Transporte coletivo
Um solavanco e quatro passageiras feridas
Jovem de 24 anos fraturou a primeira vértebra da lombar e precisará de cirurgia
Jô Folha -
Sexta-feira, 23 de março. Cerca de 10h30min. Era para ser apenas mais um deslocamento de casa para o trabalho. O roteiro: Jardim América, no Capão do Leão, para Pelotas. O que a consultora de vendas Jéssica Mailand, 24, não imaginava era que o trajeto de ônibus acabaria em hospitalização, sem que sequer descesse do coletivo. E pior: a jovem precisará de cirurgia para se recuperar da fratura na primeira vértebra da lombar. Tudo para espantar o risco de o osso lesionar a medula e comprometer o movimento das pernas.
A indefinição de datas tanto para a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para o processo de recuperação angustia. O silêncio da empresa Santa Silvana causa indignação. "No momento que a gente sobe no ônibus, o motorista é responsável pela vida da gente. Eu tava indo trabalhar e agora tô aqui, numa cama, sem poder nem sentar", desabafa Jéssica, ao receber o Diário Popular, na ala São Paulo, onde está internada na Santa Casa de Misericórdia.
Como ocorreu
A consultora de vendas estava acomodada em um dos últimos bancos do ônibus, no assento próximo à janela. O local já era a avenida Duque de Caxias, próximo à nova sede do Banrisul. De repente, um solavanco jogou o corpo pra cima. Foi tudo muito rápido. Com a intensidade do impacto, Jéssica e a passageira do lado começaram a chorar. As dores eram muito fortes. E o veículo só parou depois de vários usuários dispararem reclamações.
Um outro coletivo foi chamado para transferência dos passageiros. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas com a chegada de apenas uma ambulância, a prioridade foi conduzir a usuária que havia batido a cabeça. As outras três passageiras foram levadas ao Pronto-Socorro no próprio ônibus, que desviou a rota.
De lá para cá, Jéssica - a única que permanece hospitalizada - só teve contato com representantes da empresa Santa Silvana na própria sexta-feira, 23, quando o motorista retornou ao PSP para pegar dados para o registro do Boletim de Ocorrência.
"No sábado ele retornou, mas falou apenas com a senhora que também fraturou uma vértebra. Comigo nunca mais falaram. Até o colete que estou usando teve que ser comprado pela minha família", lamenta a jovem. E admite: preocupa-se com a possível demora para realização do procedimento cirúrgico pelo SUS.
Sem resposta
O Diário Popular tentou contato com a empresa Santa Silvana, na tarde de ontem, mas ficou sem retorno. A informação foi de que somente o proprietário poderia se manifestar a respeito.
E a falta de sinalização?
A avenida Duque de Caxias permanece em obras. O trecho próximo ao Banrisul é um dos tantos que permanecia sem qualquer sinalização em 23 de março. Quem conta é Geovane Viega, que durante dois dias viu vários veículos saltarem o novo quebra-molas. "Os carros chegavam a tirar as quatro rodas do chão. Dava moto voando. Uma loucura. Vimos o acidente com o ônibus", lembra.
E lembra também que o quebra-molas foi instalado naquela mesma manhã do dia 23. Só à tardinha, teria surgido um cavalete. A pintura amarela, que serve de alerta, só foi feita dias depois. Placas de sinalização ainda não existem.
Ao conversar com o Diário Popular no início da noite de ontem, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Morales, que acompanha a revitalização da Duque, preferiu não se manifestar. Morales garantiu desconhecer o fato e argumentou que precisaria saber mais detalhes do episódio para poder se manifestar. "Não posso fazer nenhum juízo de valor, mas até o momento nenhuma outra situação nos chegou. Temos que apurar para saber se não houve nenhuma irregularidade do motorista em relação à velocidade", exemplifica o secretário.
Enquanto isso, Jéssica Mailand fica sem suporte. Nem do Poder Público. Nem da iniciativa privada.
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