De um lado da rua, a grade que delimita a fronteira com o parque, o teto baixo e as mesas pequenas, com os lápis de cor e as folhas com a figura do coelhinho da Páscoa. Do outro, o portão alto, imponente, os corredores sombrios, a escadaria de mármore e o pátio que separa o ambiente feminino do masculino. Do lado de cá da rua Doutor Amarante, encravado no parque Dom Antônio Zattera, o começo dos sonhos e de uma trajetória pela frente. Do lado de lá, a serenidade e a tranquilidade de quem encara com dignidade a etapa final. Dois mundos, de certa forma distintos, unidos pela tradição do doce. Perto da Páscoa, uma ação social promove a visita de alunos da pré-escola da Emei Ruth Blank ao Asilo de Mendigos, separados apenas por uma rua, mas também por várias gerações.

Os pais se apressam para deixar os filhos na porta da escola. No dia anterior, uma notícia deixou todos eufóricos nas pequenas e aconchegantes salas da Ruth Blank. Entre a pintura e o teatro, a quarta-feira (28) reservaria algo a mais para os jovens estudantes. É a quarta-feira da solidariedade e do respeito ao próximo. É o dia para ser coelhinho da Páscoa.

A atividade começa por volta das 14h. Pintar os coelhinhos impressos no papel. "Deixar ele bem feliz e colorido pra nos trazer chocolate amanhã", anuncia a professora. A pequena Yasmin quer o coelho com a orelha vermelha. Debruça-se sobre a mesa para alcançar o lápis. Antes de terminar a pintura, ela é chamada. É a vez dela virar coelho. Vermelho passa a ser o nariz de Yasmin, com os bigodes pretos e o rosto branco. Ela está pronta para a próxima etapa: levar a Páscoa ao outro lado da rua.

Com apenas cinco anos, Yasmin está junto com os colegas do Pré-2 diante do imponente portão. Lá dentro, enquanto assistem à televisão, os muitos avôs e avós não sabem a surpresa que está por vir. De mãos dadas, os pequenos coelhos sobem as escadas e caminham pelo corredor do Lar. Uma curva à esquerda e a Páscoa se inicia. De uma geração à outra, os biscoitos são entregues. O sorriso estampado e a agitação das crianças contagiam a serenidade e o rosto cansado dos mais velhos. O clima de solidariedade se concretiza: a missão é cumprida no encontro.

"Além da diversão. A alegria de serem pintados de coelhinho é também um momento para aprender sobre solidariedade e respeito ao próximo. Vai ao encontro com o que trabalhamos aqui na escola", avalia a diretora Márcia Vetromille Madrugada. Também com bigode, nariz e maquiagem de coelho, Rafaela Ourique festeja o entusiasmo das crianças. "A vida de professora é isso, temos que estar junto com os alunos. Eles ficam mais leves, o espírito de Páscoa é retomado." Presidente do Asilo, Beatriz Rosa Xavier comemora. "Estamos maravilhados. Esse contato dá vida para nós. Criança é tudo neste mundo."

A ação é uma iniciativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de divulgação do tema da Fenadoce 2018: Disseminar o mundo mais doce. Será feito um vídeo para a página do evento nas redes sociais. "Queremos multiplicar boas ações, seja nas escolas, no trânsito ou no trabalho", finaliza o gestor do CDL, Max Michels. Foram parceiros o Sesc e a Biscoitos Zezé.