Negócios

Setores lucram com o isolamento social

Crise da pandemia da Covid-19 não afeta todos os serviços

Carlos Queiroz -

O isolamento social é uma necessidade. Com ele, a rotina, o trabalho e os hábitos de consumo da população passam por constantes mudanças. A casa virou escritório e sala de aula; e o carro ficou parado na garagem. Para sair, as máscaras faciais são indispensáveis. Com essas mudanças, apesar da crise que assola o país, determinados setores conseguem manter a estabilidade financeira. São negócios voltados ao artesanato, aviamentos, costura e informática.

Como é o caso da empresa de tecnologia do Anderson Nunes. No local, a procura pelos consertos de computadores e notebooks cresceu em 60%. Fora isso, o crescimento também respingou em outro ramo: o ecommerce. "Muitos clientes ainda tinham dúvidas sobre trabalhar com o on-line. [A pandemia] foi o estopim para a tomada de decisão", conta. Antes, a cada mês cerca de um site e ou modelos de sistemas web para comércios e serviços era entregue. Em maio, o número subiu para seis encomendas, além de buscas por orçamentos.

Além das empresas que estão migrando para o digital - como uma saída para manter os lucros - estudantes do Ensino a Distância (EaD) e trabalhadores do sistema remoto também aumentaram a demanda de serviços. Como a casa virou escritório e sala de estudos, computadores antigos foram mandados pra assistência. "A grande maioria são notebooks que estavam sem uso, o mais comum são aqueles com teclados e tela estragados", explicou o proprietário. As compras também aumentaram: as webcams saíram de estoque e, de acordo com Nunes, estão em falta em todo o país.

A situação, no entanto, exige pé no chão. "Não podemos achar que quando tudo passar vai seguir assim", salienta. O momento serve como uma compensação aos meses anteriores, em que a demanda foi mais baixa.

Quem também lucra com as novas necessidades são as lojas de tecidos e aviamentos. Como uma saída para um lucro extra no mês ou de conseguir manter a casa em meio a crise, muitas pessoas passaram a produzir máscaras faciais de proteção. Na loja de aviamentos da Lisandra Schuch, novos produtos passaram a ser vendidos. "Antes trabalhávamos com o retalho dos tecidos, agora estamos vendo a metro". A compra mensal na loja era de cinco a dez metros de tecido, para produção de retalhos. Após a procura dos clientes, a encomenda subiu para 50 metros. "O número de clientes ainda é parecido, só que agora eles procuram itens mais voltados a produção de máscaras", completa.

E as vendas não param somente na área da costura. O tempo livre em casa floresce e estimula habilidades muitas vezes deixadas de lado, como o artesanato. A Lisandra notou um aumento considerável nas vendas de linhas para bordar, de fazer crochê e lãs. "Quando o comércio fechou, muitas pessoas nos procuraram pedindo pelos produtos. Daí começamos um serviço de tele entrega e seguimos com ele", afirma. Além do aumento, um novo emprego foi gerado.

Mudança no contato com o cliente

Carro parado pode ser sinônimo de baterias sem funcionar. Em um estabelecimento especializado do ramo, as vendas se mantiveram nos últimos meses, o que mudou foi o contato e o motivo da procura dos clientes. Agora, o socorro aos veículos é feito direto na garagem de casa. Proprietário da loja, Amilton Garcia explica: "o pessoal ficou com o carro por 20 dias, um mês parado e quando foi ligar não pegou". Os lucros, por outro lado, seguiram como antes de decretada a pandemia por Covid-19. A partir do retorno gradual das atividades, o movimento deve também retornar, acredita.


O que mais vende na pandemia?

Um levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico aponta: produtos de saúde, supermercados, beleza e perfumaria são os preferidos dos consumidores durante a pandemia. Os números consideram as compras on-line realizadas entre fevereiro e março desse ano.

Em comparação ao ano passado, no topo da lista estão os produtos da área da saúde, um reflexo ao aumento dos cuidados domésticos. Os inaladores e os termômetros estão são os primeiros do ranking, com aumento de 900% e 843%, respectivamente. Depois seguem outros itens, voltados a atenção com a higiene e esterilização, como o soro fisiológico (316%), luva cirúrgica (118%), produtos para higiene íntima (98%) e sabonetes (58%).

No supermercado, os favoritos são os produtos de preparo fácil e prático. Estão no top três os hambúrgueres (283%), petiscos e empanados (173%), conservas e enlatados (166%). Mais pra baixo na listagem, os patês e antepastos apresentaram aumento de 141% no consumo, seguidos pelo macarrão instantâneo (68%) e salgadinhos (58%).

Além desses setores, os nucricosmétiscos, conhecidas como as pílulas da beleza, ganharam espaço em 655% na preferência de compra entre fevereiro e março deste ano - os produtos são aqueles que ajudam na prevenção de manchas na pele, combate a queda de cabelos, fortalecimento de unhas. O tempo livre virou sinônimo de mudanças estéticas, ao exemplo dos cabelos - aumento de 483% nas tintas de coloração. Itens da rotina também ganharam mais atenção, como o xampu (306%), removedores de esmalte (277%), produtos pré-barba (228%) e xampu e condicionador para barba (71%).

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