História

Um debate livre e opinativo há 45 anos

Programa Pelotas 13 Horas foi ao ar pela primeira vez no dia 6 de novembro de 1978 e segue até hoje liderando a audiência

Foto: Carlos Queiroz - DP - Radialista e jornalista Clayton Rocha está à frente do programa desde 1978

Quando se escuta rádio e se tem a sensação de que não está só em sua opinião, ou quando a vontade é de interagir, elogiar ou criticar é porque o programa tem credibilidade, é formador de opinião e propaga conhecimento. Assim, dentro dos cem anos da existência da rádio no Brasil, por quase meio século o Programa Pelotas 13 Horas da Rádio Universidade Católica de Pelotas faz parte da história de Pelotas e Zona Sul, com liderança na audiência. Em formato de debate, que é livre e a opinião sendo independente, tem hora marcada com os ouvintes de segunda a sexta, das 13h, claro, até as 14h30min, pelo dial 1160 AM ou, em tempos modernos e tecnológicos, pela Internet e aplicativo onde é possível dar um espichada com a conversa, muitas vezes interrompida pelo gongo da trilha sonora, que se mantém a mesma.

À frente do programa desde o dia 6 de novembro de 1978, o radialista e jornalista Clayton Rocha conta que a ideia de colocar no ar um debate que tratasse da política e de outros tantos temas relevantes a Pelotas surgiu na durante a transmissão do conclave que elegeu o Papa João Paulo I, em Roma. A partir desse momento abriu as portas, ou melhor, o microfone, para personalidades que fizeram e ainda fazem parte da história da cidade, do Estado, do País e até mesmo do mundo, pois pelo 13 já passou entrevistados de diferentes nacionalidades, com transmissão em quatro continentes, sendo o segundo debate diário mais antigo do Brasil.

"Uma teimosia diária, pois é muito difícil organizar um debate por dia no interior do Estado. O esforço precisa ser renovado. A frase que diz tudo: é preciso abater um leão por dia, e o programa é o dia a dia", define Clayton Rocha que no programa de aniversário passou de âncora a agraciado. O salão amarelo ficou pequeno para tanto debatedores e visitantes desta segunda e que fizeram questão de parabenizar o 13. Ao longo do programa, foram muitos nomes lembrados e citar alguns seria injustiça, pois sempre irá faltar quem marcou época.

Para representar todos, o professor Neiff Olavo Satte Alam, que participa desde o primeiro dia de debate no ar, resumiu assim Clayton Rocha: "Tu tinhas uma ideia e a transformaste em fato. Essa interação é muito difícil e já na época muitas pessoas não acreditavam que poderia dar certo. Mas com tua capacidade e persistência, conseguiste fazer um programa com algumas características que são raras: abrigar uma diversidade ideologia política partidária e de pensamento, que é raro dessa natureza. Aqui nós debatemos, discutimos e nos acertamos e o programa segue em frente. E não levou 45 anos para isso acontecer. Foi no primeiro programa. Mesmo vivendo momentos mais duros, as coisas aqui acabam acontecendo".

A representação popular veio pela mensagem do ouvinte de mais de 30 anos, Everardo Aguiar. Ele contou que costuma se questionar porquê tem tais opiniões e se está certo ou errado. Mas que ao escutar o programa, percebe que alguém pensa como ele. "Eu almoço e vou escutar o programa, como se fosse tomar um cafezinho depois da refeição. É como um vício", admitiu. Os debatedores da mesa, ao ouvirem a mensagem, concluíram então que o papel do programa está sendo cumprido. São cerca de 35 profissionais liberais, além de jornalistas e homens do rádio que participam dos debates diários, no salão amarelo do estúdio, no 7º andar do Edifício da Associação Comercial de Pelotas (iniciou nos estúdio da RU e passou por uma sala no antigo prédio do Banlavoura, na rua 15 de Novembro), sempre regado a chá verde, com o diferencial que agora são em canecas personalizadas.

Para o produtor Paulo Gastal Neto, que está há 33 anos no rádio, produzir e apresentar o programa é como um renascer. "Termina o programa e nós já estamos pensando no do dia seguinte", conta. "Aqui todo conflito é examinado. Por isso é muito importante o olho no olho. Nós convidamos ao debate, pois é importante, mesmo com diferenças políticas, não necessariamente, o microfone estar aberto para a opinião. Esse é o papel do Treze, essa é a teimosia diária do Treze", completou Rocha.

Pelo mundo

Com a certeza que o 13 Horas se encaixa em qualquer lugar do mundo, o programa já realizou coberturas como Londres 13 Horas, na queda de Margareth Tatcher, em 1990; Berlim 13 Horas, na derrubada do Muro de Berlim, em 1989; Lisboa e Aveiro 13 Horas, em 1996, 1997 e 2000 durante o Projeto Luso Grande do Sul, idealizado pelo 13 para as comemorações dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil; Paris 13 Horas, durante a Copa do Mundo de 1998, com Paulo Gastal Neto, José Antônio Costa e Manoel Valente; Köln (Colônia, na Alemanha) 13 Horas, durante a Copa de 2006, com Paulo Gastal Neto e mais recentemente, em 2017, em Portugal, o Fátima Treze Horas, com Paulo Gastal Neto, durante a visita do Papa Francisco ao Santuário, nas comemorações dos 100 Anos das aparições de Fátima.

Do Vaticano foram transmitidos a cobertura das eleições dos papas João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e concessão do palium de arcebispo ao arcebispo Metropolitano de Pelotas, Dom Jacinto Bergmann, em 29 de junho de 2011. O Treze Horas também esteve presente durante o Conclave de março de 2013, quando da eleição do 1º Papa da América Latina, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco.

Na Ásia, o 13 Horas deu voz à devolução de Hong Kong à China, em 1997, no Hong Kong Treze Horas. Também transmitiu de Bangkok, Pequim, Tóquio e Macau em séries de uma semana. Com participação de Viviane Senna da Silva, o debate Tóquio 13 Horas foi levado ao ar, diretamente da capital japonesa, quando do jogo Grêmio contra Ajax, da Holanda, válido pela decisão do Mundial de Clubes. A irmã do piloto Ayrton Senna participou da transmissão, diretamente de São Paulo, através de texto que recuperava as três conquistas de Ayrton Senna na Fórmula 1, todas obtidas em Suzuka, Japão. Em 1998, mais uma vez na Ásia, com Clayton Rocha e Paulo Gastal Neto, o Macau Treze Horas, por ocasião do Congresso Internacional de Universidades de Língua Portuguesa; Também em 1998 o Pequim Treze Horas, em um 1º de Maio, Dia do Trabalho, o programa transmitiu diretamente da China.

Durante a Copa do Mundo de 1986, o 13 Horas foi ao ar diretamente do México, na série Guadalajara Treze Horas, acompanhando o evento durante 30 dias. As transmissões especiais contaram com a presença do jornalista João Saldanha, do Rio de Janeiro, que integrou a equipe de Debates Pelotas 13 Horas também na Cidade do México. No mesmo país, em 14 de junho de 1986, o 13 transmitiu o funeral do escritor argentino Jorge Luis Borges com o depoimento do poeta Octavio Paz.

No Brasil, o 13 entrevistou Oscar Niemeyer, diretamente do escritório do arquiteto, no ano de 2010. Também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atuou como comentarista convidado do Brasília 13 Horas, tendo ao seu lado dona Sarah Kubitschek, durante a Convenção Nacional do PMDB que oficializou os nomes de Tancredo de Almeida Neves e José Sarney como candidatos a presidente e a vice-presidente da República. Aldyr Garcia Schlee, professor universitário, escritor, criador da camiseta canarinho da Seleção Brasileira, foi um dos principais colaboradores. Ele e Clayton Rocha coordenaram a série Brasília Treze Horas durante a instalação da Assembleia Nacional Constituinte, no final dos anos 80.

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