isso não quer dizer que não tenha riscos e cuidados a serem tomados, adverte. Entre os riscos, ressalta a superexposição (como no caso do Snapchat) e fraudes (possibilidade de criminosos utilizarem o app para conhecer potenciais vítimas de crimes). Um cuidado a tomar, recomenda, é de que os encontros para conhecer pessoas sejam marcados em locais públicos. Confirmar dados pessoais em outras fontes, sempre que possível, é outra dica.

Uma curiosidade: nossa entrevistada está entre as pessoas que iniciaram um relacionamento pela internet. "Conheci meu marido através do Plurk, uma rede social. Uma amiga em comum nos apresentou, primeiro virtualmente e depois ao vivo, num Plurkcontro de pelotenses em Porto Alegre, em 2009", conta Gabriela.
O privilégio de uma história que deu certo não é apenas dela. A advogada e jornalista Luciana Daunis Zanetti conheceu o marido, o empresário Carlos Zanetti, em um chat (bate-papo). A conversa ficou ainda mais interessante quando descobriram morar em cidades vizinhas. Ela em Pelotas, ele em Rio Grande. "Ele veio me conhecer com a intenção de 'arrumar' meu computador e daí ficamos conversando até tarde lá em casa. No meio da semana seguinte recebi um Sedex com presentes e achei que o Carlinhos era um cara diferente, que mostrava seus sentimentos. Resolvi investir na relação e começamos a namorar", conta.

A relação iniciou em 1996 e naquela época já havia risco nesse tipo de relacionamento: "Mas quando a intenção é de construir uma família, o relacionamento já se dá de forma diferente. Há respeito, carinho e companheirismo. Sempre tivemos isso e nossas famílias sempre estiveram junto com a gente. É no enfrentamento dos problemas o quanto a gente vê que a relação é construída no amor", enfatiza.

O amor ainda está em alta

Na avaliação da psicóloga Marlise Conceição Haertel, os relacionamentos pela internet são vias de mão dupla, pois proporcionam uma intimidade muito rápida e, ao mesmo tempo, comum e simples. Basta clicar na tecla e tudo está desfeito. "Hoje, além de muito comum, também tornou-se muito prático. De onde estou e como estou posso falar com muita intimidade com o pretendente", pondera.

Através do aplicativo as pessoas se escolhem por diferentes referenciais e se excluem por divergências que só por meio dos aplicativos é possível. "Assim, um relacionamento que começa por aplicativo deverá ter como regra a prudência em relação à exposição pessoal, afinal, ainda não sabemos quem realmente está do outro lado", alerta. A psicóloga considera que em época de correria, pressa e imediatismo, os aplicativos chegaram para ficar e, se usados de forma correta, podem efetivamente cumprir com o objetivo proposto. "Em um mundo onde tudo é quase clicar e digitar, o amor ainda está em alta", completa.

Os mais utilizados
Tinder
Um dos precursores no estilo, que faz muito sucesso. A partir do Facebook, utiliza algoritmos para mostrar os contatos e interesses em comum entre duas pessoas.

Happn
Apesar de levar a mesma proposta de se conhecer pessoas novas, tem seu principal mecanismo de busca baseado na geolocalização do usuário.

Kickoff
Utiliza dados do Facebook, busca contatos em comum e apresenta dez perfis por dia para que o usuário avalie. Abre uma conversa quando o interesse é mútuo.

OkCupid
Encontra pessoas que tenham o máximo possível de interesses em comum. Sugere diversas perguntas para encontrar a convergência entre os usuários.

Down
Utiliza sua base de contatos para sugerir amigos e conhecidos como potenciais encontros.

Grindr
É a versão do Tinder para homossexuais homens.

Wapa
É a versão do aplicativo para mulheres.

Wechat
É quase uma mistura de diversos aplicativos. Importa contatos do telefone. É possível utilizá-lo como o WhatsApp ou o Viber.

NowMe
Aplicativo brasileiro. Diferencia-se do Tinder em pelo menos uma questão: restringe o seu alcance a 500 metros de raio.