Essencial

Uma nova forma para manter o atendimento

Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura trabalha estratégias para garantir continuidade dos serviços

Reprodução -

O isolamento social imposto pelo novo coronavírus forçou o Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura a pensar maneiras de dar continuidade aos atendimentos. O grande desafio era adaptar os trabalhos voltados para as crianças. Se antes da quarentena, as atividades eram pensadas para proporcionar a convivência social com outras pessoas, a missão neste momento de pandemia é seguir com estes estímulos, mas em um ambiente no qual as crianças estão isoladas em casa. Contexto que exigiu mudanças na forma como o Centro repassava os conteúdos, que desde o começo da quarentena, têm sido apresentados de forma online.

O Centro trabalha com cerca de 450 crianças. Antes da paralisação, havia a possibilidade de expansão com a chegada de novos profissionais. Entretanto, o vírus trouxe a obrigatoriedade da suspensão dos atendimentos presenciais para evitar contaminação. Com o objetivo de minimizar os prejuízos da falta das atividades, a diretoria da instituição se antecipou. Um mapeamento dos alunos que possuem acesso à internet foi realizado. A partir deste dado, um material audiovisual foi desenvolvido para as crianças seguirem com o desenvolvimento semelhante das ações que faziam no local. “Fizemos vídeos com orientações para as mães e enviamos atividades sem a obrigatoriedade de execução, mas que possibilitasse aos alunos seguir em contato com o Centro, ainda que de forma online. Nosso objetivo é seguir estimulando os alunos com materiais lúdicos que trabalharíamos presencialmente, só que em casa de um jeito mais simples.”, explicou a diretora do Centro, Débora Jacks. Entre os vídeos gravados, estão atividades como dança, hora do conto, instruções de como fazer gelatina, além de shows de mágica e outras possibilidades.

Segundo a diretora, uma das principais dificuldades em um primeiro momento foi fazer as crianças compreenderem o isolamento social. Para as famílias que tiveram dificuldades, aconteceram atendimentos via WhatsApp, com o objetivo de dar suporte neste momento complicado para todos. “Nós orientamos os pais para que estruturassem uma nova rotina para os filhos, buscassem dar essa segurança. Até mesmo o adulto autista tem essas ansiedades, que ficam ainda mais fortes nesta quarentena que tem se estendido”, conta a diretora. Para o dia das mães, um vídeo especial com um grupo de familiares das crianças atendidas pela instituição também foi gravado como forma de homenagem.

Entre as principais adversidades, a conscientização de que não poderiam frequentar o Centro normalmente esteve presente na vida de muitos dos atendidos. É o caso do Pedro, de 17 anos, filho da professora aposentada Karen Scheer. Ele concluiu o ensino fundamental no Colégio Fernando Osório e iniciou o ensino médio no Colégio Municipal Pelotense neste ano. Comparecia às aulas pela manhã e participava dos atendimentos à tarde no Centro. Com a interrupção, a mãe relatou uma mudança muito brusca na rotina do filho e destacou que ele sente falta dos atendimentos. “Ele era bastante ativo, participava das atividades, das aulas no Pelotense e também da orquestra municipal. No começo, ele demorou um pouco a entender que não poderia sair. Eu criei uma nova rotina para ele e ele assimilou melhor, mas foi bastante difícil no início”, conta a mãe.

Para ajudar o filho a ter uma compreensão melhor da pandemia, Karen recorreu ao jornalismo. Ela afirma estar bastante conectada às notícias que saem diariamente sobre o vírus para poder explicar para Pedro os motivos que o impossibilitam de ir até o Centro. “Ele tem um entendimento bom da realidade. Ele achava que as aulas voltariam em maio, aí eu mostro para ele notícias no jornal, na televisão, de que o vírus ainda está presente e que ainda não dá para retornar”, relata a mãe.

Por outro lado, o pequeno Valentim, de seis anos, filho da técnica de enfermagem, Luciana Vergara, tem vivido a quarentena de uma maneira diferente. Mesmo dentro de casa, a criança tem dado boa resposta às atividades e curtido o período da quarentena. “Ele gosta muito das atividades, apesar de serem dentro de casa. Ele se sente seguro, aceitou bem a proposta. Nem percebeu que estamos isolados, que não saímos de casa há muito tempo e aceitou numa boa. Tá sendo super tranquilo”, aponta Luciana.

A técnica de enfermagem ainda destaca que o filho não tem tido o anseio de sair para rua e se porta de maneira tranquila. Ela também conta que tem sido muito bom passar mais tempo com o filho. “Algumas mães têm relatado dificuldade, mas não é o caso do Valentim. Ele brinca em casa e é muito poder ficar mais tempo com ele. Algumas crianças autistas possuem restrições alimentares e dá para preparar um almoço com mais carinho, mais especial para ele. Isso tem sido muito motivador”, reconhece.

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