Mudança

Transporte coletivo terá mais horários a partir de quinta

Dúvidas quanto ao fluxo de passageiros e dificuldade para cobrir custos não permitem afirmar quando o sistema será totalmente normalizado

Jô Folha -

Os usuários do transporte coletivo de Pelotas devem começar a contar com mais horários a partir de quinta-feira (23), quando o comércio voltará a abrir as portas, após o próximo decreto municipal com regras para o funcionamento de lojas e de serviços. A incerteza com a movimentação de passageiros e a própria limitação no número de pessoas autorizadas a circular por ônibus ainda não permitem afirmar como ficará o cronograma - explica o secretário-executivo do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães.

O impacto da Covid-19 no desemprego e o total de trabalhadores que permanecerá em atividade no modelo de home office devem refletir diretamente na demanda pelo sistema de transporte. Na noite da última quinta-feira, empresários do setor reuniram-se por cerca de quatro horas para avaliar o cenário.

Entre os temas em pauta, estratégias que permitam o pagamento dos salários dos funcionários e evitem demissões. Atualmente, na carona das Medidas Provisórias (MPs) editadas pelo governo federal, existem três situações distintas: profissionais em férias, com redução de jornada e outros com contratos suspensos em função de pertencerem a grupos de risco.

E o endividamento só cresce. Cálculos atualizados confirmam: juntas, as seis empresas devem mais de R$ 16 milhões, somadas as pendências com fornecedores, financiamento de veículos e tributos, como o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQn) e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Somente com combustível, equivalente a 25% dos custos, a dívida ultrapassa R$ 1,6 milhão.

“Temos que cuidar para não começar a fazer o ‘canibalismo’, quando estraga uma peça em um veículo e a gente vai lá e tira de outro”, preocupa-se o advogado.

Receio em alta entre os rodoviários

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Pelotas mantém contato permanente com a patronal, na tentativa de barrar demissões. “Estamos fazendo o possível para segurar o trabalhador nos postos”, garante o presidente da entidade, Claudiomiro do Amaral. Nos últimos dias, o acordo coletivo da categoria - assinado em novembro de 2019 - já foi descumprido por parte das empresas, ao não pagarem o valor total do adiantamento salarial na segunda-feira, 13 de abril.

Ainda assim, o momento tem sido de diálogo - afirma o líder sindical. “Estamos explicando para o pessoal que precisamos ter clareza do cenário. Essa pandemia está deixando um rastro de problemas”, diz. E lembra que quem saiu e retornou de férias também segue no aguardo de pagamento.

Confira alguns reflexos

Total de passageiros: Atualmente, com a recomendação de distanciamento social, o número de usuários despencou para aproximadamente 20 mil pessoas por dia. Em alguns momentos, não passou de 15 mil. Em um período de fluxo normal seriam em torno de cem mil passageiros, por dia, entre pagantes e não pagantes.

Endividamento: O déficit acumulado das empresas, só de dezembro para cá, beira os R$ 9 milhões. Os primeiros 15 dias de abril registram o maior prejuízo. O projetado para o período era de que entrassem no caixa em torno de R$ 3,6 milhões; o equivalente à metade do faturamento mensal estimado para 2020, de R$ 7.178.880,00. Com o número limitado de usuários, menos de R$ 712 mil foram arrecadados. O valor equivale a 20% do necessário para cobrir só a folha de pagamento. Sem falar em todos os outros custos do sistema.

Horários: Estão restritos a 40% do fluxo normal. Os horários de segunda a sábado são os mesmos adotados aos domingos. E, no próprio domingo, com número reduzido de usuários, a Secretaria de Transporte e Trânsito (STT)autorizou a unificação de linhas. A expectativa é de que, aos poucos, horários e rotas comecem a voltar ao normal.

Funcionários: Hoje apenas 40% dos trabalhadores dividem-se nas escalas. É o equivalente a aproximadamente 320 funcionários na ativa.

Combustível: Se toda a frota - de 212 veículos, entre ônibus e micro-ônibus - estiver nas ruas, o Consórcio consome entre 350 mil e 400 mil litros de diesel por mês.

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