Quando a história deixa de estar apenas nos livros e passa a ser contada pelas paredes, portas, telhados, paralelepípedos, móveis e utensílios de um lugar ganha cada vez mais respeito e valorização de seu povo. Assim, uma cidade de quase 20 mil habitantes, no Sul do Estado, tenta manter na memória do povo o período em que o município sediou a Primeira Capital Farroupilha, através da preservação de seu patrimônio. Depois da restauração do Museu Histórico Farroupilha, a casa em que morou Giuseppe Garibaldi passa por reformas e deve ser entregue à população em plena Semana Farroupilha de Piratini.

Quem detalha o trabalho de planejamento, projeto de restauro até a capitação de recursos é a coordenadora da Ato Produções, Beatriz Araújo. "Esta é a segunda tentativa. Entre 2010 e 2011, apresentamos uma proposta que teve aprovação, mas não conseguimos levantar os recursos. Agora, com o apoio da Companhia Rio-Grandense de Saneamento (Corsan), colocamos em prática a primeira parte do projeto técnico." Com a assinatura da arquiteta Helenice Macedo e executada pela Data Consultoria, a obra - que prevê a recuperação da cobertura, fachadas e das aberturas - está orçada em R$ 317 mil. A antiga sede da Tipografia Rio-grandense foi tomada por infiltrações, descolamento dos revestimentos, mofo, ação de cupins e umidade.

O investimento total, já aprovado pelo Ministério da Cultura, por meio dos benefícios de isenção fiscal da Lei Rouanet, chega a R$ 1.202.492,03, dinheiro que Beatriz pretende conseguir para entregar a casa, tombada em outubro de 1941, totalmente restaurada. "Nossa intenção é renovar a parceria com a Corsan", adiantou. A produtora, por tempo, vem garimpando objetos pertencentes a Giuseppe e os adquirindo com recursos próprios, para no futuro compor o local.

"Piratini tem um enorme potencial turístico, mas me parece que a cidade ainda não despertou", observou Beatriz, que há tempo investe no setor com trabalhos em parceria com o Sebrae, voltados para o turismo e a educação.

Passado e presente
A edificação de 225 metros quadrados é de meados de 1.800, quando o governo Imperial elevou Piratini a vila. Trinta e seis anos depois a casa passa a fazer parte da Capital da República Rio-Grandense, abrigando o jovem e revolucionário Giuseppe Garibaldi e o jornalista e intelectual italiano Luiggi Rossettim que chegou à América pelo Uruguai. No local foi editado o jornal O Povo. A primeira edição foi em 1º de setembro de 1838.