Debate

Tamanho da roupa volta à pauta no Pelotense

Alunas reclamam da postura da equipe diretiva perante uso de determinadas peças de vestuário

Jô Folha -

Mais uma vez o Colégio Municipal Pelotense é centro de polêmicas. Na tarde da última sexta-feira (22), um grupo com dezenas de estudantes do Ensino Fundamental reuniu-se em frente à sala da direção para pedir explicações quanto a um problema antigo enfrentado no educandário: a roupa de alunas e alunos. De um lado, as estudantes reclamam da postura de membros da equipe diretiva, que barra a entrada na escola devido a peças de vestuário, como shorts e, até mesmo, saias longas. De outro, o diretor Arthur Katrein alega que a escola segue uma padronização de tamanhos com base no uniforme disponibilizado pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed).

A tentativa de equalizar as vestimentas usadas pelos "gatos pelados" - como são conhecidos os alunos do Pelotense - em relação ao uniforme da rede municipal se iniciou há quatro anos, segundo o diretor. Em 2015, uma indefinição sobre o recebimento das peças de roupas afetava a escola, que é a única com turmas de Ensino Médio sob responsabilidade da Smed. Os conjuntos em moletom de cores cinza e azul são confeccionados com foco nos estudantes do Ensino Fundamental.

Na época, a decisão foi tomada em reunião ampliada entre corpo docente e comunidade, como responsáveis e demais familiares. A decisão, então, foi de que, enquanto não recebesse os uniformes da rede, a escola passaria a adotar as medidas utilizadas pela Smed. "Em nenhum momento foi colocada em votação a proibição de peças. Foi pra fazer valer um padrão de roupa", frisou Katrein. A definição, de acordo com o diretor, é que os alunos e as alunas utilizem bermudas escolares. No ano seguinte, os estudantes do Ensino Fundamental receberam os conjuntos gratuitamente, o que não é de uso obrigatório.

Para não desconcentrar os meninos

De acordo com uma aluna do 8º ano do Ensino Fundamental, a justificativa de partes da equipe diretiva é de que as alunas não podem usar shorts, saias e vestidos para não desconcentrar os colegas de sala de aula. "Os guris podem andar do jeito que bem entendem. Eu já fui barrada de entrar na escola usando uma saia longa", relatou.

Outra estudante do 3º ano do Ensino Médio conta que estuda no local há quatro anos e, até então, não conhecia situações do gênero ocorrendo com as estudantes. "Agora tu pode até estar de bermuda masculina que eles abordam", refere-se à direção e aos monitores do colégio.

Na última sexta-feira, a estudante do 8º ano e um grupo de alunas tentaram dialogar com a equipe diretiva por conta das determinações que, segundo ela, não seguem a padronização do município. "Já vi colegas minhas usando short-saia do tamanho do uniforme da prefeitura e não puderam entrar na escola", conta. No encontro, a direção prometeu que, durante esta semana, a equipe diretiva vai rediscutir a questão e reunir-se com os alunos novamente.

Katrein defende a liberdade de organização dos estudantes contra as medidas. "Jamais vamos oprimir e reprimir alguém", afirmou. Ainda, destaca que, caso as alunas vejam funcionários utilizando argumentos com base em decisões morais, devem procurar a direção. O objetivo das estudantes é que, caso não ocorra o retorno por parte da gestão do Pelotense, um protesto seja feito fora dos muros do educandário - assim como ocorreu em 2015, movimento que ficou conhecido como Shortaço. "Nós meninas acordamos todos os dias lutando contra isso. Não vamos aceitar esse discurso machista", pontuou a estudante do 8º ano.

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