Cada Jovem Conta
Todos contam na prevenção à violência
Projeto pretende diminuir a evasão escolar para tirar a criminalidade do caminho dos jovens
Paulo Rossi -
A estratégia Cada Jovem Conta, do eixo de prevenção do Pacto Pelotas Pela Paz, pretende diminuir a evasão escolar e aumentar o rendimento dos alunos. Para isso, um trabalho em rede envolvendo quatro secretarias e a Guarda Municipal já começou a ser desenvolvido. No primeiro momento, a ideia é levar opções de trabalho, cultura, esporte e lazer a 80 estudantes do bairro Dunas. Dentre os resultados esperados, estão a diminuição da violência e o fortalecimento das famílias.
O trabalho começa nas escolas. É lá que se identificam os jovens mais propensos a saírem da sala de aula e acabarem entregues à violência. Uma vez escolhidos, a direção encaminha os nomes às secretarias municipais de Educação e Desporto (Smed), Saúde (SMS), Assistência Social (SAS) e Cultura (Secult). Juntas, elas pensam nas melhores soluções para cada caso. Os estudantes não sabem que fazem parte do programa. Tudo é feito de maneira natural, para não acabar estigmatizando-os.
A Smed oferece atividades esportivas e de lazer desenvolvidas nas escolas ou em locais próximos. O projeto Construindo Saberes, que atende em turno inverso alunos que não estão na série adequada, também integra a estratégia. Já a Secult dispõe de atividades culturais a eles como, por exemplo, Oficina de Hip Hop. As vagas do programa Jovem Aprendiz serão alinhadas com o cadastro dos jovens maiores de 14 anos para dar oportunidade de emprego a eles.
Outro programa já existente, o Saúde da Família, passará a atender os integrantes do Cada Jovem Conta. Em vez das visitas mensais que geralmente são feitas, o atendimento às famílias dos jovens será semanal. A intenção é proteger e fortalecer esses núcleos familiares.
O primeiro território atendido será o Dunas, composto pelas escolas municipais de Ensino Fundamental (Emefs) Afonso Vizeu, Bibiano de Almeida, Cecília Meireles, Jornalista Deogar Soares, Almirante José Saldanha da Gama, Joaquim Nabuco e Círculo Operário Pelotense (COP). De acordo com o secretário de Educação, Arthur Corrêa, a escolha se deu pelo alto número de homicídios visto na região.
Catiusse Duarte, diretora do COP, tem muita expectativa no projeto. Tirar o jovem das ruas e trazê-lo de volta para a escola é o grande desafio, avalia. Segundo ela, a ausência da família na vida desses jovens é um dos motivos cruciais para a evasão. Até hoje, a escola ficava muito sozinha na tentativa de resolver os problemas. Com o apoio das secretarias, a diretora tem esperança de que os alunos retornem à sala de aula e não cedam à violência.
Para os próximos meses, os resultados do Cada Jovem Conta serão avaliados e o programa será consolidado. Depois, chegará a hora de expandi-lo. A prioridade é para as áreas mais violentas da cidade.
Faltam perspectiva e interesse
Loreni Peverada, diretora de ensino da Smed, fala que a falta de perspectiva dos jovens afasta-os da escola. O programa ajuda a tornar esse ambiente mais atrativo, dando opções para que eles não queiram sair dele. "Queremos dar chance para a escola ajudar os estudantes", completa Sérgio Ferreira, diretor de Desporto e Lazer da Secretaria.
O modelo de escola atual não é de interesse dos jovens. Álvaro Hypólito, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas, afirma que há falta de sintonia entre o colégio e a juventude. Dentre as alternativas para remediar o problema, cita a escola de tempo integral e um currículo mais próximo da vida dos alunos. Ele também credita os problemas da violência à profunda desigualdade social existente e à falta de investimento na área de educação.
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