Alerta
Travessia arriscada
Pontilhão da estrada da Boa Vista está em condições precárias; domingo, um acidente no local provocou a morte de um homem
Carlos Queiroz -
Diariamente, mais de 40 caminhões carregando materiais de construção como areia, madeiras e tijolos passam pelos dois pontilhões da estrada da Boa Vista. Localizada no bairro Areal, as duas pontes apresentam sinais do uso e de pouca manutenção. A situação de ambas provoca medo em que precisa passar por elas. Moradores relatam já terem encaminhado diversos pedidos de reparos alertando para o risco de acidentes. E foi o que ocorreu no último domingo (19), quando uma família atravessava a construção de madeira com uma charrete, que tombou na água. A Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (SSUI), após o ocorrido, está trabalhando em um levantamento para avaliar a situação das pontes.
O socorro à família acidentada ocorreu dentro da casa da Daniela Marrinhas, agricultora de 35 anos. Na charrete, estavam pai, mãe e a filha do casal, de apenas três anos - o homem não sobreviveu à queda e faleceu no local, conforme contam os moradores. “Eles passaram na frente de casa e estavam todos tranquilos, indo passear. O cavalo deve ter se desequilibrado ou se assustado com algo na ponte”, contou a moradora. Outros dois homens acompanhavam a família, andando a cavalo, e chamaram os moradores da região para ajudar. Os vizinhos ajudaram na remoção das vítimas, junto à equipe do Samu. “De domingo pra segunda não consegui nem dormir direito. Fiquei com a cena toda, as lembranças na cabeça”, recordou.
Infelizmente, não foi a primeira vez que um acidente tomou a vida de alguém nos pontilhões da Estrada da Boa Vista. Em meados de 2017, um casal também se acidentou, dessa vez de carro, e faleceu em uma das pontes. Os moradores da Boa Vista conhecem os problemas e reclamam do descaso com o local por parte do poder público.
Problemas que vem e vão
Morador do local desde 1981, Leonel Fonseca, 57, conta que os problemas na estrutura das pontes são crônicos. Há cerca de cinco anos, o produtor rural e outros moradores da região tiveram de investir nas melhorias, cansados de esperar providência da prefeitura. “Foram duas pranchas de toras de eucalipto e uns três, quatro caminhões menores de madeira”, explicou. Segundo o morador, por dia o trânsito de caminhões no local é intenso: são mais de 40 veículos transitando por cima das pontes de madeira. Além disso, carros pequenos possuem dificuldade de passar no local, por conta do espaço entre as vigas de madeira, bastante largos para a passagem das quatro rodas.
Durante à noite, o risco é ainda maior já que não existe qualquer tipo de sinalização ou iluminação no trecho. Daniela lembra que antes da pandemia, as vans que transportavam crianças para as escolas precisavam parar antes de atravessar os dois pontilhões, descer todos os alunos e somente depois seguir com o percurso.
As notificações à Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (SSUI) são frequentes garantem os moradores. “Quando as madeiras começam a se soltar nós já avisamos. O problema é que só trabalham sob pressão”, criticou Fonseca. Em maio ele diz já ter registrado em foto os danos do pontilhão, que não eram poucos.
Na tarde desta terça-feira, moradores colocaram bandeiras pretas na ponte onde a família se acidentou, em homenagem à vítima. Uma placa sinaliza o ocorrido, com a frase ‘Aqui aconteceu uma tragédia! Luto, descanse em paz’.
Resposta da SSUI
Responsável pela manutenção de cinco pontes localizadas na área urbana do município, a SSUI começou, após o ocorrido, um levantamento para avaliar todas as construções. O titular da pasta, Antônio Ozório explicou que o pontilhão onde ocorreu o acidente no domingo estava “dentro da normalidade”, afirmou. No último dia 3 de julho, há pouco mais de três semanas, a pasta havia realizado uma manutenção de rotina no local. “Fiquei bastante chateado com o ocorrido mas acredito que fizemos o possível para manter a ponte segura. Foi uma fatalidade, não é culpa da ponte em si”, completou.
A reforma das pontes da Estrada da Boa Vista não estão entre as prioridades da SSUI no momento. Ozório destacou que, para construir estruturas de concreto no local, são necessários mais de R$ 2 milhões. Além do Areal, outras duas pontes estão localizadas na Sanga Funda e na Estrada da Gama, ambas no bairro Três Vendas.
Junto ao levantamento realizado pela Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura, a Secretaria de Desenvolvimento Rural auxilia no processo. A pasta possui um setor próprio que cuida das dezenas de pontes da zona rural, com engenheiro de pontes responsável.
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