Aniversário
Uma vida dedicada à cura das pessoas
Reconhecida por ajudar as comunidades através da fitoterapia, irmã Assunta festeja os 96 anos
Paulo Rossi -
Por Rafaela Rosa - [email protected] (estagiária sob supervisão de Débora Borba)
Há 55 anos, Marculina Tacca, mais conhecida como Irmã Assunta, tem uma missão: cuidar de todos através das ervas medicinais. No dia em que completa 96 anos, ela garante que não faz nada mais do que seguir os passos de Jesus Cristo. Reconhecida por curar o corpo e a alma, ela segue com a rotina de atendimentos e com uma disposição invejável.
O envolvimento com o mundo fitoterápico começou cedo. Com apenas sete anos, ela ajudava sua mãe a cuidar do próximo através dos conhecimentos adquiridos com a própria genitora. Mais tarde, seguiu os ensinamentos na região Norte do país, onde trabalhava em missões. Os estudos religiosos se iniciaram em 1949, na congregação do Imaculado Coração de Maria, em Porto Alegre. Desde aquela época a certeza que queria dedicar sua vida em prol dos que mais precisam já era nítida. “São meus irmãos, não posso ver eles sofrerem”, diz.
Filha de Ivorá, município próximo de Santa Maria, a mudança para Pelotas ocorreu em 1965. Nessa mesma época, os atendimentos começaram inicialmente na comunidade Santa Rita de Cássia. Por lá, o primeiro curso de fitoterapia aconteceu e o pedido da religiosa foi um só: “Não estou ministrando curso para ficar engavetado, quero que propaguem os conhecimentos”, pediu. E ali começaram os tradicionais cursos da Irmã Assunta. Até hoje esta prática segue e cerca de três edições por ano ainda ocorrem na Casa do Caminho, local idealizado pela Irmã, que funciona desde o início dos anos 1990 e também onde ela atende terças e sextas-feiras à tarde. Além de Pelotas, a religiosa segue viajando para disseminar seus conhecimentos e recentemente Santa Maria e Montevidéu receberam edições das formações.
Os atendimentos
Sobre os atendimentos, Assunta revela que não há paradas. “As doenças não folgam”, comenta. Em Pelotas, além da Casa do Caminho, ela atende em dez comunidades, sendo uma evangélica. Para a religiosa, não importa cor, credo nem partido. No interior do município, os atendimentos podem ser encontrados na Colônia Maciel. Em Canguçu, nas comunidades da Coxilha dos Campos e também em Rio Grande. Quando está no interior, conta que passa o dia se dedicando para aquele povo. “Não é só dar um remédio.” Aos domingos, gosta de visitar os doentes e ver de perto a evolução de cada um.
Quem chega na Casa do Caminho para ser atendido pela irmã se depara com uma sala simples, mas cheia de sabedoria. Atrás de uma mesa, ela não começa nenhuma consulta sem oração. Após, um momento de troca é iniciado e os desabafos sobre dores, machucados e problemas começam. Cada atendimento é único e a homeopatia pode ser feita especificamente a cada pessoa. “É feita de acordo com o problema de cada um”, explica. Semanalmente, somente ali, cerca de 40 pessoas são atendidas pela religiosa. Além disso, a casa conta com cerca de 60 voluntários, responsáveis pela sala onde são preparadas as tinturas-mãe, plantas, jardins e outros serviços oferecidos, como massoterapia e reiki.
Parceira de Assunta desde 2015, Silvana Lopes, 51, já conhecia o serviço prestado há muitos anos, mas foi na procura por um local para prestar trabalho voluntário que conheceu melhor a história da irmã e da Casa do Caminho. Por lá, fez os cursos de reiki e fitoterapia e começou a trabalhar na horta. Em 2016 descobriu um câncer de mama, e afirma que a vontade de lutar contra a doença só veio depois de ouvir a seguinte frase da Irmã: “Esse câncer não é teu”. A partir dali, ela começou a acreditar que a cura seria possível e num conjunto de radioterapia e homeopatia a batalha foi vencida.
O que pode gerar espantos para alguns é o fato de Silvana seguir a doutrina espírita, mas para ambas isso não é problema. Sobre a convivência com a religiosa, ela exalta as qualidades de Assunta. “Ela sempre tem uma palavra de esperança às pessoas.” Quando a irmã não está na cidade, quem realiza os atendimentos no seu lugar é ela. Como acompanhou por muito tempo os ensinamentos e tem os cursos necessários, a voluntária está apta para a função.
Quem esteve lá para realizar o primeiro atendimento foi a aposentada Maria da Graça, 66. Ela já conhecia o trabalho, mas resolveu procurar pelo serviço depois de sentir dores fortes no corpo. “Como aumentaram e os remédios não estão funcionando muito bem, eu vim aqui”, disse à reportagem na última sexta-feira, feliz depois do atendimento.
A rotina
A disposição e a lucidez são inversamente proporcionais à idade. O horário de acordar é às 4h. Para sair do quarto, há duas condições: banho tomado e cama arrumada. Depois disso, vai até a capela para iniciar as orações. Logo após, vem o café da manhã. Então, o deslocamento para os locais de atendimentos se inicia e finalmente o dia começa. Com hábitos saudáveis, a ingestão de carne é praticamente nula e um belo prato de salada recheado com folhosas amargas faz parte do seu almoço. “Depois é um pouquinho de comida quente”, brinca.
Para comemorar
Como a Casa do Caminho vive exclusivamente de doações, para custear a manutenção do local, os voluntários precisam achar alternativas. Uma delas é comemorar o aniversário da idealizadora do local. Por isso, dia 22, a partir das 12h, no salão da Igreja São Cristóvão, ocorrerá um almoço para comemorar os 96 anos de vida da Irmã Assunta. O cardápio será galeto, saladas e arroz. Os convites, no valor de R$ 25,00, podem ser adquiridos na Casa do Caminho, na rua Zeferino Costa, 129.
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