Chegou a época do xadrez, chapéu de palha, amendoim, pipoca, quentão, pinhão e muita alegria nos arraiais. É São João! A data celebra um dos principais nomes do cristianismo e ganhou adaptações ao longo dos séculos, dentro da cultura de cada região. O DP conversou com especialistas em várias áreas e traz dicas para curtir essa data com toda alegria - e segurança.

Como a data é justamente marcada por adaptações culturais de cada povo que a celebra, na moda, o clássico visual xadrez, com chapéu de palha e remendos pode muito bem ser substituído por um visual campeiro gaúcho, diz Ingrid Loges Binsfeld, professora do curso superior de Tecnologia em Design de Moda e do curso técnico em Vestuário do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) campus Pelotas-Visconde da Graça. "O traje típico gauchesco é bem válido de usar em uma festa junina, porque é uma festa cultural", aponta, ressaltando que o próprio visual caipira é de homem do campo e, como na nossa tradição há vestimentas típicas, cabe no visual.

No entanto, para quem quer manter o padrão de estilo mais conhecido, improvisar com peças do dia a dia é válido. "A gente tem bastante opções do uso do xadrez, não só nas camisas, mas nos casacos, blazers, usar uns xales…", indica, lembrando que nos dias frios é importante se preocupar também em se aquecer. Uma saia preta com laços de fitas coloridas, flores de tecido e itens coloridos para deixar o ar mais alegre. Bastante na moda, as saias ciganas são bastante customizáveis. Calças jeans rasgadas são outra boa dica, com um quadradinho xadrez para dar o toque junino é válido, segundo a professora. Bandeirinhas pequenas em tecido na roupa também são indicados para ficar no estilo. "O cabelo preso, a trancinha, o chapéu, são coisas que sempre acrescentam esse ar junino."

E na alimentação?
A chef docente da Faculdade Senac, Raquel Marasca, diz que as receitas típicas também passaram por adaptações. No sul, a cachaça e o vinho se uniram pelo quentão para aquecer nesse frio, o pinhão entrou para os pratos principais, além da pipoca e do amendoim, por exemplo. Ela traz uma dica de receita diferenciada para a festa:

Canjica com amendoim
250g de milho para canjica
2L de água
1 lata de leite condensado
250ml leite de coco
500ml leite
3 cravos da Índia
3 pauzinhos de canela
250g de amendoim torrado e moído grosseiramente

Modo de preparo
> Deixe a canjica de molho na água de um dia para o outro. (De preferência, caso não seja possível, o tempo de cozimento irá aumentar)
> Coloque na panela de pressão e cozinhe por 30 minutos ou até que esteja macia
> Coloque em outra panela (se necessário, maior) acrescente o leite, o leite de coco, o cravo e a canela
> Deixe ferver por 10 minutos, mexendo sempre
> Acrescente o leite condensado mexendo para não grudar, por mais 10 minutos
> Desligue estando bem cremosa e não seca
> Acrescente o amendoim passe para uma travessa e polvilhe a canela em pó.
> Sirva quente ou fria

Uma das tradições do feriado são as fogueiras e os fogos de artifício. Sargento dos Bombeiros, Pedro Amaro Alcântara alerta que são muitas as dicas de prevenção. Fogueiras devem ter uma distância de no mínimo 50 metros da vegetação, manter distância da rede elétrica, fazer o fogo em um local limpo e com areia entre o solo e os troncos, evitar brincar perto do fogo, redobrar cuidado com as crianças.

Além disso, é proibido soltar foguetes com barulho em Pelotas, devido aos transtornos que trazem a animais, pessoas com Transtorno do Espectro autista (TEA), e outros. O sargento avisa que é importante ler o rótulo, a data de validade, verificar se há selo do Inmetro, manter fora do alcance de crianças, nunca acendê-los em ambientes fechados e não mirar em direção a pessoas nos ambientes abertos. Não fazê-lo após ingerir álcool, manter rojões fora do alinhamento do corpo e cuidar com efeito retardado (falhas temporárias). Já os balões são completamente proibidos, tanto soltar quanto transportar, fabricar ou vender o item.

Em caso de queimaduras leves, o sargento indica lavagem da área com água corrente. Mas se for um pouco mais grave, gerando lesões ou bolhas, por exemplo, é importante procurar imediatamente um serviço de saúde.

Mas afinal, qual a origem da data?
As festas juninas são em celebração a três dos principais santos católicos: Santo Antônio, São João e São Pedro. A colonização portuguesa deixou esse laço mais forte no Brasil, aponta o padre Wilson Fernandes. "No ponto de vista litúrgico, São João é o único santo da Igreja que celebramos seu nascimento e seu martírio", aponta o religioso. Neste sábado, é o nascimento do profeta que marca a transição entre o Antigo e o Novo Testamento. "Ele prepara a vinda do Senhor. Então, ele ganha essa importância justamente por isso. Ele é o último dos profetas do antigo testamento", explica.

A data é celebrada desde o século quatro, com base da passagem bíblica que fala que o anúncio da vinda de Jesus Cristo fora feito no sexto mês de gestação de Isabel. Como a Anunciação foi em 25 de março, o cálculo chegou a essa data de 24 de junho. Além disso, para muitas culturas é celebrado em conjunto com festas da colheita, explica o padre, citando o nordeste brasileiro como um exemplo disso. "É época de fartura, por isso essa abundância de comida." Além disso, destaca que os três santos juninos são ligados ao povo. "São santos da simplicidade, e isso faz com que ganhe esta repercussão bonita."