Mobilização

Um olhar diferente para a adoção

Evento estimula que crianças e adolescentes possam ganhar uma família e um lar, o que historicamente é mais fácil para os bebês

Leandro Lopes -

Era para ser uma reportagem sobre a caminhada promovida pelo Juizado e a Promotoria da Infância e da Juventude em favor da adoção de crianças em adolescentes e não apenas por bebês. E é. Mas junto com ela vêm duas histórias lindas de adoção, exatamente de filhos na faixa etária que não é a mais procurada. Ambas famílias fizeram parte desse chamado à sociedade, para que tenha um olhar diferente a esses menores que também precisam da chance de ter um lar. Cabe aos interessados em adotar lhes dar essa oportunidade e foi esse o intuito da mobilização desta manhã (19), que contou com a adesão de mais 200 pessoas e percorreu o canteiro da avenida Dom Joaquim em um verdadeiro chamamento à população.

Ana Paula Santos, 33, tinha sete quando foi adotada pela professora aposentada Lourdes Silveira, hoje com 71 e na época com 33. Através de uma amiga, Lourdes soube da história da menina, que morava no interior com uns parentes e tinha uma vida difícil. "Passava muito trabalho", conta a mãe, que não tinha filhos biológicos e resolveu tentar adotar a criança. "Quando busquei ela tinha feridas pelo corpo inteiro. Estava calor e ela usava três blusões de lã", relata.

Quando Ana Paula chegou em sua nova casa se encantou: "Eu olhava para todo o lado e achava tudo tão lindo! Minha casa era muito humilde", conta. Mas logo se adaptou à nova vida, assim como uma à outra. Sempre se deram muito bem. Tanto, que consideram um encontro de almas gêmeas. Ana Paula diz que foi abençoada e nunca teve problemas em falar que é adotada. "Ela é minha filha verdadeira", completa Lourdes, ao acrescentar que hoje em dia, já viúva, vivem só as duas e que tem muito orgulho de Ana Paula, estudante de Viticultura.

O casal Liana Xavier, 38, presidente do Grupo de Adoção de Pelotas, e Fabiana Poetsch, 33, veterinária, foi à João Pessoa, na Paraíba, para buscar os dois filhos de oito e seis anos de idade. Chegaram em Pelotas com os meninos neste sábado (18), após três meses passados lá para conviver com as crianças. Antes disso tiveram um mês de aproximação pelo Skipe. O processo de adoção, contudo, durou dois anos e meio e ainda não está concluído. Mas os pequenos já podem morar com elas e em Pelotas. A guarda para fins de adoção é das duas.

Felicidade define o sentimento de ambas. Elas falam sorrindo. Contam a história com um brilho nos olhos. Salientam que o grupo de apoio à adoção ao qual pertencem reúne pessoas interessadas em adotar crianças e ajuda muito na habilitação e no processo como um todo. As reuniões são mensais. Informações adicionais sobre o trabalho delas podem ser conferidas na página facebook.com/gaapelotas.

Uma nova perspectiva
A promotora da Infância e Juventude, Luciara da Silveira, enfatiza que a ideia da caminhada foi justamente dar visibilidade à adoção de crianças e adolescentes, que é de difícil colocação. O evento contou com a participação da prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência Social, e alguns empresários da cidade, que ajudaram na estrutura, confecção de camisetas e distribuição de água. Para ganhar uma camiseta da caminhada, cada participante doou um quilo de alimento não perecível. Os donativos foram para a Secretaria, que vai se encarregar de distribuí-los nos abrigos e para famílias carentes cadastradas.

Conforme a promotora, a intenção é realizar o evento anualmente para a sociedade conhecer o assunto e participar. Atualmente, nos abrigos municipais, existem cerca de 20 adolescentes que aguardam por pais adotivos. O secretário Luiz Eduardo Longaray lembra a importância de estimular a sociedade a adotar, ainda que sejam adoções tardias. A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) também participou da caminhada e lembrou que não pode haver amor maior do que adotar uma criança, um adolescente, e oferecer uma nova perspectiva de vida a eles. "São exemplos como esse que inspiram mais pessoas", ressalta, ao se referir à mobilização.

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