Reinserção

Retrate promove oficinas de geração de renda com foco em saúde mental

Usuários que estão em processo de alta dos Caps podem participar das atividades

Foto: Jô Folha - DP - Cursos ajudam a incrementar a renda

Por Victoria Meggiato
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Auxiliar no recomeço. Esse é o principal objetivo do Serviço de Reabilitação, Trabalho e Arte, a Retrate, vinculada à Rede de Atenção Psicossocial (Raps) e criada principalmente para ajudar usuários que estão em processo de alta dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), agregando mais autoestima, cuidado e valor a quem precisa. Fernanda Pinto, Liliane Silveira e Gracia Ennes, as três técnicas em Arte que comandam o projeto, promovem oficinas de geração, trabalho e renda pensando em ajudar os usuários no momento de reingresso na sociedade.

Fundada em setembro de 2004, a Retrate nasceu de uma proposta de inclusão social pelo trabalho, fruto de uma parceria instituída entre a Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego e a Coordenação Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Assim, passaram a ser ministradas atividades para auxiliar pessoas que estão no processo de alta dos Caps a serem inseridas no mercado de trabalho novamente. De lá para cá, o projeto se fortaleceu e aumentou seus objetivos. Atualmente, promove oficinas de produção e cursos em parceria intersetorial, profissionalizando cada vez mais indivíduos. A coordenadora da Raps, Márcia Rosa, ressalta a importância desse serviço. "É fundamental, pois oferece, entre outras coisas, a oportunidade dos usuários terem uma renda através da venda dos produtos que aprenderam a produzir."

Artesanato (arte em feltro, fuxicos, patchwork, pinturas, colagens, bordados e técnicas manuais diversas), costura, papel reciclado, tecelagem e tramados são os principais nichos abordados nas atividades. O trabalho feito é autossustentável e os utensílios vêm de material reciclável ou doações. Ao longo dos 19 anos de existência, a Retrate enfrentou algumas dificuldades para permanecer com as portas abertas, e a parceria com diversas instituições, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Sindicato Rural de Pelotas, ajudou o serviço a continuar. "A gente se manteve por muitos anos só com nossos materiais e com doações, fazendo a nossa própria produção", conta Fernanda, uma das técnicas e coordenadora do projeto.

Os cursos e atividades ocorrem semanalmente em um único turno do dia, e a maioria das participantes são mulheres. Fernanda reforça qual o principal propósito dessa geração de renda na recuperação dos usuários. "Não é para vender aqui e sim para que aprendam e tenham a sua renda em casa, no mercado informal. Alguns até já montaram a sua Microempresa Individual (MEI) e começaram a ter a sua renda formalmente", observa.

As oficinas oferecidas não são terapêuticas e, para participar, os usuários precisam estar estabilizados, possuírem habilidades artesanais e condições de produção. As técnicas do projeto avaliam a importância desse trabalho na reabilitação dessas pessoas. "Ajuda na profissionalização e na geração de renda extra. A doença mental é crônica, como uma doença cardíaca, precisa tratar a vida toda. Então, na medida em que eles conseguem se profissionalizar, ter uma habilidade, vão sair daqui e fazer outras coisas, ter encomendas na rua, se sentindo produtivos", afirma Fernanda. "Fora a autonomia, eles se sentem mais confiantes, aumenta a autoestima, e isso para a saúde mental é excelente", completa Liliane.

Reconhecimento

A Retrate, desde sua criação, foi considerada um marco nas políticas públicas voltadas à saúde mental. Em 2006 o projeto planejou e realizou o Plano de Ação para a Saúde Mental e Economia Solidária em Pelotas. Em 2009 foi contemplada com o incentivo da portaria 1169/2009, que estruturou as oficinas com maquinários e móveis na primeira chamada da seleção de Projetos de Arte, Cultura e Renda da Saúde Mental.

Anos depois, em 2013, foi contemplada com a 4ª chamada de Seleção de projetos de Reabilitação Psicossocial do Ministério da Saúde, com equipamentos e materiais para qualificar as oficinas. Em 2019, teve reconhecimento da Câmara de Vereadores de Pelotas como serviço de promoção à saúde mental.

Produtos também são comercializados na sede da Retrate

As oficinas e cursos ocorrem na sede do projeto, que fica na rua Félix da Cunha, 564. No mesmo local também funciona uma loja própria, em que são comercializadas as peças produzidas durante as atividades. O local fica aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h30min.

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