Proteção
Um morador que espanta e se espanta
Vivendo há 40 anos em banhado entre as avenidas Adolfo Fetter e Rio Grande do Sul, no Laranjal, jacaré tem sido visto com maior frequência
Jô Folha -
Você mora no mesmo local há 40 anos. Sempre se sentiu confortável, teve próximo tudo aquilo que entende como necessário e até o vento parece favorável. De repente, a casa começa a receber novos e muitos habitantes, vários deles de espécies diferentes a sua. Você fica nervoso. Passou por essa situação um jacaré que, habitando há 40 anos um banhado entre as avenidas Adolfo Fetter e Rio Grande do Sul, no Laranjal, começou a assustar os moradores da região - e a se assustar com eles também.
Copérnico, como foi batizado pela vizinhança, tem algo em torno de um metro e meio. A primeira aparição se deu no final de novembro, quando um rapaz, de fones de ouvido, passava à noite ao lado do banhado - trajeto comum entre quem vive no local - quando ouviu sons estranhos ao ambiente e ao horário. Olhou para trás e qual foi a surpresa ao se deparar com o animal. Ele então chamou o coletivo SOS Laranjal, que foi ao local e tentou imobilizar o animal e fazer contato com o Policiamento Ambiental - o órgão, porém, estava em outra ação e não pôde auxiliar. Tudo durou até as 4h, quando Copérnico, enfim, descansou banhado adentro. Desde então, porém, outras aparições ocorreram, algumas à luz do dia.
Preocupação
Membro do SOS Laranjal, a relações públicas Sheila Melgarejo afirma que a comunidade se preocupa principalmente com o livre acesso que o jacaré tem - se para um humano as cercas de arame representam perigo, são como água para os escudos queratinados do réptil. “Ficamos com medo, pois existem muitas crianças na vizinhança, além das pessoas que ficam aqui paradas esperando os ônibus.” A liberdade do animal, diz ela, pode também vitimá-lo. “O barulho dos carros o deixa agitado, ele pode tentar atravessar a faixa e ser atropelado ou causar um acidente de trânsito grave”, preocupa-se. “Mas temos de entender que nós somos os invasores”, pondera.
Habitat
Sheila tem razão. Não é incomum aparecerem jacarés na região do Laranjal e do Recanto de Portugal. Isso porque tais locais são o habitat do animal, que tem como característica costumes aquáticos. De acordo com o comandante da 3ª Companhia Ambiental da Brigada Militar, capitão Avelino, tais hábitos também explicam o porquê de o órgão ainda não ter retirado Copérnico de local que, embora seja seu, agora para ele representa perigo. “Devido ao crescimento desordenado, ele se sente ameaçado. Para capturarmos, é preciso que ele esteja em terra, pois só assim nossos equipamentos podem ser utilizados”, explica.
Segundo o oficial, a captura deve ocorrer nos próximos dias e Copérnico será enviado ao Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre da Universidade Federal de Pelotas (Nurfs/UFPel).
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