Luta

Um ano após ocupação, estudantes do IFSul seguem mobilizados

Alunos que protagonizaram movimento em outubro do ano passado relatam avanços dentro do Campus Pelotas

Carlos Queiroz -

Há um ano, na segunda-feira 17 de outubro de 2016, o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) amanhecia com aulas suspensas por tempo indeterminado. Tentando chamar a atenção para o corte de gastos proposto pelo governo federal, um grupo de cem estudantes ocupou o Campus na praça 20 de Setembro no dia anterior e impediu que quatro mil alunos e 550 servidores tivessem acesso ao local. Após cerca de 20 dias de protestos, que incluíram também o prédio da Reitoria, as atividades foram retomadas na instituição. No entanto, a ocupação criou um estado de mobilização permanente dos estudantes.

Desde a tarde desta segunda-feira (16), integrantes do movimento Ocupa IFSul retornaram aos corredores do instituto. Desta vez, porém, para outro tipo de manifestação. Ao invés de parar as aulas em defesa de mais investimentos em Educação, montaram um estande com materiais sobre a ocupação. Querem lembrar outros alunos, inclusive novatos, das dificuldades enfrentadas por instituições de ensino de todo o país, da necessidade de se manter em alerta e dos avanços conquistados com as manifestações

"Apesar de todos os protestos em Pelotas e outros lugares, continuamos sentindo os efeitos das ações do governo que impactam nos institutos e universidades. É importante continuarmos atentos", afirma Carol Lima, 18. A estudante de Eletrotécnica está entre os 50 jovens que mantêm discussões sobre os rumos do IFSul e considera que, um ano depois, os alunos passaram a ter mais voz. "Foi o início de um processo que nos fez sermos mais ouvidos na hora de decidir algumas coisas aqui dentro", diz.

Até o final da semana, o movimento Ocupa IFSul permanecerá com o estande no interior do Campus. A ideia dos organizadores é promover na sexta-feira uma roda de conversa aberta aos estudantes no saguão, contando com a participação de secundaristas de outras escolas da cidade.

Inspiração
Um dos principais rostos da ocupação do ano passado foi Manu Schönhofen, 16. Diante de uma plateia composta de deputados, diretores de instituições de ensino e estudantes, a aluna de Comunicação Visual do IFSul fez um discurso na Assembleia Legislativa em defesa do ensino público que viralizou nas redes sociais e a tornou símbolo das ocupações no Estado. Com a repercussão do vídeo, conta que a partir dali cresceu o apoio da população, especialmente entre os jovens. "Viramos inspiração, isso é bom. A ideia é conscientizar que a política influencia a nossa Educação, a nossa vida. É preciso participar", comenta.

Segundo ela, mesmo que a situação do financiamento dos institutos federais não tenha melhorado, inclusive com falta de materiais básicos em alguns setores como o de saúde, outras pautas da ocupação deram resultado. Os relatos de assédio de professores a alunas sumiram, já que a partir das denúncias apresentadas em 2016 dois profissionais deixaram o IFSul, aposentados. Além disso, foi reativado o Núcleo de Gênero e Diversidade (Nuged), onde os estudantes podem notificar ocorrências de homofobia e machismo, por exemplo.

"Houve oxigenação"
Para o diretor de Ensino do Campus Pelotas do IFSul, Rubinei Ferraz, a ocupação por parte dos alunos serviu como um alerta para a necessidade de maior abertura da instituição. "O movimento deles serviu para que fossem repensadas algumas atitudes. Houve uma oxigenação aqui dentro", avalia.

De acordo com Ferraz, a pressão dos estudantes por mais recursos para a Educação é válida e se soma àquela encampada pelas instituições federais. Até o fim do ano, o IFSul terá à disposição apenas 75% da verba necessária para o custeio de suas atividades. O que obriga a promover cortes. "Estamos investindo só no extremamente necessário. Gostaríamos de oferecer assistência estudantil a todos os três mil alunos do Ensino Médio, mas temos recursos para cerca de 1,3 mil. Estamos priorizando ainda a capacitação de professores e o esporte. Existe uma dificuldade, mas provavelmente terminaremos o ano com grande parte dos compromissos em dia", projeta o diretor.

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