Iniciativa
Projeto pretende diminuir o uso de sacos plásticos em Pelotas
Iniciativa Plástico Zero, do Sanep, terá como foco inicial as feiras orgânicas; investimento deve girar entre R$ 250 mil e R$ 350 mil
Paulo Rossi -
Ação prevê a distribuição de ecobags e embalagens de papel (Foto: Paulo Rossi - DP)
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente define a poluição plástica como um dos maiores desafios ambientais do nosso tempo. Dados do órgão mostram que oito milhões de toneladas são despejadas nos oceanos anualmente, e que, no mundo, a quantidade de sacolas plásticas usadas no mesmo período alcance entre 500 bilhões e um trilhão. A diminuição desse número em nível local é um dos objetivos do projeto Plástico Zero, que será implementado pelo Sanep no primeiro semestre deste ano. Em um primeiro momento, a iniciativa terá como foco as feiras orgânicas do município, com expansão programada para outras feiras, e prevê a distribuição de ecobags, sacos de papel e sacolas oxi-biodegradáveis, além de campanhas educativas que busquem conscientizar a população. A estimativa é que o investimento total do projeto seja entre R$ 250 mil a 350 mil.
“O principal objetivo é contribuir com o meio ambiente”, destaca o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia. Ele explica que o trabalho é parte da iniciativa de redução de resíduos sólidos desenvolvido pela autarquia, juntamente com outras ações já implementadas, como a ampliação da coleta seletiva, do programa de coleta de óleo de cozinha usado e da troca de contêineres de lixo orgânico. Dessa forma, o plano estratégico é aplicar o princípio dos três R’s: reduzir, reutilizar e reciclar. Inicialmente, o projeto prevê a distribuição de sacos de papel e sacolas oxi-biodegradáveis aos feirantes, e a entrega de ecobags a quem estiver comprando nos locais. “Depois, a ideia é que o projeto seja autossustentável”, afirma Garcia, lembrando que o subsídio inicial do material poderá contribuir para a alocação de recursos por parte dos comerciantes, e poderá ser utilizado para compras futuras das sacolas que apresentam menor tempo de decomposição. Para o início do projeto, ainda devem ocorrer reuniões com feirantes do município, que devem apontar a quantidade de materiais que deverão ser adquiridos. Inicialmente, o projeto estará em três feiras orgânicas, além de duas feiras livres: a da avenida Bento Gonçalves e a localizada entre as avenidas Ferreira Vianna e J.K de Oliveira. Posteriormente, as ações devem ser levadas também para outras feiras.
Conforme o Ministério do Meio Ambiente, o tempo de decomposição do plástico na natureza é de mais de 400 anos. “As sacolas desse material praticamente não são recicláveis”, salienta Garcia. Segundo ele, o investimento no projeto deve ser recuperado com diminuição de despesas decorrentes do descarte incorreto das sacolas, como desentupimento de bocas de lobo e limpeza de mananciais.
Sacolas plásticas ainda têm grande adesão
Durante a feira livre realizada na rua Princesa Isabel, entre as ruas Almirante Barroso e CoronelAlberto Rosa, as vizinhas Iara Gonçalves, 82 anos, e Maria Eumira, 70 anos, faziam ontem o uso das sacolas retornáveis para a compra de frutas, verduras e legumes. Maria costuma levar o material para realizar compras há mais de dez anos e tenta eliminar o uso de plásticos também em casa. A amiga, Iara, lembra do tempo em que a compra era realizada somente em pequenas vendas, em que eram distribuídos sacos de papel, substituídos pelo plástico. “No tempo em que tudo era anotado em caderno”, recorda. A partir da influência de filhos e netos, a idosa resgatou as sacolas retornáveis. “Levo até para supermercados”, revela.
Na barraca do feirante Júlio Reis, duas mil sacolas plásticas são utilizadas durante as cinco feiras que participa na semana. “O gasto é maior com sacolas do que o investido em combustível para o caminhão”, afirma. Segundo ele, os materiais costumam ser utilizados por clientes que preferem não colocar juntos determinadas frutas ou verduras. É o caso de Ilza Silveira, 73 anos, que apesar de ter levado uma sacola reutilizável, de pano, preferiu utilizar as plásticas para separar a uva e o pêssego que havia comprado. “Tenho que cuidar para trazer mais as retornáveis”, reconhece a idosa, que afirma levar sacolas plásticas de casa ao ir em supermercados. Para ela, a utilização do recipiente feito com o material e o descarte em locais inapropriados promovem prejuízo ao meio ambiente. Por isso, afirma considerar positivas atitudes que possam limitar ou reduzir a distribuição por parte dos feirantes ou estabelecimentos. “Às vezes tem que começar por eles”, destaca. Na barraca em que Lutiana Dias trabalha são utilizadas 300 sacolas por semana durante as quatro feiras que participa. Para tentar diminuir a utilização, afirma tentar colocar mais frutas em cada sacola, o que é reprovado por parte dos clientes. Para ela, a interrupção no fornecimento poderia ocasionar a perda de clientes. “Só se todos também proibissem”, destaca.
Mais plásticos do que peixes
A poluição causada por plásticos foi o foco de campanha realizada, em 2018, durante o Dia do Mundial do Meio Ambiente pela Organização das Nações Unidas (ONU). O órgão aponta estatísticas que projetam maior incidência de plásticos do que de peixes nos oceanos em 2050 e indica a prática de atitudes que possam contribuir com a redução, reutilização e reciclagem do material.
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