Mobilização

Trabalhadores da Enfil paralisam na ETA São Gonçalo

22 funcionários foram demitidos e aguardam recebimento dos salários referentes a dezembro e outros direitos; conforme Sanep, obra não paralisou

Paulo Rossi -

Atualizada às 18h24 para acréscimo de informações

Os trabalhadores da empresa Enfil Controle Ambiental paralisaram na manhã desta quinta-feira (9) os trabalhos na Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo. No início desta semana, 22 funcionários receberam aviso prévio de suas demissões e aguardam o pagamento dos salários relativos a dezembro. Conforme o Sanep, a obra não está paralisada, outros serviços estão sendo executados no local. Reunidos na porta do canteiro de obras, funcionários cobram explicações, seus salários e a rescisão contratual.

Pelos dados atualizados do Sanep, cerca de 70% da obra já está concluída. Com previsão de ser entregue em 2020, ainda faltam obras de elétrica e instrumentos. Este prazo, no entanto, pode mudar em função destas demissões. Pelas informações repassadas pela autarquia, não há atrasos no pagamento da obra por parte do poder público. "Temos recursos antecipados. O Sanep já pagou toda sua parte", indica o diretor-presidente, Alexandre Garcia.

Braços cruzados novamente
Em 2019, as obras paralisaram por duas vezes em função de problemas relativos a atrasos de salários. Conforme André Giovani, operário da empresa, é a terceira vez que há atrasos e não existe uma previsão para pagamentos. Na última segunda-feira, quando voltaram do recesso de final de ano, os funcionários receberam o aviso prévio. "Novamente não caiu o pagamento na conta", reclamou.

Operador de caminhão guincho, o funcionário diz que todos os trabalhadores vivem clima de incerteza desde a morte do colega Everton Luís Mesquita da Silva, 30 anos, soterrado em uma vala durante a instalação de tubulação em junho de 2019. Na época, a obra chegou a ser embargada por falta de segurança aos operários. Depois disso, começaram atrasos no pagamento de salários, relata Giovani, 45 anos, que já busca outro emprego.

O colega pedreiro Adão Dias, 57 anos, é um dos únicos que está na obra desde o início. Foi em outubro de 2015 que ele ingressou na empresa e na construção da ETA. Ele lembra que, antes do recesso, a meta dada aos trabalhadores era a construção de três caixas de concreto. Foram construídas cinco. "A gente chegou a adiantar serviço para cumprir as metas. A nossa parte a gente fez", lamenta.

Representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Pelotas também estiveram no local conversando com os trabalhadores. O presidente Dario dos Santos, também é crítico à forma como os funcionários são considerados pela empresa. "Parece que somos descartáveis, tira um e tem uma fila de desempregados precisando", endossou. O grupo pretende ir na Câmara de Vereadores de Pelotas na próxima terça-feira, para tratar da questão e pedir apoio dos parlamentares. Caso o pagamento não seja efetivado nos próximos dias, o grupo pretende ingressar na justiça para cobrar da empresa.

Sem gerência sobre a contratada
O diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, informou que não possui gerência sobre a relação da empresa terceirizada com os seus funcionários, . "Soubemos que a Enfil fez a desmobilização, mas é uma relação entre empresas e seus servidores. Não tenho gerência sobre os servidores, se optaram por demitir e reduzir o efetivo", declarou. Garcia garantiu que a obra não está paralisada e na manhã desta quinta eram realizadas intervenções por uma outra empresa terceirizada.

Ainda segundo o diretor do Sanep, o ritmo do andamento da obra está insatisfatório e a questão já é tratada com a empresa responsável, com sede em São Paulo. " Não tenho gerência sobre a relação com os servidores, mas tenho sobre o andamento da obra e quanto a isso vou pressioná-los", garantiu. Questionado se já foi cogitada a possibilidade de romper o contrato com a empresa, em função de diversos problemas em relação aos trabalhadores, o diretor informa que a possibilidade começa a ser aventada na administração. "Teve problemas, mas a empresa garantiu que iria seguir. Mas entram num momento que o fluxo não é satisfatório e pode-se começar a pensar (nesta possibilidade)", informou.

Sem respostas da Enfil
Até o fechamento desta edição, a empresa Enfil não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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