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Preço do gás já chega a R$ 123,00 em Pelotas

Reajustes obrigam consumidores a fazer “malabarismos” para não extrapolar o orçamento doméstico

Jô Folha -

O brasileiro não estava mais acostumado a lidar com uma inflação de dois dígitos e precisa fazer malabarismo para sobreviver com o salário até o final do mês sem extrapolar com o orçamento doméstico. Na semana passada, o reajuste da Petrobras de 16% no gás natural mexeu ainda mais com o bolso dos consumidores. Substituir o fogão por aparelhos elétricos é uma alternativa, desde que a conta de luz, que já é alta, não pese ainda mais na contabilidade. Economizar seria a palavra chave, mas no caso de prestadores de serviços e restaurantes, com o aumento dos alimentos e dos combustíveis, a saída é repassar o custo final aos clientes.

Pelo levantamento da reportagem, hoje um botijão de 13 quilos pode chegar a R$ 123,00, o que equivale a 10,14% do salário mínimo nacional. Em janeiro de 2021, esse mesmo botijão representava 7,72% do mínimo, conforme levantamento do Procon de Pelotas (veja gráfico).

Para não perder a clientela, o revendedor de gás e água no Laranjal, Paulo Abel Schiera Baptista, optou por repassar aos consumidores apenas a metade dos R$ 10,00 - média que corresponde ao reajuste - e está comercializando o gás de cozinha a R$ 115,00. “Eu tenho que pensar nos meus clientes e na fidelidade. Já em janeiro, quando teve o primeiro aumento, tive que acrescentar R$ 7,00 no custo. Não adianta querer lucrar se não vender, pois com certeza vai haver queda com esses aumentos”, admitiu.

Na outra ponta está a professora aposentada Neusa Correa. Responsável por alimentar seis adultos e uma criança, ela sabe que um botijão dura um mês. Só que com os últimos reajustes, o gás passou a representar significativamente no orçamento da família. “A jarra elétrica ajuda bastante na economia do gás, mas a conta de luz também está um absurdo”, apontou Neusa, que - ao colocar na ponta do lápis - já descobriu que utilizar a fritadeira elétrica causa menos gastos. O forno elétrico é outra alternativa para os assados. “Dentro do pacote econômico, não costumo fazer janta e o pessoal da casa aquece o que sobrou do almoço no micro-ondas, ou toma café”.

No limite

Quem também optou pelo forno eletrônico foi o proprietário do restaurante Gaivota, Françoal Pires Pereira Júnior. Trabalhando no limite dos gastos, para não ter que repassar os reajustes aos clientes, o empresário investiu na adequação da central e passou a consumir gás a granel, em substituição ao botijão de 45 quilos (que durava de oito a nove dias). “Fizemos uma média de consumo por semana e concluímos que não havia grande variação de um dia para o outro. Então apostei no reabastecimento do produto, que tem um preço um pouco menor, de 15 em 15 dias, com uma margem para que dure por 21 dias. Assim vamos fazendo nossa economia”. Com um cardápio bem caseiro, Júnior admite que, se não houver uma redução no preço dos combustíveis e dos alimentos, terá que reajustar o valor do quilo do buffet.

Prestação de serviço em risco

Um segmento que não é do setor de alimentos, mas que está sofrendo os impactos do reajuste de gás, é o da fisioterapia na água. Em setembro do ano passado, o proprietário da clínica Level, o fisioterapeuta Guilherme Iserhardt, pagava R$ 255,00 pelo botijão de 45 quilos para manter a piscina aquecida. Hoje, esse mesmo produto custa ao todo R$ 388,00. “São R$ 133,00 de aumento em alguns meses e isso quase inviabiliza o nosso serviço”, apontou.

Guilherme diz manter a hidroginástica em função do dever como profissional e pela preocupação com a saúde da maioria dos alunos, que são pessoas que precisam de atendimento. “A nossa margem de lucro caiu muito. Não temos como repassar para os nossos clientes toda vez que tem um aumento, porque a crise no país afeta a todos. Ficaria muito pesado praticar a mensalidade real em função dos custos”, considerou. Para o profissional, trabalhar atualmente com segmentos que envolvem combustível está praticamente inviabilizado. “Agora vamos para um período de frio e o consumo de gás vai aumentar muito, chegando a R$ 1 mil por mês só em gás”, completou, afirmando que terá de buscar alternativas para poder manter a atividade.

Composição

O gás liquefeito de petróleo, mais conhecido como GLP ou gás de cozinha, adquirido pelas distribuidoras, pode ser revendido para o segmento industrial (geralmente a granel, utilizando caminhões-tanque), ou para clientes dos segmentos comercial, residencial e institucional (a granel ou engarrafado em cilindros ou botijões). No preço do botijão pago pelos consumidores nos pontos de revenda também estão incluídos os custos e as margens de comercialização das distribuidoras e dos pontos de revenda. No Rio Grande do Sul, a composição do preço é a soma do percentual da Petrobras (50,05%), da distribuição e revenda (38,28%) e do imposto estadual (11,46%).

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