Dia nacional de Lutas
Segunda de manifestações contra a Reforma da Previdência
Sindicatos de trabalhadores também protestaram em frente à Justiça Federal contra o auxílio-moradia a membros do Judiciário
Gabriel Huth -
* Atualizada às 19h30min
Mesmo com a proposta de mudanças previdenciárias saindo do alvo do Congresso Nacional após o decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro, assinado pelo presidente Michel Temer (MDB), nesta segunda-feira (19) o dia foi de protestos contra a reforma. Convocada por centrais sindicais, a série de atos espalhados por todo o país também se refletiu em Pelotas e agregou outras pautas defendidas por sindicatos e partidos políticos de oposição aos governos federal e estadual.
Desde às 8h30min, cerca de 150 manifestantes se reuniram em frente à sede do INSS, na rua Almirante Barroso, trancando a via. O trânsito teve que ser desviado pela Princesa Isabel e Barão de Butuí. Com faixas contra as mudanças previdenciárias defendidas por Temer e um carro de som, eles permaneceram no local por duas horas. Apesar disso, o protesto não impediu o funcionamento na agência, que manteve os atendimentos normais a quem tinha agendamentos.
A advogada Jezabel Rodrigues foi uma das pessoas que buscou o serviço. Foi até o INSS para entrar com o pedido de aposentadoria de um cliente trabalhador rural. Para ela, os protestos deveriam ocorrer com mais força para chamar a atenção da população. “Deveria ter mais gente protestando, reclamando. Vim nesta segunda-feira porque não se sabe o que vem por aí. Quem pode se aposentar está agilizando o processo o quanto antes”, contou.
Embora a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro impeça que ocorram alterações constitucionais - a exemplo da reforma da Previdência -, os 12 sindicatos que participaram do Dia Nacional de Luta na cidade defendem a continuidade da mobilização para que o projeto seja definitivamente retirado. “Embora a pauta atual do governo seja a intervenção, manobras ilegais estão sendo comuns no país. A qualquer momento uma delas pode ocorrer e simplesmente votarem atacando direitos do povo”, disse o presidente Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas da Alimentação de Pelotas, Lair de Mattos. Também participaram entidades representativas de educadores, agricultores, bancários e metalúrgicos.
Judiciário também foi alvo
Logo após o ato na Barroso, os manifestantes fizeram uma caminhada pela rua General Neto até a esquina com a 15 de Novembro, onde ficam uma agência do Banrisul e o prédio da Justiça Federal. No edifício do Judiciário, criticaram o auxílio-moradia recebido por juízes e se posicionaram de forma contrária à entrada do Estado no Regime de Recuperação Fiscal proposto pelo governador José Ivo Sartori (MDB). Os sindicatos reprovaram a possibilidade de uma eventual privatização do banco e de outras estatais como contrapartida exigida pela União.
Houve ainda ações de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo prazo final para recorrer contra a decisão em segunda instância que manteve sua condenação no processo referente ao tríplex do Guarujá encerra nesta terça (20). Uma faixa defendendo o direito de Lula disputar a eleição em outubro foi colada na fachada do prédio. “Este é um processo viciado. Só haverá justiça com mobilização social. O Judiciário está mobilizado na pauta eleitoral, em tirar o ex-presidente Lula da disputa”, apontou o presidente do diretório local do PT, Luciano Lima.
O encerramento do dia de mobilizações foi no final da tarde, com uma panfletagem no chafariz do Calçadão.
Paralisações
Por conta dos protestos de servidores das instituições públicas, a segunda-feira foi de atividades parciais na rede estadual de ensino. De acordo com o diretor do Cpers, Mauro Amaral, a adesão da categoria foi parcial e não houve escolas sem aula, apenas a paralisação de alguns professores.
No IFSul, o dia foi sem aulas no campus Pelotas. Já no campus Visconde da Graça (CaVG) houve a acolhida a 88 alunos do regime interno. Eles foram recebidos pela direção e professores, inclusive aqueles que fizeram parte das manifestações e que voltarão ao trabalho normalmente a partir desta terça. “Eles conversaram com os estudantes e expuseram seus motivos para a mobilização. A direção acolhe o que vem das bases sindicais, pois consideramos as pautas justas”, explicou Fabíola Mattos Pereira, diretora de Ensino.
Enquanto isso, com a adesão dos sindicatos de servidores e docentes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a instituição teve um dia de pouca movimentação, sem aulas.
Entre os servidores do município a parada também foi parcial, com parte dos funcionários de Unidades Básicas de Saúde e das secretarias participando dos atos. “Essa reforma também nos atinge, pois se for aprovada, exige que cidades com regime próprio de previdência também tenham que se adequar às regras. Todos sairão prejudicados”, avaliou o vice-presidente do Sindicato dos Municipários (Simp), Tiago Botelho.
Os bancos atenderam normalmente, com os funcionários participando dos protestos fora do horário de trabalho.
Pelo país
Foram pelo menos 14 estados, além do Distrito Federal, que tiveram atos contra a reforma da Previdência em suas capitais e principais cidades: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Em Porto Alegre, a mobilização iniciou às 5h, com uma marcha de sindicatos e movimentos sociais até o Aeroporto Salgado Filho para pressionar deputados federais gaúchos que embarcavam para Brasília. Mais tarde, os protestos se concentraram em frente à sede do INSS, próxima ao Mercado Público, onde foram exibidos cartazes com as fotos de parlamentares governistas e favoráveis à reforma previdenciária. No final da tarde, um ato na Esquina Democrática encerrou as atividades.
No Rio e em São Paulo, agências bancárias ficaram fechadas no turno da manhã e trabalhadores foram convocados para mobilizações conjuntas na Cinelândia e na Avenida Paulista. Em Pernambuco, a participação de funcionários da Refinaria Abreu e Lima, em Suape, manteve o complexo paralisado pela manhã e em Recife bancários e agentes da Receita Federal não trabalharam. Enquanto isso, em Brasília, os deputados que desembarcavam no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek foram recebidos por auditores fiscais da Receita que contestam a existência de déficit na Previdência.
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