Reconhecimento
UFPel homenageia aluno com nome de auditório
Vítima de um câncer, Andrew Valadão protagonizou conquistas históricas para a universidade
Carlos Queiroz -
Pela primeira vez, nos quase 50 anos de história da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um auditório acadêmico recebeu o nome de um aluno. Vítima de um câncer, Andrew Andrade Valadão, faleceu em janeiro deste ano, aos 27 anos, e foi uma figura ativa no movimento estudantil. A cerimônia ocorreu na tarde desta segunda-feira (05), data em que completaria 28 anos, no espaço que agora tem seu nome, localizado na Faculdade de Administração e Turismo da UFPel, no quarto andar do Campus Anglo.
Valadão ingressou na UFPel em 2009, no curso de Economia, e depois de um tempo optou pela Gestão Pública. Quando diagnosticado com câncer, teve que interromper sua trajetória estudantil por duas vezes para o tratamento. Nos anos de 2013 e 2014 foi coordenador-geral do Diretório Central de Estudantes (DCE). Também em 2013 foi membro do Conselho Universitário (Consun) e do Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe), em 2014. Valadão protagonizou significativas conquistas referentes ao transporte de apoio, moradia estudantil e restaurantes universitários. Além disso, foi quem sugeriu a criação do Conselho de Planejamento da UFPel.
Quem propôs a homenagem foi o estudante e colega de DCE de Andrew, Patrick Neves. O acadêmico relata que o batismo do ambiente é singelo, mas justo. Reconhecido por lutar por uma Universidade pública, gratuita, de qualidade e inclusiva, a intenção é que a memória de Andrew seja sempre preservada. "Acredito que, a partir de hoje, quando entrarmos por essa porta ele estará nos recebendo", disse Neves.
O reitor Pedro Hallal relata que em tempos de "naming rights" - proposta do Future-se para nomear um bem, evento ou local da universidade com o nome de uma pessoa ou empresa em troca de compensação financeira -, a atitude de nomeação é um ato de resistência. "Aqui na UFPel é pra quem merece e não pra quem tem dinheiro", completou. O acadêmico homenageado participou ativamente da campanha para as eleições da reitoria e sempre acreditou no papel social da universidade. "Andrew não será apenas lembrado pelo nome do auditório, mas por suas ideias", frisou Hallal.
Valadão é lembrado pelos amigos como alguém que entendia que a universidade é uma forma de salvação e não só de formação acadêmica. Agora, eles enxergam que a obrigação é dar continuidade a luta por uma universidade aberta e democrática. "Seguiremos lutando por uma UFPel que acolha negro, pobre e comunidade LGBTQI" , ressaltou Gustavo Ribeiro, mestre em história pela UFPel e amigo de infância do estudante. Para Laura Moschoutis, estudante de Design Gráfico, o momento é histórico, pois é o reconhecimento das inúmeras lutas que o homenageado performou durante o movimento estudantil.
A partir de agora, o Auditório Acadêmico Andrew Andrade Valadão, será pautado como um lugar de luta, tanto as estudantis como as de quem luta para viver. "Andrew vai estar aqui para lembrar que se existe restaurante escola no Anglo e ônibus pro Capão, é porque corajosamente os estudantes se mobilizaram", destacou Laura.
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