Pandemia

RS tem 87 mil casos de Covid em crianças

Seguindo decisão do Estado, Pelotas não exigirá atestado médico para imunização de jovens

Embora a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início da vacinação contra a Covid-19 em crianças entre cinco e 11 anos, um cabo de guerra tem se instaurado entre o governo federal, Estados e cientistas. Na segunda-feira, o Executivo estadual afirmou que não exigirá pedido médico para a imunização do grupo alvo, decisão que será acatada pela prefeitura de Pelotas. Somente na cidade, mais de 1,6 mil jovens desta faixa etária já se infectaram e um óbito foi registrado.

A vacinação de crianças com o imunizante da Pfizer foi autorizada pela Anvisa no dia 16 de dezembro. Entretanto, o governo federal tem sido resistente quanto ao assunto e, até o momento, o Ministério da Saúde não adotou medidas para a aplicação de doses. Durante uma fala através das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que “a questão da vacina para crianças é uma coisa muito incipiente”. “O mundo ainda tem dúvidas e não vêm morrendo crianças que justifiquem uma vacina emergencial”, disse.

Em conflito à fala de Bolsonaro, a Anvisa não é a primeira agência a liberar o imunizante. União Europeia e Estados Unidos, cujos órgãos reguladores são referências para o mundo, também autorizaram a aplicação de doses. Além disso, ao menos 39 países já iniciaram a vacinação em crianças menores de 12 anos.

Outro ponto levantado pelo governo é a obrigatoriedade de apresentação de atestado médico no momento da imunização e assinatura de um termo de consentimento pelos pais. Até o fechamento desta edição, 17 estados já haviam confirmado que não solicitarão a prescrição. No Rio Grande do Sul, a decisão foi pactuada pelos integrantes da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e a prefeitura de Pelotas afirmou que seguirá a decisão. A data para o início da aplicação das doses só será definida após uma consulta pública, que ficará aberta até o dia 2 de janeiro, com votação através de um formulário online. De acordo com o texto publicado no Diário Oficial da União, no dia 23, a consulta é aberta para que “sejam apresentadas contribuições, devidamente fundamentadas”. O Ministério da Saúde afirmou ainda que, no dia 5 de janeiro, após “ouvir a sociedade”, formalizará sua decisão e, mantida a recomendação, a imunização iniciará ainda no mesmo mês.

Dados alarmantes

Não considerado grupo de risco para a infecção pelo Sars-Cov-2, o total de crianças de cinco a 11 anos infectado era de, até a última atualização da Secretaria Estadual da Saúde (SES), 87.226 casos. A menor incidência é em crianças menores de um ano de idade, 7.665, e a maior se apresenta entre jovens de dez a 14 anos, 33.543. Já o número de óbitos confirmados é de 28. Em Pelotas, seguindo a última atualização do Painel Covid, eram 1.651 crianças como casos confirmados. O município registrou ainda uma morte.
A infectologista Danise Senna afirma que é preciso desfazer a ideia de que a Covid não é grave em crianças.

“Internações e óbitos ocorrem. A vacina é importante para proteger a população pediátrica, trazer segurança ao ambiente escolar e diminuir a transmissão e os casos graves em adultos e idosos”. Ela ainda explica que a miocardiopatia, doença que compromete o bombeamento de sangue para o organismo, é um evento adverso raro e ocorre em crianças vacinadas com frequência inferior quando comparada com crianças com o vírus. Rejeitada pelos especialistas, a necessidade de um atestado médico para a vacinação é pontuada pela infectologista como “medida desnecessária e elitista”, visto que famílias que dependem da rede pública terão mais dificuldade de acesso.

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O epidemiologista Pedro Hallal ainda afirma que a exigência de atestado médico, algo inexistente na imunização infantil para outras doenças, é uma “piada pronta”. “Não será cumprida, praticamente todos os estados brasileiros já informaram que não vão exigir o atestado. E é uma medida sem qualquer respaldo científico, é mais uma demonstração de que o presidente e o ministro da Saúde jogam ao lado do vírus, contra a ciência, a vacinação e a população”.

De acordo com a SES, 964.273 crianças se encaixam na faixa etária, que deve ser a próxima a receber a imunização. Em Pelotas esse número será conhecido somente quando as vacinas chegarem à cidade. Em nota, a prefeitura afirmou que durante a imunização de adultos até 18 anos foram usados dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o que não se aplica nesta situação.

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