Satisfação
Uma doação de esperança
Mulher diagnosticada com câncer de mama doa cabelos e faz alerta para os cuidados preventivos
“Eu tive a chance de ajudar outras pessoas”. É assim que Taís Silva, de 42 anos, começou a contar a sua história - e sua vitória - com o câncer de mama. A servidora municipal foi diagnosticada com a doença em agosto do ano passado e depois da segunda sessão de quimioterapia decidiu enfrentar o que mais temia: a queda dos cabelos. Antes mesmo da principal consequência do tratamento aparecer, ela decidiu cortar os fios e doá-los à campanha “Cabelos de Aço’’, idealizada pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul (BM-RS).
O diagnóstico, mesmo que precoce, não foi um dos melhores. O tumor era um dos mais agressivos. Por isso, o tratamento não passaria despercebido e a perda dos cabelos era uma certeza. Foi a partir desse momento que Taís resolveu “antecipar” o novo visual. “Na segunda sessão de quimio eu já comecei a perder o cabelo e resolvi cortar”, conta, falando que, na época, lembrou que uma vizinha teria feito uma publicação em uma rede social sobre a doação das mechas. “Na hora eu já a chamei para saber onde eu poderia entregar e assim conheci a Cabelos de Aço”.
A servidora entrou em contato com a BM do município e na mesma semana uma equipe foi até o Sítio Floresta, local onde mora, para recolher a doação. E não foi só ela que resolveu ajudar quem precisa. A filha Antônia, com apenas sete anos na época, também seguiu o exemplo da mãe e, junto com ela, cortou os cabelos e entregou à campanha. Taís não nega que imaginava que ficar careca seria a pior parte do tratamento, mas foi surpreendida. De acordo com ela, os lenços e turbantes não faltaram, mas a decisão foi por assumir o novo visual. “Eu não usei nada. Eu ia para todos lugares com a minha careca de fora”, recorda.
Depois de altos e baixos, mas de uma boa resposta ao tratamento, a notícia mais aguardada chegou em setembro deste ano: a última sessão de quimioterapia e nenhum vestígio do câncer no corpo. Agora, Taís segue usando medicamentos orais e injeções até poder se considerar integralmente curada.
Para aqueles que estão recém iniciando essa batalha, ela deixa um recado. “Eu fui abençoada pelo diagnóstico precoce. Cuidem-se, acreditem no SUS e tenham muita vontade de viver”.
Campanha Cabelos de Aço
A ação é promovida pela BM desde 2019. A ideia surgiu através de policiais mulheres em Porto Alegre e, a partir disso, se espalhou para todo o Rio Grande do Sul. Em Pelotas, somente neste ano já foram arrecadadas mais de 900 mechas de cabelo. As doações são entregues à Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) e depois encaminhadas à ONG Fios de Luz, em Minas Gerais. Lá, as perucas são confeccionadas e retornam para as regiões de atendimento da Aapecan.
Quem deseja contribuir com a campanha pode levar as mechas no 4º Batalhão de Polícia Militar, localizado na rua Almirante Barroso, 3.207, das 12h30min às 18h, ou ligar para o quartel, para que uma equipe busque a doação. A campanha é estadual, ou seja, quem não mora na Zona Sul pode participar em qualquer quartel do RS.
A palavra do especialista
O médico mastologista José Pedro Laydner explica que o autoexame e o diagnóstico precoce são as ferramentas mais potentes para vencer o câncer de mama. Todas as mulheres a partir dos 40 anos devem fazer a mamografia anualmente e as que possuem histórico da doença na família devem iniciar a rotina de exames aos 35. “O diagnóstico precoce acontece primeiro pelo autoexame e depois pela mamografia. Quanto menor o tumor, mais chances de cura e de preservação da mama”, resume.
Outro ponto destacado pelo médico são maneiras de diminuir a chance dos tumores aparecerem. “Dieta balanceada, eliminando açúcares e na base de carnes magras, cereais, verduras e legumes e mais a prática de exercício físico”, diz, explicando que a obesidade aumenta as chances de tumor nas mamas. Sobre o autoexame, Laydner relata que ele deve ser feito, preferencialmente, uma vez por mês, após a menstruação. Além disso, é importante prestar atenção nos sinais, como manchas, retração da pele e liberação de líquido espontâneo pelo mamilo. “Se todas fizerem isso, diminuiremos bastante a incidência do câncer”.
Ações do município
Neste mês de conscientização, Pelotas articula uma série de ações estratégicas, com o objetivo de divulgar informações e incentivar a prevenção e diagnóstico precoce da doença. A programação para o Outubro Rosa prevê diferentes atividades nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além de mutirões para realização de mamografias. Dentre as atividades previstas, está a distribuição da Caderneta da Mulher Pelotense, laços de fita rosa e panfletos informativos nas UBSs, com orientações sobre a prevenção do câncer de mama e de colo do útero, além de infecções sexualmente transmissíveis.
Em outubro, cada UBS terá sua programação específica, com diferentes ações articuladas. Na unidade do Fátima, por exemplo, os profissionais irão organizar uma sala de espera com orientações e prevenção. Já a Bom Jesus promove um aulão de zumba, no dia 27, às 14h, no Clube dos Subtenentes e Sargentos de Pelotas, na rua Félix da Cunha, 504. Na quarta-feira (20), ocorre o ‘Dia D’ na UBS Getúlio Vargas. Essa ação irá oferecer às mulheres que se deslocarem até lá orientações quanto aos direitos básicos femininos, além de serviços de beleza, com cabeleireira, e alimentação.
Sobre as mamografias, a prefeitura informa que, em parceria com hospitais da cidade, está promovendo mutirões para realização dos exames. No Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), serão feitos, por meio dessas ações, 75 exames no mês de outubro. Somados a esse número, estão contratados 700 exames pela rede pública de saúde. O município possui uma demanda reprimida de 2.184 mamografias desde o início da pandemia.
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