Com 171 pessoas fora de suas casas e realocadas em quatro abrigos, dois deles lotados, São Lourenço do Sul segue em situação de alerta para os alagamentos e enchentes. “Nenhuma área está sendo flexibilizada, porque hoje (terça-feira, 14), durante a tarde, tivemos de novo um aumento no nível das águas, chegando a 2,64 metros”, fala o prefeito, Rudinei Härter (PDT), em entrevista ao Diário Popular. O nível normal da Lagoa dos Patos é de 1,60 metro e ainda na manhã da terça-feira (14), o volume era de 2,62 metros.

O município tem três regiões afetadas pelas cheias: a Coreia, nas proximidades do arroio São Lourenço, Navegantes e Barrinha, na orla da Lagoa dos Patos. Härter enfatiza que a administração municipal está desestimulando o retorno às áreas propícias a alagamentos. “Tem várias ruas alagadas, com até mais de um metro de água sobre o leito da rua. Temos muitas ruas com mais de meio metro de água dentro das casas. Por isso continuamos pedindo para as pessoas que se mantenham em locais mais seguros”, disse.

A prefeitura também está tutelando 60 pets em abrigos criados para este dias. “Nos preparamos bem até porque aqui sobe aos poucos, diferente do que ocorreu na Serra, mas não menos preocupante”, comenta Härter.

Serviços de luz e água

Na tarde de terça-feira (14), o prefeito esteve em reunião com representantes da CEEE Equatorial em busca da viabilização do retorno da energia elétrica em alguns pontos da cidade. A administração municipal solicitou o encontro para que a CEEE  apresente uma avaliação de pontos que não estão alagados e estão sem luz. 

A situação acontece porque transformadores, que atendem também a parte alagada, estão desligados. “Então estávamos pedindo a religação da parte que não foi atingida.” De acordo com o prefeito, ainda não foi possível levantar o número de residências sem energia elétrica. 

Dos serviços de água e luz, apenas a energia elétrica foi cortada nos locais alagados pela cheia da lagoa dos Patos. Mesmo com o sistema de fornecimento de água da Corsan em funcionamento, foi disponibilizada uma caixa extra de 10 mil litros, instalada na praça Dede Serpa, para uma possível necessidade. 

Preocupação com o vento

Apesar de ontem, com a calma nos ventos, em torno de 20km, em direção sudoeste a lagoa avançou em São Lourenço do Sul, o que aflige o prefeito. “Os ventos hoje estão calmos, mas os ventos nos preocupam  muito, se ele soprar contra, com vento sul ou sudeste, acaba nos prejudicando muito e poderá nos causar uma inundação bem maior em função dos ventos estarem mantendo a lagoa neste nível.” 

Outro ponto de atenção é o volume do lago Guaíba estar acima dos 5 metros, novamente. “A possibilidade de subir mais existe. Enquanto nós não tivermos um Guaíba no seu leito normal de até 3 metros, a ansiedade e a preocupação dos lourencianos vai permanecer, assim como em Pelotas e Rio Grande também”, diz.

Acréscimo de áreas

Na terça-feira (14) a prefeitura de Rio Grande apresentou novos mapas de monitoramento para cheias da Lagoa do Patos, aumentando um pouco algumas áreas, especialmente no centro do município, incluindo locais como a Cidade Nova, a Linha do Parque, Ipiranga e Área Militar. Via live, o secretário de Meio Ambiente, Pedro Fruet, reforçou que o município continua em alerta e que as pessoas se mantenham ou procurem estar em áreas seguras. 

A prefeitura adotou um método para informar a população a partir de mapas com três fases de regiões em alerta. “Na última live que nós tivemos (no dia 10 deste mês) colocamos a fase 2 porque tivemos um pico de alagamento um pouco maior. Agora nós vamos reforçar esses mapas, mesmo com picos de alta  menores que nós havíamos tido nos outros dias. É importante que as pessoas saibam que esse evento vai perdurar mais”, diz. A preocupação neste momento é com o novo pico de cheia no Guaíba. 

No município, o nível da Lagoa dos Patos no CCMar era de 2,23m - 33 centímetros acima do nível do cais, na tarde de ontem. O vento estava de sudoeste a 13km/h. Até o momento o município tem 483 pessoas em abrigos.