Efeitos

Solidariedade em quatro rodas

Ajudas que surgiram durante a greve dos caminhoneiros acabam aproximando os moradores do bairro

Paulo Rossi -

A cena se repete em diversos bairros da cidade: muitas pessoas nas paradas de ônibus, enquanto carros passam ocupados apenas por um motorista. Enquanto em alguns bairros é comum as caronas, em outros nem tanto - a ideia esbarra em questões de segurança, empatia e boa vontade entre os moradores da mesma área.

Durante a greve dos caminhoneiros, quando Pelotas ficou sem combustível nos postos de gasolina, as dificuldades de locomoção para quem mora longe do trabalho se acentuaram.
Alguns se reportaram ao transporte coletivo, que operou em horários reduzidos naquele período, outros optaram pelas bicicletas. Praticamente toda a população foi atingida de alguma forma. A greve também evidenciou e fez a população pensar sobre o uso do veículo e como se virar durante a falta de combustível.

No Laranjal, um grupo de WhatsApp formado na época continua agenciando caronas. A criação partiu do grupo SOS Laranjal, responsável por mobilizar a população da praia por melhorias no bairro. O "Caronas Laranjal" tem, inclusive, regras, principalmente para dar aspectos de segurança aos usuários, lembra a criadora do grupo, Alice Falson. "A ideia inicial era só durante a greve e, se o pessoal gostasse, continuaria. E está dando certo", avalia.

Solidários
"Agora não tem por que não seguir", comenta Alexandre Ávila, funcionário público que mora na praia. Ávila já deu caronas e nesta quarta-feira (27) ganharia sua primeira. Trabalhando na rua General Neto, Alexandre gostou muito da ideia e é um assíduo em oferecer ajuda. Uma das caronas foi dada a Milene Velasco, micropigmentadora e moradora do Laranjal.

Ela estava no Centro no final da tarde, horário de saída do trabalho de Alexandre. Os dois eram vizinhos de poucas casas de diferença e viraram amigos. "É bom pra conhecer mais gente do bairro, pra integrar a comunidade. Neste caso, a gente morava na mesma rua e não se conhecia", comenta Milene.

A ideia é justamente esta, falam todos os entrevistados: ajudar os moradores do mesmo bairro, se integrar e se unir. No grupo são oferecidas caronas diárias, seja do Laranjal ou do Balneário dos Prazeres até o Centro ou o caminho contrário.

Trabalhando no Shopping Pelotas e morando no Balneário dos Prazeres, Mateus Nogueira vai para o serviço de transporte coletivo todos os dias. Da janela do coletivo, conta, percebe a grande maioria de motoristas sozinhos em seus veículos particulares. "Além de ajudar, você conhece pessoas, diminui o fluxo de veículos que já tá grande e colabora com o meio ambiente, otimizando o uso do carro", comenta.

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Sem conseguir uma carona e sem ônibus num domingo de greve, precisou usar a bicicleta de um vizinho para percorrer os 11 quilômetros até o seu posto de trabalho. "Eu sempre dei carona pro pessoal aqui do Barro Duro que esperava nas paradas, quando eu estava de carro. As pessoas precisam se ajudar mais", opinou.

O grupo também serve para informações sobre preços dos combustíveis e horários de transporte coletivo.

Regras
Há algumas regras que devem ser seguidas pelos participantes - tanto quem oferece carona como quem está pedindo. Os participantes devem informar o local de partida e até qual ponto, normalmente no Centro, a pessoa vai se direcionar. Quem está precisando da carona também informa já de antemão seu ponto de chegada.

Alice lembrou o fato de ser mulher, público normalmente vulnerável a algum tipo de violência. As caronas devem ser combinadas dentro do grupo, para o maior número de pessoas saberem do paradeiro, por exemplo. Quem dá a carona presta informações sobre o veículo, como modelo e placa. Até hoje, nenhum usuário registrou problemas.

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