Boletim da Zona Sul
Rio Grande: Diretoria da Santa Casa pede ajuda política aos poderes municipais
A instituição hospitalar está há dois anos em tratativas com a Caixa Econômica Federal para renegociar a dívida de mais de R$ 60 milhões
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A direção do Hospital Santa Casa de Rio Grande se reuniu com os vereadores e com representantes do executivo municipal na tarde de quarta-feira (29) na Câmara Municipal. O encontro foi solicitado pela equipe diretiva à Comissão de Saúde com o intuito de pedir ajuda aos vereadores e ao executivo na luta pela reversão da crise financeira da entidade.A instituição hospitalar está há dois anos em tratativas com a Caixa Econômica Federal para renegociar a dívida de mais de R$ 60 milhões, fruto de um empréstimo feito em 2008 para a construção da cardiologia e da oncologia.
Na oportunidade, o presidente da Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande, Dom José Mário Stroeher, enfatizou que gestão necessita de apoio político. Segundo Dom José, R$ 1,2 milhão são descontados do dinheiro recebido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o pagamento dessa dívida. Desse valor, R$ 900 mil são destinados apenas ao pagamento de juros, de 1,5% ao mês. O administrador explicou que os juros são considerados altos e o objetivo seria o de baixá-los para o que é praticado hoje no mercado, 0.7% ao mês. Essa medida reduziria o valor da parcela da dívida pela metade.
Pela dificuldade de renegociação com a Caixa Econômica, desde o início do ano passado a administração do hospital tenta, junto ao governo do Estado, que o Banrisul assuma a dívida com a Caixa. Dessa forma, o pagamento da Santa Casa seria feito em mais longo prazo e a juros menores para o banco estadual.
O presidente da entidade pede que o legislativo e executivo municipal auxiliem na negociação com o Piratini, até mesmo em uma reunião com o atual governador. Também solicita que os vereadores trabalhem junto a deputados e senadores no Congresso Nacional para garantirem verbas por meio de emendas parlamentares ao hospital.
A empresa paranaense GV Consulting, contratada para fazer a gestão hospitalar da Santa Casa por dois anos, assumiu esse posto em 9 de julho. O novo administrador master, Luciano Lopes, apresentou algumas das medidas já implementadas com o intuito de diminuir as despesas da instituição. Até o momento, houve uma redução mensal dos gastos em R$ 397 mil, o que significará R$ 3 milhões e 944 mil de economia por ano. Entre as ações tomadas, houve a negociação de contratos, mudança no sistema de compras, economia na conta telefônica e retirada do horário de visita do turno da tarde.
Luciano também afirmou que houve um incremento de R$ 1,7 milhão da receita em relação ao mês passado. Essa recuperação foi feita por meio da reativação de alguns serviços prestados pelo SUS. No entanto, esse aumento só será sentido daqui a seis meses, quando houver a realização da avaliação da secretaria de saúde.
Ao mesmo tempo, até o final do ano, estima-se que haverá um desconto de, aproximadamente, R$ 600 mil mensais pelo não cumprimento das metas do SUS. Um dos motivos desse descumprimento é a diminuição da produtividade ocorrida em decorrência da greve do ano passado.
Atualmente, a receita atual não é suficiente para pagar as despesas existentes. O administrador explica que falta recurso, por exemplo, para compra de insumos, medicamentos e para pagamento de terceirizados. Conforme Luciano, a receita líquida mensal é, em média, R$ 5,5 milhões, mas a despesa chega a, aproximadamente, R$ 8 milhões.
Salários
Sobre o salário dos funcionários, o pagamento continua sendo feito de forma parcelada, em três ou quatro vezes. Ademais, há valores pendentes ainda do ano passado. Luciano conta que existe a ameaça de uma greve caso não haja a normalização da situação. Por isso, uma das alternativas buscadas é a negociação com bancos para que assumam o pagamento dos funcionários e a Santa Casa possa parcelar o valor para a instituição financeira. O administrador, ainda, pede que a prefeitura estude a viabilidade de adiantamento do valor de repasse referente ao pronto-socorro. Ao fim, Luciano reforçou a necessidade de apoio político junto ao governo do estado e ao congresso nacional, para a aprovação de emendas parlamentares para o ano que vem.
O prefeito Alexandre Lindenmeyer destacou a urgência de mobilização para que não haja a retirada da referência em oncologia da Santa Casa de Rio Grande. Conforme ele, existe um movimento de tentativa de mudança das referências de média e alta complexidade da entidade para Pelotas.
O chefe do executivo reforça que essa migração transformaria a Santa Casa em um hospital pequeno, que estaria fadado a fechar as portas. Com a atual escassez de recursos, a perda da oncologia agravaria ainda mais a crise da instituição. Além disso, Alexandre argumentou que a cidade vizinha já não tem condições de atender a demanda atual, pois lá o atendimento oncológico demora, em média, 120 dias.
O prefeito protocolou requerimento na casa legislativa pedindo apoio a todos os vereadores para esse pleito. Também salientou que já formalizou um pedido de audiência com o governador do estado e com deputados da região. Os vereadores se colocaram à disposição para prestar o auxílio político necessário para a instituição. O presidente da comissão de saúde, vereador André Lemes (PT) protocolou um requerimento na casa com o pedido de construção de uma frente ampla em defesa da Santa Casa. Além disso, o gabinete da presidência da casa já está em interlocução com o governo estadual.
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