Pela movimentação na manhã de quinta-feira (19), na nova Sala de Vacinas de Pelotas, é difícil de entender como os índices de vacinação, não só no Município, mas em todo País, podem estar abaixo da meta. Para mudar os indicadores de imunização, o sábado (21) será dedicado aos pais e responsáveis interessados em manter os seus filhos imunes a doenças graves. No Dia D da Campanha de Multivacinação, não só o espaço moderno e amplo da Casa das Vacinas, mas também as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e o Ambulatório da UCPel estarão abertos das 8h às 17h (com exceção das unidades da colônia, Balsa e Jardim de Allah, que vão funcionar das 8h às 12h) para crianças e adolescentes de até 15 anos serem vacinados.

 
Com o acesso fácil e concentrado, além da garantia de encontrar o imunizante, a decisão pela picadinha ou gotinhas fica a critério dos responsáveis optarem pelo bem coletivo, uma vez que o cenário é alarmante. A diretora de Atenção à Saúde, Aline Machado explica que todas as vacinas oferecidas são de extrema importância, porém, a partir do risco de reintrodução do vírus da poliomielite no Brasil, há necessidade de se manter as altas coberturas de 95%. “Nos últimos anos, tivemos uma queda nos índices de coberturas vacinais e não temos atingido as metas de nenhuma vacina. Isso nos preocupa muito”, diz.

 
Conforme Aline, outra doença que também gera preocupação, devido ao risco de novamente entrar em circulação no território, é o sarampo. Em 2016, o Brasil recebeu certificado internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminação dessa doença. O título durou três anos, pois em 2019 o vírus voltou a circular no País. O Rio Grande do Sul apresentou surtos da doença entre 2018 até 2020, com a confirmação de 185 casos, envolvendo 21 municípios, sem óbitos. Em relação à pólio, em 2022 o público alvo a ser imunizado contra a paralisia infantil em Pelotas foi de 15.764, mas apenas 63,21% receberam a dose (confira quadro). Os indicadores não mostram a vacina contra a Covid-19, mas Pelotas imunizou 303.829 pessoas com a primeira dose, 279.943, com a segunda e 200.039 com a de reforço. A Bivalente foi aplicada em 73.103 pessoas.

Carteira como referência

A mãe da Elisa Coelho , de 11 meses, enfermeira Ariane Vasquez, 37, se revolta ao saber que ainda há desinformação e pessoas que duvidam da eficácia das vacinas. “É uma questão de defesa contra as doenças. Acho que falta pensamento social e coletivo, pois levamos nossas crianças para a escola e como vamos saber se quantas pessoas estão transmitindo doenças. Sou a favor de que deveria ser cobrado a carteira de vacinação para a inserção escolar”, defendeu.

A copeira Barbara Juliana Nunes Scoto, 31, e o psicólogo Lucas da Silva Scoto, 28, estavam preocupados pois haviam atrasado cinco dias da vacina Pólio Inativada (VIP) do Miguel Scoto, de seis meses. “É um mal que vem pro bem”, disse a mãe ao consolar seu bebê com a picadinha da injeção na perna. A família considera as vacinas tão importantes que as mantêm atualizadas, sem precisar esperar pelas campanhas e indica: “As crianças precisam estar imunes às doenças graves”.

Meta

Se todos pensassem como eles, a cobertura vacinal não apresentaria dados alarmantes em Pelotas que só passou a meta de 95% com a vacina BCG em 2022, com 97,15% do público alvo atingido. A poliomielite passou dos 74,95% em 2019, para os 63,21% no ano passado. A Tríplice Viral D1 apresentou queda no período pandêmico (assim como as demais), mas se recuperou em 2022. Já a Tetra Viral teve uma queda de 68,96% para 11,85% em três anos.

Coberturas de algumas vacinas em Pelotas em %

Imuno                                        2019 2020 2021 2022

BCG                                           72,31 85,12 74,39 97,15

Hepatite B                                  71,10 64,53 56,22 61,74

Poliomielite                                74,95 64,18 56,40 63,21

Poliomielite 4 anos                    57,34 67,93 40,73 62,63

Poliomielite(1º ref)                    60,93 54,18 46,69 59,66

Tríplice Viral D1                         85,33 69,50 72,13 87,75

Tríplice Viral D2                         72,38 48,54 19,14 31,64

Tetra Viral(SRC+VZ)                  68,96 40,39 5,42 11,85

DTP REF (4 e 6 anos)               50,92 74,86 45,72 62,68

Tríplice Bacteriana(DTP)(1º ref) 53,85 58,47 50,88 58,11

Febre Amarela                            29,04 28,67 35,05 36,21

Serão ofertadas as seguintes vacinas do Calendário Nacional de Vacinação:

BCG - protege contra a tuberculose
Hepatite A - infecção hepática causada pelo vírus da hepatite A. Recomenda-se a aplicação rotineira aos 12 e 18 meses de idade, ou o mais cedo possível.
Hepatite B - é uma infecção hepática causada pelo vírus da hepatite B.
Pentavalente - protege contra a difteria, tétano, coqueluche, bactéria Haemophilus influenzae tipo b e a Hepatite B
Pólio oral - É indicada para prevenir a poliomielite (paralisia infantil). O esquema de vacinação em duas gotas, exclusivamente oral.
Pólio inativada (VIP) - As doses da VIP visam minimizar o risco, que é raríssimo, de paralisia associada à vacina, e as da vacina oral, manter a imunidade populacional (de rebanho).
Rotavírus (vírus RNA da família Reoviridae, do gênero Rotavírus) - é um dos principais agentes virais causadores das doenças diarreicas agudas (DDA).
Pneumo 10 valente - previne da doença pneumocócica causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae
Meningo C - É indicada para imunização ativa de crianças a partir de dois meses de idade, adolescentes e adultos para a prevenção da doença invasiva causada por Neisseria meningitidis do sorogrupo C.
Febre amarela - A recomendação para vacinação contra febre amarela é indicada para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação da vacina.
Tríplice viral - a vacina previne o sarampo, a caxumba e a rubéola.
Tetraviral - É aplicada por meio de injeção a partir dos 15 meses e previne contra quatro agravos que estão controlados em função da vacinação como, por exemplo, o sarampo, rubéola, caxumba e varicela
Meningo ACWY (meningite) - Previne contra meningites e infecções generalizadas (doenças meningocócicas) causadas pela bactéria meningococo dos tipos A, C, W e Y.
HPV (papilomavírus humano)- A vacina contra o HPV fornece imunidade e é uma importante ferramenta de prevenção do câncer.
Covid-19 - Previne contra as variantes do coronavírus.