À espera da primavera

Um lugar ao sol e nas praças

À espera da primavera, frequentadores de praças e parques de Pelotas clamam por banheiros, iluminação e segurança

Paulo Rossi -

Basta um dia ensolarado e com temperaturas amenas em meio ao inverno rigoroso e úmido de Pelotas para a população curtir os espaços verdes da cidade, cada vez mais explorados. Com a proximidade da primavera, que se inicia no dia 22, a tendência é aumentar o fluxo de ocupantes dessas áreas. Na cidade, são 92 praças e parques com playground e a reportagem do Diário Popular visitou alguns desses espaços no Centro e nos bairros para conferir se estão aptos a receber os pelotenses. A demanda comum entre os frequentadores é a falta de banheiro - presente em apenas quatro -, de iluminação e de segurança.

A técnica em enfermagem Jaqueline Neiva, 51 anos, é de Mato Grosso e desembarcou em Pelotas para conhecer os espaços da cidade. “Estar ao ar livre é vida. É interagir com outras pessoas. Tem gente que ainda não sabe utilizar a grama”, comentou. Ela e a amiga, a estudante Amanda Rivas, 20, costumam ocupar as praças e dizem adorar a “Donja”, mas lamentam a falta de um banheiro e de uma educação visual. “Seria importante placas indicando o que pode e o que não pode fazer em um ambiente público.” Nos locais visitados, a maioria tem bancos novos e é bem arborizada.

O pequeno Arthur, de um ano, brincava na praça da avenida República do Líbano, sob a supervisão da madrinha Joana Lemor Dias, 17. O cuidado era para que a criança não caísse na poça d’água embaixo do balanço, uma vez que não confia na estrutura do brinquedo. De acordo como diretor da Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui), Vicente Amaral, existe um cronograma da pasta para a manutenção e os consertos dos playgrounds. “A prioridade será para os espaços mais procurados como Laranjal, Dom Antônio, Coronel Pedro Osório e Baronesa”, adiantou. Já a limpeza é de responsabilidade da Coordenadoria de Serviços e Ações Comunitárias (Cosac) de cada região e algumas pela equipe de manutenção das praças.”

Aspectos
Os frequentadores da praça Leocádia, no Areal, precisam seguir as instruções do cartaz: “Cuide! A praça é nossa. Obrigado!” O espaço é bem cuidado e bastante arborizado, além de contar com duas churrasqueiras. Na Rodoviária, os ocupantes também são conscientes e preservam o local. O casal Anderson, 30, e Maiara, 24, aproveitou a ida ao terminal para levar os pequenos Maria Eduarda, sete, e Bernardo, nove meses, para brincar. “Onde moramos, na Cohab Lindoia, a praça está abandonada”, desabafou Maiara. A reportagem foi até o quarteirão do bairro e encontrou a área de lazer com lixo espalhado e roupas masculinas, como se o local estivesse sendo habitado. A folhagem esconde algumas poças de água. Mas o que distancia a praça das crianças são os brinquedos. O escorregador não tem a rampa, apenas a escada.

Questionado sobre o estado de conservação do espaço de lazer, Vicente Amaral adiantou que foi instalada na comunidade uma praça nova na rua Açores e feita a manutenção em outras duas. “Ainda falta recuperar esta da rua São Luiz, que está em nosso cronograma de prioridades.” O diretor lembra que a prefeitura tem parceria com comunidades na forma de adoção de alguns espaços públicos, como a Cipriano Barcelos, praça Modelo, a da rua Irmão Fernando de Jesus e a da Guabiroba.

Esta última, no entanto, parece que foi esquecida pelos moradores. Próximo aos brinquedos, que precisam de reparos, há lixo e até um sofá, além da grama por cortar. O estado de conservação entristece a moradora Maria Bierhals, 49. Vizinha há 15 anos do espaço público, contou que o local já esteve em melhores condições. “Não tem iluminação à noite.” Na quadra poliesportiva não há mais cesta de basquete. “Mesmo sendo adotada, vamos verificar a situação”, prometeu o diretor da Ssui.

Falta lixeira ou educação?
No bairro Porto, a praça da Alfândega deixa a desejar quando os assuntos são limpeza e iluminação. Aves mortas e oferendas espalhadas em meio aos arbustos contrastam no cenário, geralmente frequentado por acadêmicos. A iluminação é precária, segundo os comerciantes de um trailer, e faltam lixeiras. A estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFPel, Lívia Cabreira, 17, que aguardava o transporte coletivo, disse que quando chega o ônibus, o pessoal acaba deixando o lixo no chão. A demanda da aluna, segundo Vicente, já foi encaminhada à SQA, responsável pelo setor na cidade.

Segurança
De 15 praças e parques visitados pela reportagem, sempre no período da tarde, em nenhum foi visto algum guarda municipal ou viaturas. A sensação de insegurança nesses locais públicos levou a turma do 2º ano do Ensino Médio do Monsenhor Queiroz até a praça Coronel Pedro Osório para realizar atividades físicas com o professor Arilton Ávila, 48. “Já fomos em outras praças e não nos sentimos à vontade”, comentou o docente. Ainda assim, no local que aparentemente oferece mais segurança, estudantes disseram que já foram assaltados em pleno coração da cidade. Para eles, a iluminação poderia amenizar a criminalidade no local.

Entre as luminárias da praça, a reportagem contou quatro funcionado. Mas conforme o secretário de Cultura, Giorgio Ronna, está prevista para setembro uma nova obra de paisagismo no ponto turístico da cidade. Já a Ssui admite que somente algumas praças são iluminadas.

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