Pandemia
Proteção nunca é demais
Uso inadequado de máscaras e luvas pode ser pior que o não uso, alerta especialista
Jô Folha -
É hora de inserir a máscaras e as luvas na rotina de cuidados contra a Covid-19. Essa é recomendação da Organização Mundial de Saúde para a população em geral. Também vale ficar atento: nenhuma medida de proteção exclui as outras; o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) não garantem imunidade ao vírus, portanto, as medidas de higiene não podem ser descartadas. Enfermeira e membro do Comitê de Combate a doença da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Ana Amália Torres alerta: “A máscara por si só não protege. Ela é nada mais que uma barreira física”.
O Comitê da UFPel trabalha com diversas frentes de trabalho, calcadas nos estudos científicos, para combater a propagação do novo coronavírus. Quanto aos EPIs, a recomendação é que, quem utilizar, siga os cuidados necessários. “O uso inadequado pode ser pior que o não uso. As pessoas criam uma falsa sensação de segurança e acabam esquecendo das outras medidas, como a higiene das mãos”, explicou Ana Amália. De modo algum, deve-se estabelecer as máscaras e luvas como única e mais importante medida de proteção. As demais precisam ser seguidas a risca, como lavar as mãos antes e depois das refeições com sabão ou detergente e utilizar o álcool 70%. Além de respeitar as recomendações de distanciamento físico e isolamento social.
De acordo com o Ministério da Saúde, a população deve procurar produzir ou comprar máscaras caseiras, evitando assim que o tipo cirúrgico falte para os profissionais da área da saúde e para as pessoas que não podem trabalhar sem o equipamento. Quanto aos tecidos, muitos podem ser usados para a fabricação, desde tecidos de algodão, tricoline, e TNT. No site da pasta, fica a dica: vale desmanchar aquela camisa velha, calça antiga, cortina. Mas é preciso ter ao menos duas camadas de pano, ou seja, dupla face. Todavia, a enfermeira adverte para a capacidade de filtração de bactérias desses tecidos. “A capacidade é bem baixa. Não é nada mais que um lenço de tecido, já muito usado”.
A população também precisa ficar atenta aos cuidados com as luvas, materiais que são, obrigatoriamente, descartáveis. No transporte público, por exemplo, elas são úteis desde que as mãos não encostem no rosto e peças de roupa - que precisam ser lavadas com frequência. “Um trabalhador de caixa de supermercado, por exemplo, pode passar o dia com as luvas, encostar em dinheiro, produtos e, no fim, o EPI está contaminado, diferente das mãos que são lavadas com frequência”, salientou Ana Amália.
No Mato Grosso e em várias cidades de Santa Catarina, inclusive em locais onde não foi registrada nenhuma confirmação da Covid-19, o uso máscaras virou decreto. A obrigatoriedade tem punição de pagamento de multa caso desrespeitada e, em solo catarinense, corre o risco de detenção. Aqui no Rio Grande do Sul, o governo do Estado divulgou uma série de cuidados com o uso dos EPIs. E em Pelotas, conforme informou a Assessoria de Comunicação da prefeitura, o poder público estimula que a população utilize máscaras. Ademais, não está em análise qualquer decreto que torne obrigatório o uso do equipamento de proteção.
Compre de quem faz
Com a falta dos EPIs nas farmácias, a saída é buscar combater o vírus através dos recursos que se tem em casa. Em um condomínio nas Três Vendas, a frequente pergunta no grupo no WhatsApp que reúne os moradores de onde comprar o produto, levou Vera Maria Afonso e a filha, Érica Maciel, a fabricarem as máscaras em casa. Além de ocupar o tempo livre durante o isolamento social, as duas estão ajudando aqueles que precisam sair de casa para atividades consideradas essenciais.
Com tecidos de TNT, com camadas duplas, as máscaras nas mais diversas cores são vendidas a R$ 2,00 entre os vizinhos e até então mais de cem unidades já foram confeccionadas. “O que eu puder e conseguir fazer a mais quero doar. Desse jeito, é muito mais fácil ficar em casa, sentamos eu e a Érica, com um chimarrão, e produzimos”, conta. Os modelos feitos, além das encomendas, são doados para quem precisa, como os trabalhadores do Condomínio.
Siga a risca os cuidados para o uso de máscaras
As máscaras são de uso individual e não podem ser divididas, tampouco com amigos e familiares. Por isso, recomenda-se que cada pessoa tenha duas ou mais.
Não deve-se usar a mesma máscara por mais e duas horas. Depois desse tempo, ela precisa ser retirada e lavada. Quando secar, é preciso utilizar o ferro de passar para finalizar.
As máscaras devem ser higienizadas com água e sabão ou água sanitária. Elas não podem ser utilizadas enquanto ainda úmidas.
Quando for colocar, a pessoa deve tomar o cuidado de não encostar em nenhuma das faces da máscara, seja a interna ou externa, e manusear somente pelas tiras ou elástico. Ainda, deve-se observar se a máscara está bem vedada e cobrindo nariz e boca.
Quem confeccionar o equipamento de proteção em casa deve-se atentar para a necessidade da máscara em ter pelo menos duas camadas de tecido. Também é importante ter elásticos ou tiras para amarrar acima das orelhas e abaixo da nuca.
Use a máscara sempre que precisar sair de casa. Saia sempre com pelo menos uma reserva e leve uma sacola para guardar a máscara suja, quando precisar trocar.
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