(Fotos: Gabriel Huth - Especial - DP)

"Um dia para entrar na história de Pelotas", assim definiu a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) nesta terça-feira, dentro de um dos ônibus que começam a operar o transporte coletivo rural a partir desta quarta-feira, 1º de maio. A primeira viagem levou uma comitiva de autoridades partindo do Mercado Central de Pelotas rumo à Casa Grupelli, no 7º Distrito. Foram quase duas horas de viagem até o local, onde foi oficializado o início das operações. Para a comunidade, foram apresentados os coletivos padronizados na cor azul marinho que andaram em uma comitiva até a Zona Rural, onde foram abençoados pelo Padre Capone.

Hoje cerca de 60 mil usuários utilizam o transporte rural todos os meses. Com a redução da tarifa para R$3,70 - igual à urbana -, a expectativa é de um aumento na utilização dos coletivos. Antes, a passagem mais cara era para Wilson Müller e custava R$17,00. Mesmo a mais barata, partindo do centro ao KM 13 na Colônia Maciel, de R$4,40, era superior a tarifa válida a partir desta quarta.

Durante a viagem, a prefeita lembrou do longo processo, iniciado ainda durante o governo Eduardo Leite (PSDB), onde era pretendida uma licitação conjunta entre o urbano e o rural. Impossibilitados por ordem judicial, a saída encontrada pelo governo foi criar um fundo, hoje com saldo de cerca de R$800 mil, para subsidiar a passagem. Esta reserva é fruto do fim da gratuidade para passageiros entre 60 e 64 anos.

"Estamos felizes e satisfeitos. É uma ruptura que fica difícil medir o tamanho do impacto na vida das pessoas da Zona Rural de Pelotas", falou a prefeita Paula Mascarenhas, sentada no primeiro banco do ônibus. Além da facilidade agora apresentada para a população da colônia, o caminho inverso também será facilitado. A medida, acredita, fortalecerá o turismo rural no município com mais pessoas do centro utilizando-se do transporte coletivo rural. "Será melhor, mais confortável e mais barato para o usuário", realçou Paula.

Regulamentado
A partir da agora, os 16 coletivos passarão a ter bilhetagem eletrônica, sistema de câmeras, GPS. Até o momento, foram confeccionados mais de cinco mil cartões. Ao todo são oito modalidades: vale-transporte, estudante, empresarial, cidadão, sênior, funcional, bagagem e especial. Os cartões são feitos na concessionária, na rua General Osório, 866. Os veículos poderão ter idade máxima de 20 anos. Cada coletivo terá 44 lugares. Os cartões rurais não terão integração com os urbanos.

Ao todo, as passagens terão um custo de R$7,32 que serão divididos entre o usuário (RS3,70) e o subsídio (R$3,62). Caso aumente consideravelmente a utilização dos coletivos, serão repassados recursos públicos do município para a operação, garantiu a prefeita. Para o secretário de Transporte e Trânsito (STT), Flávio Al Alam, o momento é de satisfação. "Foi um trabalho difícil. Em um momento de dificuldade financeira do município. Agora temos que trabalhar para que no dia a dia se concretize e a nossa gente da colônia tenha o que esperam há anos", disse.

Primeiras mudanças
Três horários sofrerão alteração. A linha Arroio Moreira/Gama (5º e 9º Distrito)a primeira partida da Zona Rural será às 6h30 e a última saída da cidade até a Cascata será alterada para as 18h15. Outra mudança será na linha Bachini/Grafitti, que terá a partida da Colônia às 5h.

Igualdade
O secretário de Desenvolvimento Rural (SDR), Jair Seidel, também falou sobre a importância de tratar igualmente a população de toda a cidade. Certamente proporcionará um uso mais frequente, mais conforto para os jovens que querem estudar e permanecer morando no campo com mais conforto. Esse tem sido um dos principais fatores das nossas ações", manifestou. Seidel também falou da importância de valorizar a população da Zona Rural pelo trabalho feito para toda a comunidade, citando a responsabilidade da produção de alimentos para o município.

Facilidade para o usuário
Moradores do Monte Bonito, Sandra Iara Lettnin, 47, e Carlos Eduardo Ziebell, 59, aprovaram a novidade. Sandra, que também possui uma casa no centro e praticamente utiliza diariamente os coletivos, já fazia as contas de quanto iria economizar com o novo sistema. "Todos os dias eu gasto R$7,60 mais R$3,70 do centro", calculava. Mesmo não utilizando tanto o transporte, Ziebell vê mais facilidade para passar a utilizar o serviço. "A gente torce pra dar certo", disse.