Interferência do clima
Resultado abaixo do esperado
Apesar da boa expectativa inicial, safra do pêssego é encerrada com perdas causadas pelo clima
Jô Folha -
Finalizada entre o fim de dezembro e o começo de janeiro, a safra 2021/2022 do pêssego acabou não sendo tão boa como o esperado. Com perdas somadas que chegam a 20%, o clima é o principal responsável pelo resultado. Além disso, o aumento no custo de produção e o baixo valor pago pelo quilo da fruta, tem deixado os produtores insatisfeitos.
A expectativa inicial era colher 36 mil toneladas de pêssego, porém, a safra foi finalizada com 30 mil toneladas em Pelotas. De acordo com os dados da Emater/RS Ascar, as perdas foram de 15% para os produtores e 5% para a indústria. O engenheiro agrônomo e extensionista da Emater Pelotas, Rodrigo Prestes explica que a chuva em novembro e as altas temperaturas contribuíram para o surgimento de doenças que influenciaram no desenvolvimento de cultivares tardias como a Maciel e Santa Áurea.
Para Prestes, "não foi uma safra boa", pois além dos prejuízos causados pelo clima, o aumento no preço dos insumos também interferiu no resultado final. "Todas as culturas estão com uma margem de lucro muito reduzida e quanto tem uma perda bastante significativa de 15%, isso afeta ainda mais", comenta.
Atualmente, o município possui três mil hectares destinados à cultura e destaca-se como a maior produtora de pêssego do país. Com o manejo da fruta feita por pequenos produtores, Pelotas conta com mais de 600 famílias que se dedicam e tiram seu sustento do alimento.
Produtores lamentam
Na propriedade de Valério Aldrighi, 42, mais de 50% da produção foi perdida. Com quatro hectares e meio destinado à cultura, ele conta que a geada que atingiu sua produção no fim de julho, início de agosto, interferiu no desenvolvimento da fruta. Como se não bastasse, uma chuva que caiu no começo de dezembro contribuiu para a podridão da fruta, que ocorre devido a um fungo que se espalha pela lavoura.
Outros problemas apontados por ele, são o baixo preço pago pelo pêssego e a demora para descarregá-lo na indústria. Ele conta que em um dos locais já chegou ficar mais de 24 horas esperando na fila. "Como vamos absorver tudo isso? Há nove anos atrás vendemos o pêssego a R$ 1,50 e dali foi caindo e agora está R$ 1,65. Nossa situação não é das boas", lamenta o produtor.
Para o pêssego tipo 1, com melhor qualidade, os produtores receberam R$ 1,65 e para o tipo 2, R$ 1,45. Em relação à safra passada, o reajuste foi de 10%.
O presidente da Associação dos Produtores de Pêssegos da Região de Pelotas, Mauro Scheunemann, classificou como "uma safra razoavelmente boa". Ele diz que o resultado alcançado acabou sendo diferente do esperado por causa das perdas e o baixo valor pago pelo quilo da fruta. Além disso, variedades precoces da fruta acabaram não alcançando o desenvolvimento desejado e ficaram menores, impactando na renda dos produtores.
Apesar do cenário atual não ser muito favorável, Scheunemann diz que o início da exportação de pêssego para outros países do Mercosul como o Uruguai pode trazer melhorias. "O produtor espera que o setor tenha um futuro promissor", comenta.
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