Precariedade

Problemas estruturais prejudicam alunos da rede municipal

Pelo menos duas escolas municipais sofrem com o problema; Emef Getúlio Vargas está com atividades completamente suspensas

Foto: Carlos Queiroz - DP - Pais estão preocupados com a segurança dos filhos nas instituições

O primeiro semestre letivo do ano está prestes a se encerrar. Os problemas, no entanto, parecem distantes do fim. Em pelo menos duas escolas municipais de Pelotas, problemas estruturais oferecem riscos à segurança dos alunos e prejudicam o funcionamento das instituições. Em uma delas, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Getúlio Vargas, as aulas estão completamente suspensas por conta do problema.

A escola, que conta com 368 alunos até o quinto ano do Ensino Fundamental, já demonstrava problemas na estrutura há algum tempo. "Quebrava o assoalho, eles faziam um remendinho. Só que não tem como remendar uma escola que está caindo o forro, que o muro partiu", reflete uma das servidoras, que prefere não se identificar. A funcionária relata que chegaram a ocorrer pequenos incidentes na escola, como uma aluna que ficou com a perna presa no assoalho quebrado.

Desde o ano passado, uma sala já estava sem uso. "Interditaram uma sala e disseram que não era viável fazer todas as reformas e que nos dariam uma escola nova. Achamos que iam começar as obras nas férias, mas começou o ano e nada", relembra. A interdição total veio após a piora do estado do muro do pátio onde as crianças brincam, que agora está calçado com estacas de madeira.

Comunidade e familiares se preocupam
A suspensão das aulas na Emef Getúlio Vargas é motivo de angústia para familiares e, também, para a comunidade. Coordenador do projeto Jovem Atleta, sediado no bairro da escola, Carlos Oliveira conta que a preocupação é grande entre os pais. "Temos cerca de 30 alunos da escola no projeto. Os pais estão desesperados porque têm que trabalhar e a escola e o projeto eram locais seguros para deixar os filhos. Estamos tentando uma maneira de ocupar o tempo que as crianças vão ficar ociosas." Oliveira diz, ainda, que está organizando uma reunião com os pais dos alunos para buscar soluções junto ao poder público.

A doméstica Franciene Santos, 38, é uma das mães que divide a preocupação com o futuro do filho, que é aluno da Emef e já enfrentou dificuldades para se adaptar no passado. "Ele estava super adaptado e agora está preocupado. Essa noite estava chorando por não poder ir. Se não conseguirem um lugar, ele vai ter que ir para uma escola nova com outras pessoas e colegas."

Escola diferente, mesmos problemas
Na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Antônio Caringi, nas Três Vendas, a situação é semelhante. Conforme o Diário Popular acompanhou em março deste ano, a escola teve o início do ano letivo adiado após a interdição do local por problemas na estrutura, que chegava a apresentar rachaduras de espessura equivalente a dois dedos de um adulto nas paredes. Em seguida, as atividades foram retomadas com duas salas interditadas. Para garantir alguma segurança, as crianças do maternal passaram a dividir uma sala. Uma turma de pré-escola teve as aulas transferidas para o refeitório, enquanto as aulas do maternal, que deveriam ser em período integral, passaram a ser apenas em um turno.

À época, a Prefeitura informou que estava em busca de novo prédio para alocar os 160 alunos. Na prática, as medidas improvisadas viraram permanentes. "Tudo a mesma coisa. Iam resolver e ficou por isso mesmo. É uma coisa que a gente acaba se acostumando no dia a dia, mas não deveria ser assim", comenta a atendente Josy Tulicoski, 35, mãe de uma aluna. A profissional de controle de qualidade Natasha Freitas, 30, mãe de dois alunos da escola, também lamenta a situação. "Meu mais novo teria aula o dia todo e não tem, é só no período da tarde. [Dificulta] porque trabalho o dia todo e meus pais já são de idade, além disso também atrasa o ensino", lamenta.

Prefeitura promete soluções
Através da assessoria de comunicação, a titular da Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed), Adriane Silveira, falou sobre a situação das duas escolas. Sobre a Emef Getúlio Vargas, explicou que, entre 2018 e 2019, a Smed identificou a necessidade da troca, em algumas salas, de todo o assoalho e de sua sustentação e, também, a troca de forro, madeiramento e piso. O serviço foi executado e, no retorno escolar em 2022, a equipe verificou que as estruturas da escola, expostas a intempéries, apresentaram problemas que comprometeram novamente o forro da cobertura e do assoalho.

Segundo Adriane, assim que informada sobre a necessidade de interdição, a Smed procedeu com a medida e começou a buscar novo prédio, o mais próximo possível, para instalar a escola. A secretária explicou que os alunos irão para o novo prédio, que funcionará como sede provisória, e que o departamento de engenharia já começou a trabalhar em um projeto para construção da nova escola. No entanto, não há estimativa de tempo para início ou duração das obras. Caso o prédio provisório fique fora do bairro, a secretária afirma que o transporte será garantido aos estudantes. A estimativa é que, após as férias de julho, o novo prédio já tenha sido garantido e, assim, também possam ser recuperados os dias letivos perdidos.

Sobre a Emei Antônio Caringi, Adriane confirmou que a instituição continua com as duas salas interditadas até que se concluam as intervenções necessárias. Segundo ela, o projeto está em elaboração e tem o objetivo de reformar as salas. A previsão é que o processo de licitação seja encaminhado no segundo semestre de 2023.

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