Diminuição

Safra de pêssego terá queda na produção

Excesso de chuvas e demora para chegada das horas de frio estão entre as explicações. Redução pode chegar a até 50%, se comparada à média de dez toneladas por hectare

Gabriel Huth -

O cenário é de preocupação entre os produtores de pêssego, às vésperas da abertura da colheita. A expectativa de boa safra não se confirmou. A produtividade registrada em Pelotas, que já tem ficado em uma média baixa - de dez toneladas por hectare -, deve cair ainda mais. A estimativa é de que oscile de cinco a oito toneladas por hectare. O excesso de chuvas e a demora para chegada das horas de frio - imprescindíveis para bons resultados - ajudam a explicar a quebra.

Quem projeta é o presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas, Mauro Scheunemann. O preço a ser pago pela indústria também gera expectativa. “O produtor está descapitalizado para cuidar dos pomares. O preço dos insumos aumentou uns 30% e acreditamos que o custo por quilo passe de R$ 1,00”, projeta. A aposta na venda in natura, direto ao consumidor, surge, portanto, como mais uma possibilidade de expandir o mercado. E o melhor: com valores um pouco mais altos do que os ofertados pelas fábricas. 

E para reduzir as chances de prejuízo, parte das famílias tem investido na mesma estratégia: a diversificação de culturas. É o caso dos Scheunemann, que hoje também se dedicam ao cultivo de uva, tomate e goiaba. “Mas fazemos questão de valorizar o pêssego, que é uma das marcas de Pelotas”, ressalta o presidente, que mantém viva a tradição iniciada pelo avô, há mais de seis décadas.

Atenções voltadas à morte precoce dos pessegueiros
Em meio aos pomares carregados, os vazios transformam-se em mau sinal. São os reflexos da morte precoce de algumas árvores; uma síndrome que tem se intensificado nos últimos anos, em diferentes regiões do país. Ao invés de permanecerem ativos por uma média de até 14 anos, alguns pessegueiros têm morrido antes de chegar aos três. E se de um lado os episódios provocam perdas, por outro geram estudos. 

Na tarde de quarta-feira, produtores, técnicos, industriários, viveiristas, pesquisadores, estudantes e professores reuniram-se nas terras de Mauro Scheunemann, na Colônia Manoel. O local é uma das 20 unidades de observação da Embrapa, em diferentes pontos do país, com o intuito de combater as mortes precoces; umas das razões para a queda na produtividade, ao longo dos anos. “O objetivo é mudar o sistema de produção de mudas e deixar de usar a mistura de resíduos de caroço, que traz uma variabilidade genética de plantas com raízes diferentes”, explica o pesquisador Newton Alex Mayer. 

Daí a importância das unidades de observação - criadas em 2014 - em que porta-enxertos são testados e monitorados separadamente para identificar quais são mais tolerantes à morte precoce. Na prática, é a Ciência como aliada dos bons resultados que podem ser obtidos no campo. “E o DNA não é alterado. Não tem troca de material celular entre essas duas partes em que se divide a planta: o porta-enxerto e a copa”, reforça o engenheiro agrônomo da Embrapa. E lembra que a técnica de enraizamento de estaca já é utilizada em outras culturas.

Intervenção possível
Até hoje não se sabe ao certo quais os motivos para a morte precoce dos pessegueiros. Como raras são as chances de interferir sobre as consequências causadas pelo clima, como falta de água no verão - já que raros são os produtores que contam com irrigação -, ausência de frio mais intenso e excesso de chuvas durante o inverno, os estudiosos voltam as atenções para medidas que possam repensar o sistema de produção de mudas e sua qualidade. 

E, além das hipóteses analisadas com porta-enxertos, os pesquisadores também avaliam o comportamento de mudas autoenraizadas. Tudo para verificar o desempenho de cada um deles e aprimorar técnicas e cuidados que possam se converter em alta na produtividade dos pomares.

Aproveite e delicie-se!
O técnico da Emater, Francisco Antônio Arruda, destaca a importância do pêssego para a economia de Pelotas; a maior produtora do Brasil. São 600 famílias envolvidas em manter viva a tradição, em uma área que atinge os três mil hectares. “Buscamos sempre incentivar o consumo desta fruta que, além de importante aos nossos produtores, é funcional”, enfatiza. É rica em vitaminas, fibras e minerais. Sem falar no aroma agradável. Agora é preparar para degustá-la, em especial durante a Quinzena do Pêssego, a partir de 26 deste mês em Pelotas.

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