Transporte coletivo
Reajuste no preço da passagem segue em discussão
Ainda realizando o levantamento de informações, prefeituras de Pelotas e Rio Grande ainda não possuem valor final definido
Jô Folha -
A situação do reajuste tarifário no transporte coletivo de Pelotas e Rio Grande segue em discussão. Ainda sem uma decisão final, os responsáveis pelos serviços fazem levantamento sobre quanto deverá ser cobrado. O aumento no valor do óleo diesel e na folha de pagamento estão entre os principais vilões apontados para justificar a cobrança mais alta.
Segundo o secretário-executivo do Consórcio de Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães, desde 2020 as empresas vêm operando em prejuízo. Porém, ano passado, a situação se agravou. "O maior vilão é o diesel que teve um aumento de quase 70% no decorrer de 2021", comenta. Ele indica também a gratuidade e a folha dos funcionários como fatores que influenciam. Em Pelotas, 52% do valor da tarifa é destinado para o pagamento dos trabalhadores, 25% para arcar com o custo do óleo diesel e 23% para outros componentes.
O preço de alguns itens necessários para a manutenção dos veículos também interfere. De acordo com Guimarães, antes, um pneu para ônibus custava entre R$ 1,4 mil e R$ 1,5 mil e, atualmente, está R$ 2,2 mil. Já nos benefícios, 30% dos usuários do transporte coletivo atualmente não pagam a tarifa, seja por ter mais de 65 anos ou outras condições que se encaixam na gratuidade.
Soluções para o aumento
Atualmente, a tarifa do ônibus em Pelotas custa R$ 4,75, mas os usuários pagam R$ 4,50, já que em novembro do ano passado, a prefeitura anunciou um subsídio de R$ 0,25 por passagem, que acabou evitando o aumento. No entanto, como já estava programado, o acordo terminou na última segunda-feira. Com o início das conversas sobre o novo valor tarifário, o levantamento apresentado pelo CTCP, apontou que o valor passaria para R$ 5,50.
"Não tem como elevar a passagem a esse valor neste momento. Estamos achando meios", conta o secretário de Transporte e Trânsito, Flávio Al Alam. Segundo ele, entre as medidas que podem ser adotadas está a extinção dos cobradores, que hoje representam R$ 1,00 do valor da tarifa. Um projeto será encaminhado para a Câmara de Vereadores propondo uma diminuição gradual nos próximos cinco anos. "Vamos garantir que o Consórcio assegure o emprego deles. Mas não haverá mais admissões para que, conforme conseguirmos recursos, eles passem da categoria "B" [da Carteira Nacional de Habilitação] para a "D", o que vai fazer com que abra o mercado de trabalho para motorista", explica.
Segundo Guimarães, a aprovação do Projeto de Lei 4.392/2021 na Câmara dos Deputados manteria o valor atual da tarifa. O PL trata sobre um subsídio do governo federal ao transporte de pessoas acima de 65 anos. Caso entre em vigor, o município receberá em torno de R$ 1 milhão para custear esse benefício. "Esse cenário todo está refletido em um posto tarifário que infelizmente alguém precisa suportar. Não tem mais mágica para fazer", comenta.
Ainda em discussões
Em Rio Grande, o cenário não é diferente. Atualmente, o valor da passagem é de R$ 4,35 e, segundo apontam os levantamentos realizados pela Secretaria de Mobilidade, Acessibilidade e Segurança, com o reajuste passaria para R$ 4,75. Segundo o titular da pasta, Anderson Rodrigues, a situação está indefinida. "Não há uma decisão fechada quanto ao valor de aumento, nós ainda estamos discutindo todos os cenários", comenta.
Na cidade, este mês terá início a redução gradual dos cobradores. A ação ocorrerá nos próximos quatro anos e pode representar uma diminuição nos custos. Rodrigues explica que caso não houvesse os trabalhadores atualmente, a diminuição nos valores ficaria entre R$ 0,75 e R$ 0,80. O secretário também aponta a elevação no preço do diesel como um dos fatores que têm interferido no custo das empresas.
Usuários estão insatisfeitos
Os pelotenses não estão recebendo muito bem a notícia do reajuste na tarifa. A professora Samanta Lopes, 33, diz que o valor cobrado atualmente é "alto", mas que diante do possível aumento "até que está bom". Usuária do transporte coletivo, ela reclama da falta de horários que são disponibilizados à população.
A auxiliar de escritório Selma Mello, 51, diz que a tarifa atual já pesa no bolso, principalmente porque seu trajeto é curto. Ela utiliza a linha Bom Jesus e faz a comparação com percursos mais longos como Fragata. Para Selma, o serviço ofertado é precário. "Agora começaram as aulas e os ônibus estão indo lotados, todos os dias. Ao ser questionada sobre o reajuste na passagem, ela classifica como "horrível". "Sobe tudo e o salário da gente na mesma", finaliza.
Mais horários
Na segunda-feira, a prefeitura de Pelotas anunciou 92 novos horários no transporte coletivo urbano. Nesta quarta-feira, os novos horários passarão a integrar as linhas Padre Réus, Navegantes e Bom Jesus. Na quinta, a linha Interbairros terá acréscimo.
A tabela de horário pode ser conferida no site www.pratipelotas.com.br. Dúvidas podem ser tiradas pelos telefones: 0800 6092999 ou 3026-5555.
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