Oportunidade
Uma chance de recomeçar
Apenados em monitoramento eletrônico em Pelotas participam de curso que possibilita o aprendizado da profissão de garçom
Paulo Rossi -
Por Daniel Batista - [email protected]
(Estagiário sob supervisão de Débora Borba)
Desde a última segunda-feira, 15 apenados em monitoramento eletrônico em Pelotas dispõem da oportunidade de aprender uma nova profissão. Uma parceria entre a Susepe e a Vara de Execução Criminal (VEC) Regional da Comarca de Pelotas possibilitou a realização de um curso ofertado pelo Senac que ensinará aos apenados as práticas profissionais de garçom. Com carga horária de 20 horas, o curso é realizado no período noturno, e tem previsão de encerramento no próximo dia 17.
O juiz da VEC, Marcelo Malizia Cabral, explica que o trabalho é desenvolvido com apenados que já estão próximos de obterem liberdade e que não contam com uma profissão. Por isso, o momento de oferta do curso seria ideal, proporcionando a oportunidade de um recomeço após o cumprimento da pena. “As pessoas erram, mas devem ter a oportunidade de recomeçar”, destaca Cabral. Segundo ele, o curso é custeado com recursos de multas pagas por pessoas que cometeram crimes, que são utilizados para atividades de prevenção e repressão à violência.
O coordenador do Instituto Penal de Monitoramento Eletrônico da 5ª Região Penitenciária, Antônio Wiener, afirma que a ideia já se fazia presente há bastante tempo. Com isso, a partir de um contato com a Delegacia Penitenciária da 5ª Região, houve a mediação da proposta para a VEC da Comarca de Pelotas. “Um dos intuitos é o de reinserir o apenado de forma mais competitiva para o mercado de trabalho”, afirma. A princípio, 25 vagas foram abertas, mas dez apenados selecionados não puderam comparecer. Conforme Wiener, esta primeira edição funcionará de forma piloto, como teste para a elaboração de outros cursos. Para o início do próximo ano, há a previsão de que outros três sejam ofertados, em áreas de barbearia, construção civil - como azulejista e eletricista - e alimentícia - como confecção de doces e salgados. “Um desses poderá ser feito em Rio Grande”, projeta Antônio, salientando que detalhes ainda serão definidos. Em Pelotas, 111 apenados são monitorados. Na 5ª Região Penitenciária o número chega a 302.
Chance para ressocialização
“Já aprendi como segurar a bandeja, como colocar os talheres”, cita um dos alunos participantes do curso. Para ele, que já trabalhou como auxiliar de serviços gerais e atualmente também integra o programa Mão de Obra Prisional (MOP), o aprendizado da profissão representa uma boa oportunidade para retornar ao mercado de trabalho. “Já tenho o interesse de também fazer outros cursos”, afirma.
Glaci Andreoli, facilitadora de soluções coorporativas do Senac, assegura que todos são assíduos e garante: dois já foram chamados por um professor para trabalhar em um evento. Na aula de ontem, as questões foram mais práticas, como a forma de colocar a mesa. Entre as dúvidas dos alunos, o tempo de cada serviço e o valor a ser cobrado.
“Conclamo para que acolham essas pessoas”, reforça Cabral. Ele ressalta a importância da participação da sociedade no processo de reinserção dos apenados. Dessa forma, os interessados em contar com a mão de obra dos profissionais podem obter mais informações na VEC, localizada na avenida Ferreira Viana, 1.134. O contato também pode ser feito com o Instituto Penal de Monitoramento, pelo telefone (53) 98404-5317.
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