Descarte de lixo

Uma cena que se repete em vários locais

Descarte irregular de materiais divide a opinião de moradores entre necessidade de conscientização e falta de locais adequados

Jô Folha -

Não é necessário percorrer muito por Pelotas para presenciar cenas de descarte irregular de lixo. São restos de obras, móveis antigos, galhos ou até mesmo resíduos domésticos deixados em terrenos baldios ou vias públicas. Para os moradores, o problema vai da ausência de mais ecopontos até a falta de conscientização da comunidade.

Atualmente, são quatro os locais destinados ao descarte desses materiais: os ecopontos da avenida Juscelino Kubitscheck, Laranjal, Balsa e Cerquinha. No entanto, outras regiões como as Três Vendas, na Zona Norte, permanecem desassistidas. Coordenadora do curso de Gestão Ambiental da UFPel, Fernanda Medeiros diz que a prática do "livrar-se", precisa ser substituída pela do "responsabilizar-se". Para ela, a sensibilização ambiental só ocorre quando o resíduo descartado afeta o bem-estar do indivíduo e a interferência visual acaba motivando o questionamento sobre o material que não possui mais serventia.

A professora ainda diz que os instrumentos de gestão ambiental instituídos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos estão sendo aplicados pelos órgãos públicos, mas que a percepção e a prática individual ainda são tímidas ou equivocadas. "A queima do lixo doméstico, por exemplo, ainda é uma prática comum em locais mais afastados dos centros urbanos e passível de punição conforme a Lei de Crimes Ambientais, pois, além de emitir poluentes expõe habitações locais, flora e fauna ao risco de incêndios", comenta.

Moradores apontam problemas

Na rua Raul Pompéia, entre as ruas São Geraldo e São João, no bairro Santa Terezinha, há um problema histórico de descarte irregular. O porteiro Geovane Tarouco, 63, relata que a situação piorou nos últimos dez anos após moradores começarem a deixar materiais como restos de móveis. "O pessoal é muito porco. Não se contentam em colocar o lixo na rua e ainda jogam na valeta, chega dia de chuva alaga tudo", comenta. Para Tarouco, nem a implantação de um ecoponto resolveria o problema, que se repete também em outros locais, mesmo com a prefeitura fazendo recolhimento em média a cada 15 dias. A equipe de reportagem do Diário Popular esteve no local na sexta-feira e o trabalho de limpeza havia sido realizado há dois dias, mas já haviam materiais deixados. "Não é relaxamento da Prefeitura, é do próprio pessoal", avalia.

Em outro ponto da Zona Norte, na avenida Zeferino Costa, nem o pedido de "cuide do bairro" pintado no muro impediu o acúmulo de lixo. Moradora do local há 32 anos, Sônia Maria Siqueira, 46, diz que essa situação já se repete há muito. "A caçamba vem, limpa e no outro dia já tem colchão, sofá. Às vezes tem gente que dorme demais, o lixeiro passa, esquece de botar o lixo e manda as crianças irem atirar ali", comenta. Porém, acredita que um ecoponto poderia contribuir para o cuidado com a rua. "Eu acho que ajudaria muito se eles botassem, pois daí as pessoas iam botar o lixo lá."

Sem previsão de novos ecopontos

Em Pelotas, os ecopontos são gerenciados pelo Sanep, que afirma não ter previsão de ampliação. A autarquia diz, em nota, que trabalha na conscientização sobre a importância do descarte correto e que durante a limpeza de canais de drenagem e bueiros "não é pouca a quantidade de resíduos recolhidos pelas equipes" e que inclusive já foi realizada uma exposição do material retirado. Entre as ações também é disponibilizado material orientativo nas redes sociais e no site do Sanep.

Já o recolhimento de materiais descartados irregularmente é realizado pela Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (SSUI). "A população precisa ter consciência de que o tempo e os recursos investidos para reduzir os reflexos do descarte incorreto do lixo poderiam ser utilizados em outras coisas que beneficiariam os cidadãos, como a reforma dos brinquedos das praças públicas, que também é executada pelos servidores do município", explica o titular da pasta, Fábio Suanes. Conforme a prefeitura, são realizadas ações educativas como o projeto Floresta de Bairro, em conjunto entre as secretarias de Qualidade Ambiental e SSUI, que transformam locais utilizados para o descarte irregular em espaços para o convívio coletivo, com o plantio de árvores e a instalação de brinquedos.

Uma vez por mês o município também promove o Dia do Bota-fora. Porém, segundo Suanes, aumentar a frequência não resolveria o problema porque, avalia, "é uma responsabilidade da população que precisa ser mais consciente dos impactos que gera para o meio ambiente e até para a saúde".

Como se desfazer de materiais

Caso o cidadão não tiver condições financeiras ou meio de transporte para levar os materiais a um ecoponto, há a opção de coleta domiciliar, com agendamento pelos telefones (53) 3229-1401 e 3283-1129.

Ecopontos em Pelotas

Ecoponto JK - Avenida Juscelino Kubitschek, 3.195

Ecoponto Laranjal - Rua Bom Jesus, 95, no Balneário Valverde

Ecoponto Balsa - Rua Paulo Guilayn, 201

Ecoponto Cerquinha - Rua Engenheiro Hugo Veiga, 155

*De segunda a sábado, das 8h às 12h e das 13h às 17h

 

 

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