Começo
Um serviço ainda tímido
Usuários de Uber avaliam positivamente o aplicativo, mas reclamam do baixo número de motoristas
Gabriel Huth -
Faz pouco mais de duas semanas que a Uber começou a operar, timidamente, em Pelotas. O número de carros ainda é baixo e a demanda dos usuários é muito grande. Devido à pouca oferta, os taxistas afirmam que não sentiram queda no movimento durante o período. Porém, o Sindicato dos Taxistas (Sinditáxi) protocolou no Ministério Público uma representação pedindo a regulamentação dos aplicativos de transporte urbano.
A estudante Sasha Iacks afirma ter uma ótima experiência com a Uber. O valor foi o que mais lhe chamou atenção, pois pagou cerca de um terço do que costumava pagar ao táxi. Quanto ao tempo de espera pelo carro, ponto criticado por outros usuários, Sasha levou cerca de oito minutos para conseguir um motorista disponível. O condutor foi alvo de elogios. "Muito educado e gentil", avalia.
Outra usuária, que não quer ser identificada, conta que usou o aplicativo três vezes e achou maravilhoso. Também destacou o valor da corrida, metade do valor pago ao táxi, como um ponto positivo. Apesar de considerar o serviço melhor que o prestado pelos taxistas, reclama da dificuldade de conseguir um motorista disponível. "Já tentei usar de novo e não consegui", conta.
Para os motoristas, a Uber é uma opção para aumentar a renda familiar. Luís Renato Ribeiro, 55, dirige desde o primeiro dia em que o aplicativo começou a operar na cidade. A grande demanda compensa o baixo valor das corridas, explica. Segundo ele, os condutores que trabalham só com a Uber e conhecem bem a cidade estão conseguindo ganhar dinheiro. Apesar de ainda não ter feito um balanço do faturamento, acha que o aplicativo é mais rentável se comparado ao táxi.
Outro condutor, que não quis ser identificado, era motorista de ônibus e estava desempregado. O novo emprego vai ajudar no orçamento familiar. Ele trabalha o dia todo e conta que os horários com maior movimento são no início e no fim da manhã e da tarde, além da noite. Nesses momentos, o celular não para de apitar chamando para novas corridas. O segredo, segundo ele, é aceitar as mais próximas.
Apesar do sucesso, os taxistas não sentiram queda no movimento. A informação é de Luciano Borges Teixeira, diretor comercial da Radiotáxi Princesa. Segundo ele, a oferta de Uber em Pelotas ainda é baixa - estima que 15 motoristas estejam atuando no aplicativo. Além disso, conta que a maior parte dos clientes do táxi é fixa e não troca o serviço. O que os taxistas pedem é a regulamentação dos transportes urbanos não legalizados para a concorrência ser mais justa.
Regulamentação
A prefeita Paula Mascarenhas está esperando a Uber entrar em contato para saber mais sobre o serviço e regulamentá-lo. As cidades que tentaram proibir o aplicativo não tiveram sucesso, lembra. Por isso, a ideia é permitir o trabalho dos motoristas. Sobre a concorrência com os taxistas, a prefeita avalia como uma oportunidade de qualificar ambos os serviços. "Pensamos sempre no interesse da população", ressalta.
O Sinditáxi enviou, há um mês, uma representação ao Ministério Público pedindo a regulamentação de todos os aplicativos de transporte urbano. Eles entendem que estão em uma concorrência desleal porque os táxis pagam muitos impostos, taxas e vistorias. Outro ponto levantado é que os motoristas de aplicativos geralmente veem a profissão como um extra na renda. Diferentemente dos taxistas, que têm na função a sua fonte de renda principal. Pedem, também, a fiscalização do serviço pelos agentes públicos. O promotor André de Borba está analisando o caso. A expectativa, segundo ele, não é pedir proibição do serviço, mas a regulamentação do mesmo.
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