Uma sindicância foi instaurada na Procuradoria Geral do Município na última segunda-feira para apurar indícios de irregularidades na gestão de recursos do Pronto Socorro de Pelotas. O anúncio foi feito pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) em uma coletiva de imprensa na sexta-feira. A suspeita de pagamentos de notas em duplicidade a uma prestadora de serviços levou à exoneração dos administradores que estavam à frente do PS há cerca de quatro anos. O inquérito da investigação deverá ser concluído dentro de 60 dias.

As suspeitas de desvio de recursos foram constatadas pelo diretor do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), Márcio Slaviero, que levou as inconsistências ao conhecimento da secretária de Saúde Roberta Paganini. Parte do PS é gerida pelo HUSFP, principalmente a contratação de funcionários. Desta forma, a administração de recursos também chega ao hospital vizinho. Diante da suspeita, a diretora-geral, Odineia da Rosa, e o gerente administrativo Misael da Cunha foram exonerados dos cargos. Os dois postos são de indicação do Município.

Conforme a prefeita Paula Mascarenhas, os afastamentos foram realizados para que o trabalho da sindicância, como oitivas, não prejudicasse a gerência plena do funcionamento do Pronto Socorro. "Não por um julgamento, muito menos por uma condenação prévia, mas porque nós achamos que era mais adequado, para que eles pudessem fornecer as informações à sindicância e ao mesmo tempo alguém estivesse focado integralmente na vida diária do PS".

Mais detalhes sobre a apuração administrativa, como valores e empresas envolvidas não foram divulgados para não prejudicar a investigação, conforme o procurador-geral do Município, Eduardo Trindade. "Até o momento não iremos divulgar nenhum tipo de serviço ou as pessoas envolvidas para preservar a imagem das pessoas e a investigação até finalizar o processo", disse.

Além da sindicância, que deverá se debruçar sobre os indícios e apurar as incorreções, a prefeita informou que em breve uma comissão de inspeção formada por servidores públicos de carreira será formada para uma avaliação "mais profunda" sobre a administração e o financeiro do PS. "Vamos apurar a fundo, identificar se houve irregularidades e quais foram, quais os responsáveis e punir. Se houve algum prejuízo ao erário vamos buscar formas de que seja ressarcido. Os recursos públicos são sagrados e os da saúde mais sagrados ainda", destaca.

Também em busca de aperfeiçoar os mecanismos de fiscalização, Paula informou também que as contas do Pronto Socorro começarão a ser disponibilizadas no portal da transparência da Prefeitura.

O PS

Porta de entrada no atendimento de urgência e emergência à população de boa parte das cidades da Zona Sul, mensalmente o hospital recebe R$ 3,9 milhões em recursos públicos para o seu funcionamento, sendo a maior parte, R$ 2,2 milhões repassados pelo Município. O Hospital já está sendo administrado por novos servidores, a diretora-geral, Dra. Veridiana Duarte Bonh, e o gerente-administrativo, Wladimir Durini.