O diretor-presidente do Sanep, Jacques Reydams, admite que o booster, de R$ 270 mil, não foi o suficiente para amenizar a falta d´água na medida que gostariam. As máximas acima dos 30ºC e a sensação térmica próximo dos 40ºC, principalmente, ao longo do mês de fevereiro, teriam intensificado o consumo. Mesmo com 7,2 milhões de litros - do Centro, da Balsa e das Três Vendas - redirecionados para o Laranjal, não raro o Reservatório R8, localizado no bairro Areal, mantinha-se no mínimo da reserva técnica.

“Não dava tempo pra encher. Ao mesmo tempo que se recuperava, ia ficando vazio”, enfatiza e assegura que, em nenhum momento, a autarquia suspende o funcionamento das bombas que garantem o abastecimento - teoricamente - 24 horas. O fato, entretanto, de o sistema de água de Pelotas ainda produzir os mesmos 102 milhões de litros, por dia, desde 1985, ajuda a explicar a escassez. Pelo Censo Demográfico de 1980, por exemplo, Pelotas possuía 259.950 habitantes. Já a estimativa populacional realizada em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta: atualmente são 342.053 em Pelotas. Um crescimento de 31% diante de um sistema de produção e distribuição que pouco evoluiu.

Solução definitiva sob risco
Depois de meses de atraso para começar, agora a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo pode ser prejudicada pelo atraso na liberação de verbas.

Desde novembro, o consórcio vencedor da licitação não recebe os repasses do Ministério das Cidades e a dívida atinge aproximadamente R$ 3,5 milhões. A pendência já virou, inclusive, pauta de reunião realizada com representantes da empresa paulista Enfil, que demonstra preocupação com o andamento da obra.

A ETA São Gonçalo promete ser a solução definitiva aos problemas de abastecimento de água em Pelotas pelos próximos 40 anos. A estrutura, orçada em R$ 28,8 milhões, terá capacidade de tratar até 500 litros de água por segundo.