Resistência

Projeto voltado a mulheres negras visa oportunidades

O projeto, “Construindo novas Possibilidades” foi idealizado pela cientista social, Jacqueline Santos e visa a visibilidade da mulher negra

Anete Poll - A cientista social Jacqueline Santos junto as bonecas Abayomis, que foram distribuídas às mães

Um projeto idealizado pela cientista social Jacqueline Santos, e realizado pelo Bloco do Mapa, foi lançado no sábado, na Praça Coronel Pedro Osório, em Pelotas. “É um projeto de visibilidade das mulheres negras, onde a gente vai em busca de construir novas possibilidades”, define a ativista, sobre a iniciativa “Construindo novas possibilidades”.

Ela ressaltou que o projeto surgiu através da lenda das bonecas Abayomis. “Essas bonecas consistem na demonstração de que, mesmo em uma conjuntura de violência, como foi o sequestro da escravidão, as mulheres negras criaram um presente de cuidado para as gerações futuras e ainda lutavam por mudanças.”

Jacqueline conta que a lenda surgiu quando as mães eram traficadas da África. Elas rasgavam seus vestidos e faziam as bonecas, sem costura, para acalentar o choro das crianças que vinham nos navios negreiros e, com isso, tentavam acalentar o sofrimento. “É isso que queremos trazer. Naquela época aquelas mulheres negras, mesmo passando por todo sofrimento, enxergavam as novas possibilidades e queriam dizer para seus filhos e para elas mesmas que dentro daquele contexto, quando chegassem no novo mundo, as coisas seriam melhores. Elas sabiam que não seriam e mesmo assim resistiam. E hoje eu sou essa resistência. Eu consigo ver, assim como qualquer mulher, independentemente da cor, que as mulheres pretas são as que têm menos possibilidades em nossa sociedade, assim como no mundo inteiro”, disse.

Jaqueline Santos afirma que “a gente vê que sempre somos as últimas a chegar, quando todas as outras já chegaram. Mas eu acredito que é plantando essas sementinhas que a gente vai conseguindo transformar o mundo aos poucos. Então estamos hoje aqui dando o pontapé inicial desse projeto, que é um mimo do Bloco do Mapa e demais apoiadores”.

Segundo ela, a intenção é levar o projeto até os bairros e escolas, dizendo às mulheres pretas de hoje que mesmo com toda dificuldade de conseguir ascender na sociedade, ainda há esperança. “Temos essa luz dentro de nós, esse sorriso largo, tentando sempre criar novas possibilidades. E quando conseguimos, temos que puxar as outras mulheres também. Eu tenho obrigação, como cientista social, como mulher preta, sofrida, de chegar nelas e dizer que a gente sofre, mas consegue mudar a nossa história”, aponta.

Feira de artesanato

Além do lançamento do projeto, aconteceu na praça mais uma edição da Feira do Artesanato na Rua, com a participação de muitos artesãos. Daniele Lima e Sidimara Pavan levaram para a feira um projeto de sustentabilidade, trazendo um consumo mais sustentável de papel.  “Nossos produtos são reutilizáveis, com reposição de refil. Além de um material exclusivo, tu consegues usar ele várias vezes. Tu não vais comprar, usar e jogar fora e sim reusar, e tu mesmo realimenta o material”, apontou Daniele.

Hellen Costa levou para a feira um material diversificado, feito em barro, além de vasinhos, adesivos e até enfeites para drinks. Há três anos ela vive praticamente do que produz e do que vende. Pela atual conjuntura, que não permite que trabalhe em tempo integral e estude, teve que trancar a faculdade de Artes Visuais. “Eu pretendo voltar porque este é o sonho da minha Hellen de sete anos, que foi quando descobri o que eu queria cursar na faculdade”. Ela conta que consegue sobreviver do artesanato, mas para isso, procura participar de todas as feiras possíveis.

Já Marleci Amorim Dutra, que é artesã há pelo menos dez anos, trabalha junto ao marido com artesanato gauchesco. “Meu tipo de artesanato é mais voltado aos turistas, que querem levar uma lembrança do estado. Se não fosse o artesanato eu estaria perdida”, conta.

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