União
Um período de colaboração
Brasileiro conta como a Espanha está enfrentando o aumento de casos de pessoas com a Covid-19; restrição da circulação é apontada como necessária
Divulgação -
O número de casos registrados de pessoas com o novo coronavírus segue aumentando na Europa. Dados fornecidos pelo Ministério da Saúde da Espanha, na tarde de ontem, apontaram que 4.089 pessoas morreram em decorrência da Covid-19, número maior do que o registrado na China, país que registrou os primeiros casos da doença. A Espanha também é o segundo país com o maior número de casos no continente, que passou a ser o epicentro da doença. Entre as medidas para tentar conter o avanço da enfermidade, o governo espanhol adotou a quarentena obrigatória, com a restrição de circulação nas ruas; ação também adotada por outros países europeus, como Portugal, que promovem alterações na vida da população.
Dia 13 deste mês, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, declarou o estado de alarme por 15 dias, restringindo a circulação de pessoas. No último domingo, o governo declarou a intenção de estender o período por mais 15 dias - o que foi aprovado ontem pelo parlamento. "A gente está isolado há 13 dias, só saímos em necessidade de comida, ir ao mercado, e remédio", afirma Francisco Gomes, jogador profissional de pádel, que há 11 anos mora em Madrid, na Espanha. Natural de Porto Alegre, o atleta, de 38 anos, residiu em Pelotas desde a infância e costuma voltar ao Brasil durante o período de pausa, ao final da temporada da modalidade, entre dezembro e fevereiro. Neste ano, ele conta que retornou na metade de fevereiro, quando ainda não havia número elevado de casos no país europeu. "A gente escutava muitas notícias da Itália e já se assustava um pouco pela proximidade", lembra. O primeiro caso no país foi registrado em 31 de janeiro. A situação ficou mais grave próximo ao início de março, quando houve aumento no número de casos confirmados. Até o fechamento desta reportagem, chegava a 56.188 o número de pessoas infectadas com o vírus, no país, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com a grande quantidade de pessoas com a Covid-19, Gomes cita a alta demanda por respiradores no sistema de saúde espanhol. "Tiveram que conseguir até máscara de mergulho, e adaptaram no tubo do respirador, para poder atender mais gente", relata o atleta, citando casos mostrados por veículos espanhóis de imprensa. Além disso, conta que em alguns pavilhões de eventos, onde ele já disputou torneios de pádel, camas estão sendo colocadas, para atender casos mais leves da doença. Um centro de patinação no gelo também foi utilizado para abrigar os corpos de pessoas, devido à saturação da capacidade de atendimento das funerárias, que, segundo ele, entraram em colapso. "As pessoas têm o seu parente falecido e não podem se despedir da pessoa", lamenta. A demora do governo espanhol para a elaboração de medidas contra a disseminação do vírus é apontada por Gomes como uma das causas do aumento expressivo no número de casos no país.
Para proteger a família, o uso de máscaras e luvas, além da limpeza dos alimentos e produtos, está entre as medidas efetuadas pelo porto-alegrense, quando é necessária a compra de suprimentos em supermercados. Morando com a mulher e o filho Francisco, de dois anos, ele afirma que a criação de uma rotina, com horários definidos para atividades físicas ou refeições, pode contribuir para a manutenção da saúde mental durante o período de restrição. "Nós, acostumados sempre a sair de casa, a fazer coisas na rua o todo tempo, é bem difícil estar isolado em casa", afirma. Apesar disso, o atleta acredita que o isolamento é uma medida eficaz contra a propagação do coronavírus.
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