Prédio histórico

Situação estrutural do Grande Hotel é preocupante

Queda de pedaço do reboco do teto no hall de entrada expõe riscos do espaço, que ainda aguarda verba do Iphan para ser totalmente reformado

Carlos Queiroz -

A situação estrutural do prédio do Grande Hotel é preocupante aos olhos de quem, por dentro, assiste à deterioração de um dos mais icônicos monumentos arquitetônicos de Pelotas. Com as chuvas dos últimos dias, um pedaço do reboco do teto do hall de entrada veio abaixo na última terça-feira (15). Mas o pequeno buraco é apenas um indicativo das condições precárias da edificação. A cada andar que se sobe, a situação se torna mais desoladora.Carlos Queiroz 77980

Infiltrações e estalos tornam-se comuns. Os funcionários andam pelo espaço olhando frequentemente para cima, temendo desabamentos. No segundo andar, enormes poças de água no piso de madeira explicam o motivo para o reboco logo abaixo ter caído. Rachaduras no teto chamam a atenção. No terceiro piso, pedaços de reboco e tijolos antigos cobrem o chão. Subindo mais um lance de escadas, o quarto andar, por onde começa a entrada de água da chuva, expõe uma situação ainda mais preocupante. Enormes e pesadas janelas de madeira, retiradas das aberturas do hotel, estão sobre o piso, junto com sujidades e mais restos de alvenaria. Apenas uma pequena faixa impede a entrada de pessoas. Mas a umidade e o peso causam o maior temor para quem está abaixo.

Os problemas citados levam em conta apenas uma mesma linha, andar a andar, da torre de entrada do hotel. Muito além dos problemas estruturais, o espaço tornou-se insalubre, sendo lar de pombos, morcegos, ratos e seus dejetos, fazendo do outrora glamouroso hotel um ambiente tomado por fortes odores. Outras áreas também sofrem com problemas, como em uma sala ocupada por professores, onde caiu um pedaço do teto.

Aulas mudam local
O Grande Hotel ainda é o prédio que comporta as aulas do curso de Hotelaria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O coordenador do curso, Javier Luzardo, diz que após a queda foi pedido um laudo de engenheiros da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (Proplan) da universidade para obter garantias de que o local pode continuar recebendo aulas. Até lá, um curso de verão, chamado Idiomas no Grande Hotel, ocupará salas do prédio do Salis Goulart.

O apego dos alunos com o Grande Hotel é um dos motivos para as aulas terem continuado lá, mesmo com a insalubridade e a estrutura ruim. "O pessoal se identifica tanto com o espaço que acaba passando por cima dessa situação", destaca Luzardo. Para o próximo semestre, já era previsto ter menos aulas no espaço, com a utilização de mais salas do Salis Goulart, segundo o professor. O curso tem cerca de 100 alunos, além de professores e servidores que trabalham no local.

Reforma depende do Iphan
O reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, ressalta o prejuízo que é para a cidade ter um prédio deste porte em condições tão precárias. Ele relembra, porém, que a UFPel já possui um projeto de revitalização total do Grande Hotel, com verba proveniente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Hallal garante já ter cumprido com todas as exigências documentais, dependendo agora da liberação dos valores. O reitor acredita que isso deverá ocorrer no segundo semestre deste ano. A verba deve ficar entre R$ 7 milhões e R$ 8 milhões.

Além disso, o reitor garante que a Proplan faz verificações e nunca identificou riscos maiores na estrutura. Questionado sobre fechar o Grande Hotel até a reforma, ele não acredita na possibilidade. "Não me parece que esse seja o caso (intervenção). O caso é lutar pela verba." Quanto às condições insalubres, lamentou, mas disse ser um problema comum em diversos prédios antigos pertencentes à universidade. "A gente vem tentando dar conta. É preocupante em termos de saúde pública e segurança."

Uma nova análise da estrutura será feita em breve. "Vamos identificar riscos e propor soluções", define o reitor, que ainda sinaliza que mudanças estruturais podem ser feitas de maneira paliativa, apenas para resolver urgências, mas que qualquer melhoria real virá apenas após a chegada da verba do Iphan.

 

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